Solidariedade

Eleições: Conselho da Paz dos EUA enfatiza ameaças persistentes do imperialismo

Nesta terça-feira (3) de eleições dos EUA, divulgamos parte da análise compartilhada pelo Conselho da Paz dos Estados Unidos (USPC) na Reunião da Região América do Conselho Mundial da Paz, em outubro. O foco incide sobre a batalha eleitoral e a gestão de Donald Trump, mas ressalta a persistência estrutural da agressividade da política imperialista e neoliberal. A TV Cebrapaz entrevistará os pacifistas estadunidenses para avaliar os resultados eleitorais e as expectativas da luta anti-imperialista.

“Desde o ataque de 11 de setembro de 2001 a Nova Iorque, líderes do complexo industrial-militar estadunidense colocaram a maquinaria de guerra do império a todo vapor, atacando —à guisa de uma infindável ‘guerra ao terror’, a defesa da democracia e a responsabilidade de proteger— um país após o outro, levando a morte e a destruição a muitos países, especialmente os da América Latina e o Oriente Médio”, afirmou o secretário executivo do USPC, Bahman Azad, em sua contribuição à Reunião da Região América do CMP, realizada virtualmente em 14 de outubro.

Faixa indaga: “Como está a economia da guerra servindo você?”

“Agora, graças ao governo Trump, a agressão do imperialismo foi extenuada”, afirma Azad, listando ” as infindáveis guerras no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria, e a contínua brutalização do povo da Palestina, […] suplementadas por simultâneas ameaças de guerra e intentos de forçar uma mudança de regime contra vários outros países —mais recentemente, na Bolívia; pela expansão da guerra econômica estadunidense através da imposição de sanções ilegais e anti-humanas contra Cuba, Venezuela, Nicarágua, Síria e Irã, que já resultaram na morte de 40 mil pessoas e ameaça as vidas de mais 300 mil pessoas apenas na Venezuela; a retirada [estadunidense] dos tratados sobre mísseis e [programas] nucleares com a Rússia e o Irã; a criação de uma catástrofe humanitária no Iêmen; o envio de mais navios de guerra e tropas estadunidenses ao Mediterrâneo e o Golfo Pérsico; expansão do alcance da máquina de guerra global dos EUA, a OTAN, à América Latina; o início de uma guerra econômica e fria com a China; e elevando as tensões com a Rússia.”

E mais, continua: “um orçamento militar e de guerra de trilhões de dólares financia o projeto do império de ‘domínio de espectro completo’ para todo o mundo, sobre o qual todos os políticos e candidatos presidenciais estadunidenses, à exceção de um ou dois, guardam absoluto silêncio.”

“Sem justiça, sem paz”, diz o cartaz visto com frequência nos protestos massivos nos EUA

Azad ainda denunciou os impactos das décadas de políticas neoliberais traduzidos em massivo empobrecimento, em crise sanitária e em desastres ambientais à escala global, o que evidencia “o fato de que o império está empurrando o mundo a uma perigosíssima catástrofe militar, econômica, ambiental e econômica”; por isso, são necessárias “medidas extraordinárias do movimento global da paz se formos impedir um desastre irreversível”.

Para Azad, a pandemia de Covid-19 “abre os olhos dos trabalhadores, especialmente nos Estados Unidos, para as lacunas e as fraquezas do sistema capitalista/imperialista e sua incapacidade de cumprir com as necessidades humanas mais fundamentais e básicas”, o que se averigua nas massivas manifestações que se espalham pelos EUA em repúdio à brutalidade policial e o racismo das políticas econômicas neoliberais. “Mas isto é, de fato, apenas a ponta do iceberg,” continua: “todas essas medidas opressiva e o racismo em geral são apenas sintomas de contradições mais profundas do sistema capitalista/imperialista em si”, que não podem ser resolvidas com medidas paliativas.

Foto: Evan Vucci-AP-Shutterstock

A esta crise, Azad adiciona a “crise de legitimidade que resultou da má gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo Trump e os problemas econômicos —despedimentos massivos, níveis inéditos de desemprego, pobreza, fome, etc.— que arrebataram o país inteiro.” O atual presidente, “temendo perder a eleição, está ele próprio contribuindo para o aprofundamento da crise de legitimidade do estado ao questionar a validade das eleições e anunciar que ele se recusaria a deixar o posto caso seja derrotado. Seu plano, com a ajuda dos seus leais republicanos no Senado, é se recusar a aceitar os resultados remetendo a questão à Suprema Corte dos EUA”.

Porém, “seja qual for o resultado das eleições, a crise dos EUA e do capitalismo global não só persistirá, como se aprofundará, criando razões a mais para a fera ferida do imperialismo causar mais destruição aos povos do mundo […] para proteger sua combalida hegemonia global.”

Portanto, Azad conclui, é responsabilidade dos militantes da paz “redobrar os esforços do Conselho Mundial da Paz —regionalmente e globalmente— para confrontar as sanções anti-humanas e a máquina de guerra do imperialismo, promovendo mais firmemente um movimento da paz anti-imperialista globalmente unificado, à escala mundial. Tomemos os passos necessários para construir este movimento unificado antes que seja tarde demais”.

As eleições presenciais nos Estados Unidos acontecem nesta terça, mas votos antecipados já têm sido depositados, inclusive através dos correios, fazendo com que resultados conclusivos sejam liberados apenas no final da semana. Trump tem ameaçado rechaçar os resultados principalmente por considerar ilegítimo o voto pelo correio, o que analistas consideram ser expressão do seu receio de uma tendência favorável ao oponente democrata, Joe Biden, dos que votam por este meio.

A TV Cebrapaz entrevistará os companheiros do Conselho da Paz dos EUA no final da semana para abordarmos as primeiras avaliações pós-eleitorais. Acompanhe.

Fonte: Cebrapaz

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