Daniel Ortega: “Lutar pela soberania é lutar pela paz”
Nesta segunda-feira (4), a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) realizou um ato internacional de lançamento de sua chapa à eleição presidencial da Nicarágua que ocorrerá em 7 de novembro. O comandante Daniel Ortega, atual presidente, e Rosário Murilo, vice-presidente, concorrem à reeleição.
A atividade, realizada de forma virtual, reuniu mais de 340 representantes de partidos e movimentos de todo o mundo. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi representado por Wevergton Brito, membro da Comissão de Relações Internacionais.
O slogan da campanha da FSLN é “Unidade para a prosperidade”. Dois vídeos musicais abriram o encontro e logo depois a palavra passou para o presidente Daniel Ortega, que falou ao lado da vice-presidente, Rosário Murilo.
Soberanía – Um dos clips exibidos na cerimônia de lançamento
Discurso anti-imperialista
Daniel Ortega foi um dos principais comandantes da luta armada da FSLN que, em 1979, expulsou do poder Anastasio Somoza, encerrando 40 anos de ditadura da dinastia da família Somoza.
O veterano combatente revolucionário, hoje com 75 anos, fez um discurso essencialmente anti-imperialista. Iniciou homenageando um herói nicaraguense, Benjamín Zeledón, falecido no dia 4 de outubro de 1879, em enfrentamento com tropas invasoras dos EUA.
Ortega denunciou o papel do imperialismo estadunidense na região e no mundo, “mesmo durante a pandemia, o imperialismo e o capitalismo selvagem não abrandaram a agressividade e o egoísmo“, ressaltou. Citou várias vezes, como aliados anti-imperialistas os “povos irmãos” de Cuba e Venezuela, além de também fazer referências à Rússia e China,
Em seguida, falou da trajetória da Revolução Sandinista. Recordou momentos importantes da luta e a derrota eleitoral da FSLN, em 1990, para Violeta Chamorro, que venceu com os sandinistas, recorda Ortega, “controlando tudo: justiça eleitoral, polícia, exército, etc., mas mesmo assim reconhecemos que o povo, chantageado, votou em nossa adversária e entregamos o governo”.
Durante 17 anos e três governos neoliberais (Violeta Chamorro, Arnoldo Lacayo e Enrique Bolãnos), continuou Ortega, a FSLN foi oposição e “tínhamos condições objetivas e subjetivas para promover uma rebelião popular contra os governos neoliberais que aprofundaram a miséria, a fome, etc., mas nos recusamos a isso”.
O comandante da FSLN, que voltou ao poder pelo voto em 2007, argumenta que isso prova o compromisso dos sandinistas com a democracia.
Atos terroristas tentam derrubar o governo
Daniel Ortega denunciou que, em 2018, ocorreram na Nicarágua atentados terroristas, financiados pelo imperialismo para derrocar o governo legitimamente eleito.
Segundo Ortega, no auge da violência, os insurretos chegaram a entregar-lhe um ultimato dando 24 horas para que ele abandonasse o poder, e anunciaram que iriam dissolver o parlamento e mudar toda a composição da justiça. O presidente informou que a tentativa de golpe foi derrotada e hoje as investigações provam quem eram os líderes dos atos terroristas e quem lhes financiou e são estes que estão respondendo na justiça de acordo com a lei.
É com base na prisão dos acusados de atos terroristas, tentativa de golpe de estado e lavagem de dinheiro, que EUA e União Europeia dizem que os sandinistas promovem “perseguição política” e “solapam a democracia”.
Fazendo referência indireta a este fato e aos EUA, que já anunciaram que não reconhecerão a eleição de 7 de novembro, Ortega afirmou que o fundamental é que o povo nicaraguense reconhece e valoriza sua democracia, “é o povo que decide”.
O líder da FSLN insistiu muito na defesa da paz como uma questão central para os nicaraguenses, ressaltando, no entanto que não existe paz sem soberania: “irmãos nicaraguenses, lutar pela soberania é lutar pela paz”, conclamou.