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Rússia anuncia novos mísseis após fim de tratado

O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, anunciou nesta terça-feira (5) que o país desenvolverá em menos de dois anos a variante terrestre do míssil de cruzeiro Kalibr e um míssil hipersônico de médio alcance, em resposta à decisão dos Estados Unidos de romper o tratado INF, sobre sistemas de mísseis terrestres de alcance intermediário. Serguei Shoigu ordenou o início dos trabalhos.

Moscou planeja desenvolver antes de 2021 uma versão terrestre dos mísseis utilizados pela sua Marinha, depois da saída dos Estados Unidos e da Rússia do Tratado, assinado ainda na época da URSS. A Rússia se retirou do tratado em reação às declarações de Donald Trump que por diversas vezes anunciou que os EUA abandonariam o acordo.

Shoigu afirmou que os Estados Unidos já “trabalham ativamente” no desenvolvimento de um míssil terrestre de alcance superior a 500 km e, por isso, a Rússia precisa adotar medidas equivalentes.

Segundo ele, o sistema Kalibr, de mísseis de longo alcance, teve muito bom rendimento na Síria. A Rússia utilizou pela primeira vez os mísseis Kalibr em 2015, em operações contra rebeldes sírios. No total, 26 mísseis foram lançados a partir de um navio no Mar Cáspio, a 1.500 km da zona de impacto.

Esses mísseis, equivalentes aos Tomahawk, dos Estados Unidos, podem atingir boa parte da Europa. Shoigu destacou que o fato de eles já existirem em suas versões marítima e aérea reduzirá o prazo e o custo de fabricação dos mísseis terrestres.

Com a suspensão do tratado, Estados Unidos e Rússia podem agora desenvolver mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km e lançados a partir de bases terrestres, até então proibidos pelo acordo. Os dois países se acusam mutuamente de violá-lo.

Especialistas afirmam que o fim do tratado deve levar a uma nova corrida armamentista. Putin disse no sábado que não vai estacionar mísseis terrestres na Europa ou em outras regiões do mundo a não ser que os Estados Unidos façam o mesmo antes.

Em tese, o tratado ainda pode ser salvo, pois ele prevê que a saída seja comunicada com seis meses de antecedência, período pelo qual ele permanece em vigor. Mas especialistas duvidam que, até lá, Estados Unidos e Rússia se acertem.

Muitos especialistas também afirmam que os Estados Unidos não têm mais interesse no INF por ele não incluir a China, país que desenvolveu nos últimos anos sistemas de mísseis proibidos pelo acordo.

Fonte: Opera Mundi

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