PT da Bélgica salta de 8 para 42 parlamentares
O Partido do Trabalho da Bélgica (PTB), organização marxista-leninista fundada pelo falecido historiador Ludo Martens em 1979, conquistou uma grande vitória nas eleições da Bélgica do último dia 26 de maio sendo o partido que mais cresce no país. O PTB é um dos poucos partidos nacionais da Bélgica, pois a maior parte dos outros partidos são ou flamengos ou francófonos. A organização que se apresenta como propagandista do “comunismo do nosso tempo”, usa duas siglas: PTB para a Bélgica francófona (Parti du Travail de Belgique) e PVDA em flamengo (Partij Van De Arbeid van België). O PTB, que integra o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO), enviou um comunicado sobre seu desempenho eleitoral que publicamos com tradução da redação do i21.
PTB obtém excelentes resultados nas eleições federais, regionais e europeias
Depois de uma campanha fenomenal e social, o Partido do Trabalho da Bélgica (PTB) confirmou o seu progresso em todo o país, com resultados que variam de 6,6% em Flandres a mais de 12% em Bruxelas e 13,5% na Valônia. A verdadeira esquerda envia 12 deputados para o Parlamento Federal, 1 deputado para o Parlamento Europeu, 11 deputados para o Parlamento de Bruxelas, 4 deputados para o Parlamento Flamengo e 10 deputados para o Parlamento da Valônia. Além disso, o PTB terá 4 senadores. Portanto, o número de parlamentares do PTB aumenta de 8 para 42. No âmbito nacional, o PTB tornou-se o quinto maior partido entre os 12 partidos com deputados.
Em seu discurso da vitória em Antuérpia, Peter Mertens, presidente do PTB disse, citando Bertolt Brecht: “Quem luta pode perder, quem não luta já perdeu”. Nós lutamos. Como Davi contra Golias. As pessoas bem pagas disseram que Golias venceria. Eles disseram que enterrariam David. Eles disseram que em Flandres isso não aconteceria. Bem, não, não, não. Nós somos David. Lutamos e vencemos!”.
“Depois dos dois assentos no parlamento federal conquistados em 2014, com Raoul Hedebouw e Marco Van Hees, é a primeira vez que o PTB envia deputados para o parlamento federal a partir de Flandres, onde a conjuntura é muito mais favorável à direita do que na Valônia”.
Continua Peter Mertens: “Durante esta campanha, o PTB impôs o debate sobre temas de interesse para as pessoas: 6% de IVA (1) sobre energia, transporte público gratuito, custos de assistência médica, a injustiça fiscal. Trabalhando mais tempo, as pessoas estão cansadas. Cansadas de um trabalho mais precário. As pessoas estão fartas de uma sociedade em que os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres”.
“Mas também temos que enfrentar a ascensão da extrema-direita, com Vlaams Belang em segundo lugar em Flandres, onde ele triplica seu voto e obtém 18,5% no norte da Bélgica. A ascensão da extrema-direita deve obrigar todos os partidos tradicionais para uma reflexão. Eles têm uma responsabilidade importante, e repetiram que o N-VA (o maior partido, nacionalista flamengo e de direita) era uma barreira contra a extrema-direita, mas na verdade é uma ponte para ela! A extrema-direita divide o povo, espalha o ódio. Nós, a verdadeira esquerda, estamos lutando pela solidariedade, pela união dos trabalhadores. Nossa Previdência Social é unida, nosso país permanece unido e o PTB está unido, a extrema-direita não tem nada a oferecer ao povo. Cabe a nós demonstrarmos: o fascismo não passará!”.
Raoul Hedebouw, porta-voz nacional e deputado federal do PTB, fala de “um grande e brilhante avanço vermelho em 26 de maio”. Ele acrescentou: “Precisamos de uma ruptura real para a justiça social e fiscal, este é um sinal importante para todos os partidos tradicionais, mas o que vemos? Nenhum deles está se questionando”.
Pela primeira vez em sua história, o PTB enviará um representante eleito ao Parlamento Europeu: Marc Botenga, com 14,5% dos votos do eleitorado francófono. Ele parabenizou todos aqueles que “introduziram a esquerda que atua em todos os lugares, nas empresas, nos bairros. Agora temos uma locomotiva à esquerda que será capaz de mover as linhas também a nível europeu, a esquerda real será necessária para oferecer uma alternativa para a extrema-direita e as políticas de Macron ou Merkel, que abre o caminho para a extrema-direita com a sua Europa de competição, austeridade e dinheiro”.
O Partido do Trabalho da Bélgica considera que realizou a melhor campanha eleitoral de sua história. O presidente do partido, Peter Mertens, disse na Antuérpia : “que dinâmica, que entusiasmo, que compromisso! E eu gostaria de começar aplaudindo todos os voluntários e militantes que trabalharam em todas as províncias, muitas vezes nas sombras, muitas vezes em circunstâncias difíceis, são pessoas que fazem a diferença, pessoas comuns, pessoas extraordinárias que agem juntas … Nós só podemos fazer isso juntos, juntos temos um mundo a ganhar! ”
1 – IVA – Imposto Sobre Valor Agregado, tributo cobrado na Europa. O PTB defendeu que a taxa sobre o gasto com energia diminua de 21% para 6%.