Boletim i21 / 11 a 20 de fevereiro-2021 – Análises e informações sobre a conjuntura internacional
GEOPOLÍTICA
União Europeia x Rússia
A relação entre a Rússia e a União Europeia está bastante azeda. Ao ponto de Putin expulsar de Moscou diplomatas alemães, poloneses e suecos (por apoiarem manifestações pró-Navalny) com o chefe da política externa do bloco europeu, Josep Borrell, em território russo e sem ser avisado da expulsão. Os russos foram bem claros que poderão romper os laços com a União Europeia no caso de que novas sanções sejam impostas ao país. Os europeus impõem sanções aos russos desde o referendo pela anexação da Crimeia em 2014. Em entrevista à imprensa, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse, ao se referir a um possível rompimento, que não querem se “isolar da vida global, mas temos que estar prontos para isso”. Da chancelaria alemão chegou o comentário de que as palavras de Lavrov são “realmente desconcertantes e incompreensíveis”. A Alemanha era o país onde o opositor ao governo russo, Navalny, estava antes de retornar a Moscou. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Assine o Boletim i21
A cada dez dias, análises e notícias da conjuntura internacional pela ótica dos comunistas e forças progressistas.
Global Times: “EUA atacam a China para encobrir a própria inépcia” (link)
Em editorial, o jornal chinês Global Times, que expressa, de forma oficiosa, a opinião da China direcionada ao público internacional, rebateu os ataques dos EUA ao relatório dos especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que refutaram a tese de que o Covi-19 teria surgido em um laboratório chinês.
Relatório da ONU pede suspensão das sanções contra a Venezuela
Alena Douhan (foto), relatora especial da ONU enviada para a Venezuela, emitiu um relatório preliminar no dia 12/02 pedindo a suspensão das sanções dos EUA e da União Europeia ao país. Segundo ela, as sanções agravam a crise humanitária. O relatório foi rechaçado pelos setores oposicionistas venezuelanos. Miguel Pizarro, enviado de Juan Guaidó na ONU, disse que a organização foi usada para “propaganda do regime”. Segundo a relatora, desde 2014 sanções unilaterais “duramente impostas” pelos EUA, União Europeia e outros países, junto à queda do preço do petróleo, podem ser responsabilizadas pelo declínio econômico do país. Na prática, ela desbancou o discurso norte-americano de que a crise venezuelana é provocada pela “corrupção do regime”. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
A pandemia, o capitalismo e o socialismo (link)
Países socialistas – que somam 20% da população do mundo – representam apenas 0,1% dos contagiados e 0,2% dos falecidos por Covid-19. Artigo de Raul Carrion.
AMÉRICA LATINA E CARIBE
Manuela: Esquerda se reconstrói no Equador, apesar da perseguição (link)
Observadora na eleição equatoriana, a gaúcha se emocionou com o avanço social do correísmo, mesmo diante do intenso lawfare contra lideranças como o próprio Rafael Correa, exilado na Bélgica.
Maduro: Venezuela responderá a ameaças da Colômbia (link)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou, no dia 17/02, que responderá com força a qualquer ameaça à soberania da nação por parte da Colômbia.
Juízes do Haiti iniciam greve em defesa da Constituição, em meio a governo ilegítimo (link)
Além da paralisação de quatro associações de magistrados, milhares protestaram, no dia 14/02, na capital Porto Príncipe, denunciando o governo ilegal de Jovenel Moïse, o desrespeito à Constituição e a conivência do corpo diplomático dos EUA no país, que, segundo os manifestantes, segue dando apoio ao presidente ilegítimo.
ONU: No Haiti, 40% das pessoas precisam de ajuda humanitária (link)
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estima que 40% dos cidadãos do Haiti precisarão de assistência em 2021, informa matéria divulgada no dia 17/02 no site oficial da ONU. De acordo com a organização, em um país de 11,4 milhões de habitantes, mais de 4,4 milhões de pessoas podem sofrer insegurança alimentar este ano.
EUA
Será que o “Plano de Resgate” de Biden pode salvar os EUA? (link)
Com retração de 3,5% do PIB em 2020, governo americano combate pandemia em meio a uma severa crise econômica.
Embora maioria tenha votado a favor, Trump escapa de impeachment (link)
O placar foi de 57 × 43 votos favoráveis à condenação; mínimo necessário seria 67. Sete republicanos votaram para condenar Trump.
EUROPA
Itália tem governo “de união nacional”
A Itália formou novo governo. O ex-chefe do Banco Central Europeu, Mario Draghi (foto), é o novo primeiro-ministro italiano. O novo governo “de união nacional” foi amarrado no final de semana dos dias 13 e 14 de fevereiro pelo presidente Sergio Mattarella. Tem de tudo no novo governo. Luigi Di Maio, do Movimento 5 Estrelas, continua como ministro de Relações Exteriores. Estão também presentes representantes da Liga (do Matteo Salvini), do PD (Partido Democrático), do Força Itália (do Berlusconi), Itália Viva (do Matteo Renzi). Só ficou de fora o Irmãos da Itália (extrema-direita ultraconservador que disputa com a Liga). São 23 ministros ao todo e boa parte tecnocratas. A grande missão imediata do novo governo é decidir como serão gastos os 200 bilhões de euros do fundo de recuperação pós-pandemia aprovado pela União Europeia. Esse foi também o motivo da discórdia que resultou na queda do governo de Giuseppe Conte. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Protestos na Espanha contra prisão de rapper (link)
Pablo Hásel foi preso por canções contra a monarquia e a polícia espanhola; repressão policial é registrada em algumas regiões do país.
ORIENTE MÉDIO
O que a “overdose eleitoral” em Israel anuncia (link)
Israel prepara-se para a quarta eleição em dois anos e as perspectivas não são promissoras: espera-se o recrudescimento da extrema-direita no governo, com maior participação de forças religiosas fundamentalistas no Parlamento. Artigo de Moara Crivelente.
Partidos palestinos se preparam para eleições gerais 14 anos após o último pleito (link)
Os partidos políticos da Palestina se comprometeram, no dia 9/02, com o calendário estabelecido para as eleições e com a garantia de votação em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, “sem exceções”. A reunião entre as organizações partidárias foi realizada no Cairo, capital do Egito.
SOLIDARIEDADE E LUTA PELA PAZ
Vietnã: Crimes sem castigo (link)
A 30 de janeiro começou em França o julgamento de várias multinacionais da indústria química (entre elas a Bayer-Monsanto e a Dow Chemical) que venderam aos EUA o Agente Laranja utilizado massivamente como desfolhante na agressão militar ao Vietnã: estima-se que entre 1961 e 1971 tenham sido despejados sobre as florestas do Sul desse país, como nas do Laos e do Camboja, 76 milhões de litros deste produto. Artigo de Gustavo Carneiro.