Mentir, roubar e matar para enriquecer – Os “valores” imperialistas
Enquanto os EUA se afundam na crise do Covid-19 e o seu povo se insurge nas ruas contra décadas de crescente miséria, violência policial sem limites e discriminação racial, a política externa de Trump procura a todo o custo um conflito de grandes proporções para travar o declínio dos EUA.
Por Jorge Cadima*
A política dos EUA é, desde há muito, uma permanente demonstração de força bruta e ilegalidade. Hoje faz lembrar a Alemanha Nazi nas vésperas da II Guerra Mundial.
Falando na Biblioteca Nixon sobre “A China comunista e o futuro do mundo livre” (23.7.20), Pompeo confessa que a política dos EUA face à China no último meio século visava a subversão, mas fracassou: “o relacionamento que visávamos não trouxe o tipo de mudanças no seio da China que o Presidente Nixon esperava induzir”. Após décadas a afirmar que a China progredia porque se tinha convertido ao capitalismo, mudam de ideias: “talvez tenhamos sido ingênuos sobre a virulência da estirpe de comunismo da China” diz Pompeo. “Temos de manter presente que o [PC da China] é um regime marxista-leninista. […] A América não pode continuar a ignorar as diferenças políticas e ideológicas fundamentais entre os nossos países, tal como o PCC nunca as ignorou”. Irado com os êxitos da China, Pompeo entra em delírio. Faz parte do governo que mais tratados internacionais rasgou, mas proclama: “Pequim ameaça os acordos internacionais”. As forças armadas dos EUA estão, às centenas de milhar, em bases espalhadas por todos os continentes, mas Pompeo vê um “império chinês”. Os EUA atacam quase todos os países e as suas empresas – mesmo de aliados – confiscam os bens da Venezuela, assaltam as propriedades diplomáticas da Rússia, Venezuela e China, mas Pompeo declara: “estou esperançado porque o PCC repete alguns dos erros cometidos pela União Soviética – alienando potenciais aliados, quebrando a confiança dentro e fora do país, rejeitando os direitos de propriedade e o Estado de Direito”. Afirma: “se há algo que aprendi, é que os comunistas mentem quase sempre”. Mas foi Pompeo que, na Universidade A&M do Texas (15.4.19), declarou para grande gáudio da sua assistência: “Fui Diretor da CIA. Mentíamos, vigarizávamos, roubávamos. Tínhamos cursos de formação inteiros sobre isso”. E após os risos e aplausos da assistência acrescentou em tom sério: “Isso faz-nos refletir sobre a glória da experiência americana”!
Alguém pode pensar que Michael “minto, vigarizo, roubo” Pompeo precisa dum espelho. Mas o problema é mais fundo. Esta é a face eterna das potências imperialistas: mentir, roubar … e matar para enriquecer. Pompeo e todos os imperialistas têm saudades dos tempos em que a China era um país prostrado pelo ópio que o Império Britânico para lá traficava em larga escala, a partir da sua colônia indiana e que em meados do Século XIX representava 15% das receitas coloniais e 31% das exportações da Índia (Chossudovski, globalresearch.ca, 25.6.20). Após duas Guerras do Ópio para defender essa “liberdade comercial”, nas “concessões” coloniais arrancadas pelas potências imperialistas à China, afixavam-se cartazes proibindo a entrada nos jardins “a cães e chineses” (e por essa ordem…). A pilhagem foi sempre o único “valor ocidental”. E o ataque à China continuará, qualquer que seja o resultado das eleições presidenciais nos EUA.
* Membro da Seção Internacional do Partido Comunista Português (PCP)
Fonte: Avante!