Luta dos povos

l’Humanité: Nunca a extrema-direita

O tradicional jornal l’Humanité, porta-voz do Partido Comunista Francês, publicou, nesta segunda-feira (11), um editorial, assinado por Maud Vergnol, sobre o resultado do primeiro turno, que levou ao segundo turno, a ser disputado no dia 24/04, o atual presidente de centro-direita, Emmanuel Macron e a representante da extrema-direita, Marine Le Pen. Para os comunistas, “a esquerda – toda a esquerda – se depara com a responsabilidade histórica de não deixar nosso país nas mãos da extrema direita.” Leia, abaixo, a íntegra do texto.

É um choque, mas não uma surpresa. A maioria dos eleitores acorda esta manhã desapontada ou irritada, mas acima de tudo preocupada. O cenário que 80% dos franceses não queriam há algumas semanas repetiu-se ontem, graças, entre outras coisas, à baixa participação nas eleições presidenciais – cerca de 12 milhões de eleitores não julgaram útil se deslocar.

A disputa no segundo turno, no entanto, não será igual à de 2017. Nunca a extrema-direita conquistou tantos votos (32,4% no fechamento desta edição). E Le Pen nunca terá se beneficiado de tal reservatório de vozes. Claro, o presidente cessante tem uma imensa responsabilidade. Primeiro, porque o Reagrupamento Nacional (partido de Marine Le Pen, NT), está ganhando espaço nas feridas causadas pelo desespero e pela desigualdade social. Emmanuel Macron não cessou, desde o início de seu mandato de cinco anos, de bloquear o debate público neste duelo mortal, convencido de que venceria facilmente. Desta vez, o arrogante presidente dos ricos pode quebrar os dentes e mergulhar o país no abismo. A pontuação estreita que as pesquisas preveem para ele no segundo turno deve nos alertar. A vitória da extrema direita em 24 de abril não é mais impossível. Os lavradores do solo em que se alimenta o animal imundo (animal imundo = referência ao fascismo, NT) serão os que o enfrentarão no segundo turno. E, no entanto, teremos que votar de cabeça erguida, sem cheque em branco para o presidente cessante.

A esquerda – toda a esquerda – se depara com a responsabilidade histórica de não deixar nosso país nas mãos da extrema direita. Já ouvimos o “nem-nem”, o “não serei mais enganado”, “nunca tentamos” ou “pior não pode ser”. À medida que o perigo avança, a consciência dele diminui. Isso é banalização. Estamos falando aqui de uma família política que abomina o progresso e a igualdade, que quer um ministério de “remigração”, que ataque todos os direitos conquistados, os freios e contrapesos, da imprensa à justiça, em sintonia com a cultura, e ela representará a França na ONU… Antes das lutas que se seguirão contra o colapso social de Macron, é essa luta que nos espera nas próximas duas semanas. Courage, barrage!

Fonte: L’Humanité

Tradução livre com auxílio de tradutor online da redação do i21

 

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