Visão Global

“Sobrevivência dos mais ricos”: estudo revela desigualdade crescente

A organização não governamental Oxfam denuncia que, desde 2020, o 1% mais rico arrebatou quase dois terços da nova riqueza gerada no mundo.

Num relatório publicado na última segunda-feira (16) a propósito do Fórum de Davos, a Oxfam demonstra que apenas 1% das pessoas mais ricas acumulam cerca do dobro da riqueza obtida pelos restantes 99%. O título do relatório é: Sobrevivência dos ricos – Como devemos tributar os super-ricos agora para combater a desigualdade (link).

No contexto atual, em que centenas de milhões de pessoas são confrontadas com aumentos “impossíveis” no custo de vida e em que milhões estão ainda a sofrer com a pandemia, a ONG afirma: “Todas estas crises têm ganhadores. Os mais ricos tornaram-se consideravelmente mais ricos e os lucros das empresas atingiram níveis recorde, gerando uma explosão de desigualdade.”

A Oxfam estima que a fortuna da minoria privilegiada aumente em 2,7 bilhões de dólares por dia, enquanto cerca de 1,7 bilhões de trabalhadores sofreram perdas no valor real dos seus salários em 2022.

De acordo com o documento, em 2022 as empresas energéticas e de alimentação duplicaram os seus lucros e distribuíram 257 bilhões de dólares em dividendos aos seus acionistas, enquanto mais de 800 milhões de pessoas passam fome, a nível mundial.

Com a pandemia, os ricos são cada vez mais ricos

Como forma de reduzir a desigualdade crescente e mitigar os efeitos de uma “policrise” para a qual contribuem a inflação, os efeitos da pandemia e os efeitos de fenômenos como secas e inundações, a ONG defende a subida dos impostos sobre as grandes fortunas e à adoção de outras políticas tendentes a acabar com os multimilionários.

Prova da falência do sistema econômico

Na apresentação do relatório, a Oxfam afirma que “a própria existência de multimilionários e de lucros recorde, enquanto a pobreza e a desigualdade estão a aumentar, é uma prova contundente de um sistema econômico falido”.

Sobre a crise, a ONG alerta para as cortinas de fumaça que são lançadas para tapar a realidade, nomeadamente o modo como as empresas estão a passar os custos para os consumidores e estão a lucrar com a crise, usando-a como desculpa para aumentar os preços.

A guerra da Otan com a Rússia na Ucrânia contribui para o aumento do preço mundial da energia, refere o texto, mas, no caso dos alimentos, os preços já estavam a subir consideravelmente muito antes dessa guerra.

De acordo com a Oxfam, mesmo sem ameaças de serem prejudicadas pela concorrência, as empresas de alimentação e energia mantiveram os preços altos, para benefício dos acionistas e prejuízo dos consumidores.

Quando a crise econômica ataca, os trabalhadores são os primeiros a sofrer cortes salariais e a perder empregos”, afirma a ONG, lembrando como a crise associada à Covid-19 e a desaceleração econômica mundial de 2020 levaram a uma perda de horas de trabalho aproximadamente quatro vezes superior à gerada pela crise de 2008.

Fonte: AbrilAbril

 

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