Boletim i21

Boletim i21 / 21 a 30 de novembro – Análises e informações sobre a conjuntura internacional

INTERNACIONALISMO

 

PCdoB repudia ataques do Governo Bolsonaro à China (link)

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, divulgou, no dia 26/11, uma nota de repúdio contra os ataques à China por parte do Governo de Jair Bolsonaro.

 

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A cada dez dias, análises e notícias da conjuntura internacional pela ótica dos comunistas e seus aliados.

 

Partido Comunista Português realiza seu 21° Congresso (link)

Com o lema de “Organizar – Lutar – Avançar, Democracia e Socialismo”, o Partido Comunista Português (PCP) iniciou no dia 27/11 seu 21° Congresso, que foi até o dia 29/11. Sobre este tema, leia também: Jerónimo de Sousa é reeleito Secretário-Geral do PCP: “Provamos que é possível uma saída patriótica e de esquerda” (link)

 

ÁSIA

 

Haroldo Lima: O que significa o 14º Plano Quinquenal da China? (link)

A aprovação do 14º Plano Quinquenal da China, em outubro passado, indica que o grande país asiático continuará, no futuro próximo, com o incrível ímpeto desenvolvimentista das últimas quatro décadas. O Plano, previsto para cobrir o período de 2021 a 2025, define metas audaciosas para o desenvolvimento social do país e tornará mais esfuziante ainda a fisionomia da China moderna. Artigo de Haroldo Lima. Sobre este tema, leia também: A China e seus 50 anos em 5A China dá passos consistentes para conquistar o bem-estar social. (links)

Pobreza zero: China elimina pobreza absoluta um mês antes do prazo (link)

A China eliminou a pobreza absoluta um mês antes de seu prazo autoimposto, depois que os últimos nove condados empobrecidos na província de Guizhou foram removidos da lista de pobreza no dia 23/11.

 

 

GEOPOLÍTICA

 

Reunião do G 20

Terminou no dia 22/11 a Cúpula do G20. O encontro foi aberto pelo rei saudita Salman bin Abdulaziz e presidido pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman. Teve como lema: “Realização das oportunidades do Século XXI para todos”. A presidência da Arábia Saudita é controversa, principalmente pela manutenção da atual guerra no Iêmen e o inconcluso caso da morte do jornalista Khashoggi. O centro da reunião foi a superação da crise sanitária e econômica mundial causada pelo coronavírus. No que tange à saúde pública mundial, prevaleceu a ideia do fortalecimento da cooperação via OMS e busca de subsídios para que a vacina alcance as populações mais pobres dos países em desenvolvimento, mas sem detalhar como isso se daria. Sobre a crise econômica as diferenças giraram especialmente em torno das reformas na OMC e como amparar os países mais impactados com os efeitos econômicos do vírus. A questão ambiental também foi bastante pautada e neste ponto Brasil e EUA reforçaram as críticas ao Acordo de Paris. Trump disse em seu discurso (21/11) que o acordo “foi desenhado para matar a economia estadunidense”. Bolsonaro participou da reunião de forma bastante lateral e em seu discurso disse que em matéria ambiental o Brasil vem sofrendo “ataques injustificados proferidos por nações menos competitivas e menos sustentáveis”, defendeu que o Brasil passou por uma revolução agrícola nos últimos 40 anos utilizando “apenas 8% de nossas terras para agricultura e 19% para pecuária” e que “cerca de 60% de nosso território se encontra preservado com vegetação nativa”. O presidente também se referiu aos recentes protestos antirracistas no país como tentativa de “importar tensões alheias à nossa história”. Com relação à pandemia, Bolsonaro disse que “a vida mostrou que ele estava certo desde o início”. O presidente chinês Xi Jinping foi na direção contrária a Trump e Bolsonaro no quesito ambiental especialmente e reforçou o discurso pela proteção do planeta e redução das emissões, como previsto no Acordo de Paris. Chegou a falar em “segurança ecológica global”. Sobre a pandemia, reforçou a ideia de cooperação internacional para enfrentar o vírus e ressaltou os avanços com as vacinas. Ele propôs ainda algo que está sendo muito explorado com fake news que é um sistema de certificado de saúde que as pessoas que testaram negativo para o teste de covid portariam no formato QR code para poderem circular pelo mundo. Em termos de crise econômica sugeriu suspensão e renegociação de dívidas dos países em desenvolvimento mais atingidos pela pandemia. A Itália, um dos países mais atingidos pela primeira onda do coronavírus em 2020 agora assume a presidência do G20 e já aponta que uma de suas prioridades será a busca de uma solução multilateral para a pandemia. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

O assassinato de Mohsen Fajrizade

A morte do físico nuclear iraniano Mohsen Fajrizade, no dia 27/11, provocou reações de solidariedade em todo o mundo. No dia 28/11, o chanceler do Irã, Mohamad Yavad Zarif fez um chamado no twitter à comunidade internacional para que “condene o terrorismo de Estado e se oponha em bloco ao aventureirismo que aumenta as tensões regionais”. Já o presidente iraniano Hasan Rohani, disse que o povo iraniano é “suficientemente sábio para não cair na armadilha do regime sionista (Israel) (…) e responderá ao martírio do cientista no momento apropriado”. O cientista, que era diretor do Departamento de Pesquisa e Inovação do Ministério da Defesa do Irã, foi morto em uma emboscada quando seu veículo foi atacado nas ruas da cidade de Absard, nos arredores da capital Teerã. As autoridades iranianas acreditam que EUA e Israel estão por trás do assassinato. No próprio dia 27/11 o Irã apresentou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU como forma de denúncia do terrorismo de Estado que sofreu e disse que tomará as medidas necessárias contra os agressores. Alguns países como Cuba, Venezuela, Bélgica, Turquia, Rússia e Síria foram os primeiros a prestar solidariedade. O chefe da diplomacia europeia, Josef Borrel, também se manifestou e disse que o atentado foi um ato criminoso. Dos EUA, o senador democrata Bernie Sanders se pronunciou sobre o fato. Em sua conta no twitter disse que o assassinato de Fajrizade foi um ato “imprudente, provocador e ilegal” que busca minar a diplomacia entre a próxima administração estadunidense e o Irã. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

Sanções ilegais dos EUA contra o Irã e o mundo livre (link)

As eleições nos EUA, associadas à tragédia da pandemia mundial, trouxeram ao debate internacional a discussão sobre as sanções, bloqueios, conspirações econômicas e isolamento comercial e humanitário dos povos livres do mundo. Artigo de João Vicente Goulart.

 

AMÉRICA LATINA E CARIBE

 

Walter Sorrentino: Legado de Fidel ilumina caminhos do Século XXI (link)

No dia 25/11 completou-se quatro anos da morte de Fidel Castro. O Secretário de Relações Internacional do PCdoB, Walter Sorrentino, dedicou ao comandante invicto seu comentário semanal sobre geopolítica, registrando, além disso, o falecimento de Diego Armando Maradona que ocorreu neste mesmo dia.

 

Maradona – O gênio que escolheu ficar ao lado do povo (link)

Morreu, no dia 25/11, Diego Armando Maradona, sócio emérito do clube dos gênios da pelota e integrante titular do time do povo. Artigo de Wevergton Brito Lima.

 

Jaime Caycedo: “Vivemos na Colômbia um genocídio político contra o movimento popular e democrático” (link)

No quadro dos registros em torno dos quatro anos do acordo de paz definitivo na Colômbia, comemorados no dia 24/11, a TV Vermelho entrevistou Jaime Caycedo, secretário-geral do Partido Comunista Colombiano, que falou com riqueza de detalhes sobre a situação política na Colômbia e na América Latina em Geral, denunciando a extrema-direita que tenta revogar o acordo de paz e seguir matando impunemente. A entrevista foi conduzida por Ana Prestes, membro da Comissão Política do Comitê Central do PCdoB e por Pietro Alarcon, professor universitário e também militante do PCCol.

 

Cuba diz ter desmontado tentativa de “golpe” ao desarticular movimento em Havana (link)

O governo cubano afirma ter desmontado, no final de semana que se iniciou no dia 27/11 (sexta-feira) o que as autoridades do país chamaram de tentativa de “golpe brando”, desalojando de uma casa líderes do chamado Movimento San Isidro que, segundo a liderança da ilha, tentavam desestabilizar o país.

 

Crise e protestos na Guatemala

Na Guatemala, a votação do orçamento do país para 2021 na madrugada do último dia 18 de novembro gerou revolta na população. A peça orçamentária foi montada pelo presidente do país Alejandro Giammattei com a equipe do ministério da fazenda e aprovada a toque de caixa pela ação dos parlamentares de seu partido, o Vamos, junto a outros partidos que apoiam o governo, como o FCN Nación (Frente de Convergência Nacional), do ex-presidente Jimmy Morales (2016-2020) e o UNE (Unión Nacional de la Esperanza), do ex-presidente Álvaro Colom (2008-2012). Vários deputados da oposição dizem que só receberam o projeto horas antes da reunião plenária dos congressistas, já tendo sido aprovado com votação expressa na Comissão de Finanças do parlamento. O orçamento aprovado é 10 bilhões de dólares superior ao do ano passado, sendo que quase 3 milhões foram retirados da Procuradoria de Direitos Humanos, um dos motivos dos protestos. Há inúmeros setores sociais que ficaram descobertos com o projeto, como a do combate à desnutrição e foi elevada a verba de gastos de gabinetes, tanto de parlamentares como membros do executivo. Na Guatemala, que possui a população de 16 milhões de pessoas, metade das crianças abaixo de cinco anos sofre de desnutrição e 59% da população vive abaixo da linha de pobreza. De forma global, o orçamento ficou com 63% destinados para o funcionamento do governo, 20% para investimentos e 15% para pagamento de dívidas. O vice-presidente do país, Guillermo Castillo, que já vinha demonstrando diferenças com o presidente Giammattei, sugeriu no dia 20/11 que houvesse uma renúncia coletiva do governo para “oxigenar” a nação e porque “as coisas não estão bem no país”. O pronunciamento de Castillo foi acompanhado de massivos protestos que tomaram as ruas do país ao longo do final de semana. A líder indígena e Prêmio Nobel da Paz em 1992, Rigoberta Menchú, apoiou o pronunciamento do vice-presidente e disse que “frente à grave situação que vive o país, faço um chamado à governabilidade e ao diálogo com todos os setores” e acrescentou que reitera seu “profundo apoio ao vice-presidente”. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

Peruanos lutam por nova Constituição

O novo presidente do Peru, Francisco Sagasti, fez um pronunciamento ao país na noite do dia 23/11. O ponto principal foi o anúncio de um novo chefe para a Polícia Nacional do Peru (PNP), após a dura repressão às manifestações das últimas semanas, com mortos e feridos. Enquanto isso, organizações dos movimentos sociais, coletivos e sindicatos seguem em assembleia permanente para organizar os protestos para pedir uma nova Constituição. Clamam por uma “Nueva Constitución del Bicentenario”. O presidente interino tem insistido que não é o caso de discutir uma nova constituição no momento e disse preferir que um novo governo livremente eleito cuide dessa demanda. Só para recordar aos leitores destas Notas, o último presidente eleito do Peru foi Pedro Pablo Kuczynski no ano de 2016. Em 2018 ele foi derrubado por acusações de corrupção e assumiu seu vice Martín Vizcarra, este por sua vez foi derrubado pelo parlamento também com alegação de envolvimento em corrupção há duas semanas. Assumiu então Manuel Merino que presidia o parlamento, mas seu governo durou 6 dias pela pressão das ruas e pelo flagrante golpe parlamentar que conduziu. Francisco Sagasti foi eleito presidente do parlamento e assumiu então interinamente a presidência. Sagasti tem uma longa jornada especialmente em organismos técnicos, como o Banco Mundial. Trabalhou também na Cepal e nos governos de Velasco Alvarado e Alan García, como assessor do ministério de relações exteriores. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

Novos protestos no Chile

No dia 23/11 aconteceu mais uma marcha que terminou no palácio presidencial de La Moneda. As manifestações foram convocadas via redes sociais com a consigna #PiñeraQuiereSuGuerra e pedem a renúncia do presidente. Já há parlamentares da oposição que falam em antecipação das eleições no país. Mais uma vez a repressão dos carabineros aos manifestantes foi bárbara, com a cavalaria avançando sobre manifestantes, assim como uso de carros com fortes jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo. As manifestações e pedidos de renúncia se dão pela libertação de centenas de presos políticos desse um ano de protestos, mas também foram provocados por uma apelação feita ao Tribunal Constitucional por parte de Piñera para impedir a aprovação do projeto de “segundo retiro del 10%” da AFP (Administradoras de Fundos de Pensão) e caso aprovado (foi aprovado na Câmara e vai a votação no Senado ainda) que não seja efetivado. Trata-se de um recurso que as pessoas podem sacar para amenizar a condição econômica desesperadora que é a realidade de muitas famílias chilenas nesse ano pandêmico. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

Bachelet: Brasil deve reconhecer o problema do racismo

A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, a chilena Michele Bachelet, se pronunciou, no dia 24/11, sobre o assassinato de cunho racista do negro João Alberto no Brasil. Ela se referiu ao caso como um “ato deplorável que deve ser condenado por todos”. Ainda segundo ela, o incidente é infelizmente muito comum, de violência sofrida por negros no Brasil. E ainda fez uma chamada ao governo Bolsonaro ao dizer que o governo “tem especial responsabilidade de reconhecer o problema do racismo persistente no país, pois este é o primeiro passo essencial para resolvê-lo”. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

Bolívia: Golpistas em fuga

Na Bolívia, tanto a ex-presidente de fato, Jeanine Añez, como ex-ministros estão tentando fugir do país. Alguns conseguiram outros não. Añez não conseguiu. Ela tentou embarcar em uma aeronave no norte do país, na cidade de Trinidad em Beni, seu destino era uma cidade fronteiriça com o Brasil, onde pretendia ingressar. Mas os movimentos sociais e indígenas organizados impediram a decolagem e ela estaria agora em um condomínio de casas na região. Já seu ministro mais forte, Arturo Murillo, conseguiu escapar e se encontra agora nos EUA, segundo a Polícia Nacional da Bolívia. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

EUA

 

Novas derrotas de Trump

Trump teve mais uma derrota na sua tentativa de provar que houve fraude nas eleições. Na noite do dia 21/11, um juiz da Pensilvânia rejeitou uma ação da campanha do atual presidente para anular milhões de votos enviados pelo correio. Com a rejeição, abre-se o caminho para a consagração da vitória de Biden no Estado que envia 20 representantes ao colégio eleitoral. O candidato democrata ficou com 81 mil votos de vantagem sobre o republicano no Estado. A derrota eleitoral e legal na Pensilvânia se soma a outra derrota na recontagem dos votos na Geórgia, que confirmou a vitória de Biden no Estado e também à derrota em Michigan, onde não foi encontrado nenhum indício de erro que pudesse reverter os 16 delegados de Biden para Trump. Vai se confirmando a diferença de 306 delegados no colégio eleitoral para Biden contra 232 para Trump. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

O início da transição

Embora Trump ainda não reconheça a vitória do adversário Joe Biden, aos poucos tem dado passos no sentido de não obstaculizar a transição oficial. É forte a pressão sobre ele dentro do Partido Republicano. Nas palavras do próprio Trump, via twitter, “nossa luta continua com força (…) e acredito na vitória! Ainda assim, pelo melhor interesse de nosso país, recomendei o início dos protocolos”. Isso significa liberação para a equipe de Biden dos escritórios, verba para pagamento de funcionários, dados do governo, relatórios de inteligência e etc. E desde o dia 23/11 também começaram a surgir as primeiras indicações de Biden. Para secretário de Estado ele indicou Antony Blinken, que o acompanhou em sua trajetória como Senador e é um homem forte dos democratas nas relações internacionais desde o primeiro governo Clinton. Para assessor especial de segurança nacional ele nomeou Jake Sullivan. Para secretário de segurança interna (ministro do interior) ele nomeou Alejandro Mayorkas. Para diretora de inteligência nacional está nomeada Avril Haines. Para embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, Janet Yellen (ex-presidente do FED) para secretária do tesouro e para representante especial de políticas do clima o ex-candidato à presidência e ex-secretário de estado de Obama, John Kerry. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

ÁFRICA

 

O retorno da Guerra no Saara Ocidental: o que você precisa saber (link)

Em 13 de novembro, eclodiu a guerra no Saara Ocidental, considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a última colônia africana. Passadas quase três décadas de um cessar-fogo sem paz e de promessas inócuas, os saarauís retomam as armas. O fracasso do processo diplomático é de todo o mundo. Artigo de Moara Crivelente e Rodrigo Duque Estrada Campos.

 

Boko Haram segue matando

O grupo terrorista Boko Haram continua fazendo vítimas na Nigéria. O último ataque foi no dia 28/11 em um campo de arroz, enquanto os agricultores trabalhavam, na cidade de Koshobe, estado de Borno, nordeste do país. Os trabalhadores haviam viajado 1000 quilômetros para encontrarem esse trabalho. Pelo menos 110 pessoas morreram e muitas ficaram feridas segundo o coordenador da ONU no país, Edward Kallon. Estavam ocorrendo pela primeira vez eleições municipais em Borno justamente no dia do ataque. Calcula-se que cerca de 30 mil pessoas já morreram na região nos últimos 10 anos, desde que começou a atuação do Boko Haram e de seus dissidentes que atuam no ISWAP – Estado Islâmico da África Ocidental – na região. Perto de 2 milhões de pessoas já se deslocaram dos países com atuação do Boko Haram, além da Nigéria, o Níger, Chade e Camarões. Significado de Boko Haram: a educação não islâmica é pecado. Ana Prestes, em Notas Internacionais.

 

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