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Defender o multilateralismo e consolidar a parceria

A cúpula do G20 em Buenos Aires, a ser realizada em breve, reunirá pela primeira vez na América do Sul as principais economias do mundo, incluindo a China e o Brasil, assim como líderes de países convidados e chefes de organizações internacionais para discutir o crescimento da economia mundial e encontrar novos impulsos para o desenvolvimento global.

Por Li Jinzhang, Embaixador da República Popular da China

Os integrantes do Grupo dos 20, um dos principais fóruns sobre cooperação econômica internacional, representam dois terços da população mundial, 60% da área territorial e respondem por 90% do PIB e 75% do comércio. Desde sua criação, o Grupo trouxe importantes contribuições para a recuperação da economia mundial e a melhoria da governança econômica global. Em um cenário de crescimento dos fatores de instabilidade e incerteza e graves impactos negativos sobre o multilateralismo, o livre comércio e até mesmo o espírito do contrato, este encontro dos líderes do G20 gera grande expectativa na comunidade internacional.

A Cúpula de Buenos Aires, que coincide com o 10º aniversário do G20, tem como tema “Consolidar os consensos para um desenvolvimento equitativo e sustentável”. Conta com agendas nas áreas de economia mundial, comércio e investimento, economia digital, desenvolvimento sustentável e mudança climática.

A parte chinesa espera aproveitar essa plataforma para fortalecer a comunicação e coordenação com os outros países e emitir, em conjunto, um sinal claro contra o protecionismo e em favor do sistema multilateral de comércio. Trata-se da quarta vez que o presidente chinês Xi Jinping pisará no solo da América Latina para conversar sobre os planos de cooperação com os líderes participantes.

Devemos valorizar as parcerias, o ativo mais valioso do G20, e escolha inevitável para enfrentar os desafios globais. Em um mundo globalizado, não há mais ilhas isoladas. É cada vez mais raro ver uma disputa em que o vencedor leva tudo. Devemos fortalecer a comunicação e a coordenação em importantes questões globais, oferecer mais “bens públicos” e construir mais forças em prol da paz, da estabilidade e da prosperidade mundiais.

Precisamos defender o multilateralismo. A criação e a evolução do G20 é uma nova manifestação do multilateralismo e um importante progresso na reforma da governança econômica global. O mundo de hoje precisa do multilateralismo mais do que nunca. Devemos persistir nos princípios fundamentais da Carta da ONU e nas normas básicas das relações internacionais, fazer oposição clara ao unilateralismo e ao protecionismo, salvaguardar a justiça e a equidade internacionais, e defender o sistema multilateral de comércio tendo a OMC como núcleo.

Devemos promover a abertura e a inclusão. O apoio à abertura econômica é uma importante experiência do G20 na resposta à crise financeira internacional e cria um caminho essencial para a promoção do crescimento econômico global. A bem-sucedida primeira Feira Internacional de Importação da China foi uma grande iniciativa para abrir o mercado chinês e uma ação concreta na construção de uma economia mundial mais aberta. Este ano marca o 40º aniversário da política de Reforma e Abertura da China. Ao longo dessas quatro décadas, o país asiático abriu suas portas para movimentar a economia, de maneira que 700 milhões de pessoas saíram da pobreza e a China se tornou o maior parceiro comercial de mais de 120 países e um dos principais motores do crescimento econômico mundial. A China cresceu e, ao mesmo tempo, trouxe benefícios para todos. Atualmente, através da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”, a China procura liberar o potencial de cooperação com outras nações e realizar uma integração econômica, um desenvolvimento coordenado e um compartilhamento dos resultados, criando mais oportunidades para a economia mundial.

Temos de construir consenso sobre a reforma. Atualmente, o sistema multilateral de comércio sofre sérios impactos e a China apoia a reforma necessária da OMC para fortalecer a autoridade e eficácia desse organismo. Para tanto, a China propõe três princípios básicos e faz cinco sugestões. Os três princípios básicos são: a reforma da OMC deve preservar os valores fundamentais do sistema multilateral de comércio; salvaguardar os interesses de crescimento dos membros em desenvolvimento e seguir a prática da tomada de decisões por consenso. Já as cinco sugestões são: a reforma da OMC deve defender a primazia do sistema multilateral de comércio; dar prioridade aos problemas existenciais enfrentados pela OMC; tratar o desequilíbrio das regras comerciais e responder às demandas do nosso tempo; salvaguardar o tratamento especial e diferenciado para os membros em desenvolvimento e respeitar os modelos de desenvolvimento dos membros.

Maiores nações em desenvolvimento dos hemisférios Oriental e Ocidental e principais países emergentes, a China e o Brasil são importantes membros do G20 e apoiadores do sistema multilateral de comércio que se opõem firmemente ao unilateralismo e ao protecionismo. Esperamos trabalhar de forma coordenada com os membros do G20, como o Brasil, para enfrentar os desafios e os riscos, construir consensos e unir forças para trazer novas contribuições ao desenvolvimento saudável da economia mundial.

Fonte: Correio Braziliense

 
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