Boletim i21 / 1ª Quinzena de Julho – Análises e informações sobre a conjuntura internacional
Geopolítica
Mundo em transição – os processos internacionais revelados e acelerados pela pandemia (link)
Na reunião da Direção Nacional do PCdoB de 10 e 11 de julho foram abordados temas de atualização da situação internacional. Panorama indispensável para situar a luta das brasileiras e brasileiras no limiar da terceira década do Século XXI em um mundo em franca transformação.
Sobe a tensão no Mar do Sul da China
Em uma escalada do acirramento da rivalidade entre EUA e China, entrou no panorama uma questão que já vem se arrastando há anos. Os contenciosos no Mar do Sul da China, também conhecido como Mar Meridional ou mediterrâneo asiático. Em uma mudança de postura, o chefe do Departamento de Estado, Mike Pompeo, disse, no dia 13/7, que as águas reclamadas pela China “estão completamente sob os direitos e a jurisdição soberana das Filipinas (…) qualquer ação da RPC (República Popular da China) para impedir o desenvolvimento da pesca ou de hidrocarbonetos por outros Estados nessas águas, ou para realizar essas atividades unilateralmente é ilegal”. Há tensão também na região com a província chinesa de Taiwan e com outros países da região, como Vietnã, Malásia e Brunei. A Embaixada da China em Washington respondeu dizendo que “sob o pretexto de preservar a estabilidade, os Estados Unidos estão flexionando seus músculos, provocando tensão e incitando a confrontação na região”. Os EUA, que querem arbitrar os conflitos em mares alheios, não são signatários da Convenção sobre o Direito do Mar, vigente desde 1982. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Torpedo bipartidário contra acordo do Afeganistão (link)
Os “interesses de segurança nacional dos EUA” determinam a permanência no Afeganistão, independentemente do custo. Artigo de Manlio Dinucci.
China responde novo ataque da Casa Branca e desmonta mentiras ianques (link)
A agência de notícias chinesa Xinhua divulgou, no dia 7/7, a resposta do governo da China ao conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro, que no dia 4/7 acusou o país asiático, sem apresentar provas, de ter “gerado” o Covid-19 e de tê-lo “espalhado” pelo mundo, “matando pessoas”.
Li Yang desnuda falso discurso do imperialismo sobre direitos humanos (link)
O diplomata chinês Li Yang, Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro, publicou um artigo na Revista Intertelas, onde desmascara a iniciativa de países imperialistas, principalmente EUA e Reino Unido, que manipulam o tema dos Direitos Humanos para atacar a China.
EUA manipulam questão Uigure para atacar a China
O Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, respondeu, no dia 12/7, via sua conta no Twitter, a uma provocação do Embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman. O embaixador americano havia compartilhado uma notícia, também no Twitter, com a seguinte opinião: “esterilização em massa de mulheres uigures pelo Partido Comunista Chinês – silêncio não é uma opção”. Ao que o embaixador chinês respondeu: “olha, esse homem vem ao Brasil com a missão especial que é atacar a China com boatos e mentiras, aconselhamos que pare de fazer atividades desse tipo e faça bem o seu trabalho. Uma formiga tenta derrubar uma árvore gigante, ridiculamente exagerando em sua capacidade”. O ataque à China por parte dos EUA ganhou mais um elemento recente. Trump assinou uma lei aprovada no Congresso americano sobre os direitos humanos dos Uigures (Uighur Human Rights Act). A legislação permite que os EUA promovam punições, como apreensão de bens que tenham no país e proibição de entrada nos EUA, de indivíduos chineses que supostamente estejam envolvidos em ataques aos Uigures ou outras minorias étnicas. Os Uigures, minoria étnica muçulmana proveniente originalmente do Turcomenistão, estão presentes principalmente na província chinesa de Xinjiang. Uma série de matérias na imprensa ocidental e relatórios no âmbito da ONU apontam para supostas tentativas de aculturação de seus hábitos muçulmanos por autoridades chinesas. No dia 13/7, a China anunciou medidas de sanções contra três parlamentares americanos (Marco Rubio, Ted Cruz e Chris Smith) e um alto funcionário do Departamento de Estado como forma de revidar as sanções às autoridades chinesas de Xinjiang. O porta-voz da chancelaria chinesa disse sobre a medida: “as ações dos EUA interferem seriamente nos assuntos internos da China, violam seriamente as normas básicas das relações internacionais e prejudicam seriamente as relações entre os dois países”. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Internacionalismo
Nota do PCdoB sobre os 30 anos do Foro de São Paulo (link)
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) saúda de maneira entusiasta a chegada dos 30 anos de existência do Fórum de São Paulo (FSP), comemorados no último dia 4 de julho. Durante toda a sua trajetória, o FSP se destacou como um espaço valioso e plural de articulação e reflexão das forças democráticas e progressistas da América Latina e Caribe, sendo um polo irradiador de ideias avançadas a serviço da justiça social, da soberania e da democracia.
PCP: Anunciada anexação de território palestino é momento de viragem (link)
O órgão central do Partido Comunista Português (PCP), o tradicional jornal Avante!, publicou em sua edição do dia 2/7, um artigo de Jorge Cadima, membro da Seção Internacional do partido, analisando a anunciada anexação de território palestino por Israel.
América Latina e Caribe
Evo Morales: “Governo quer boicotar as eleições por medo do povo” (link)
O ex-presidente boliviano Evo Morales declarou, no dia 2/7, que os atuais governantes de fato e seus aliados estão impedindo o processo eleitoral para a próxima votação de setembro, porque temem o voto popular.
Foro de SP 30 anos: bandeira da unidade, na diversidade latino-americana (link)
O dia 04 de julho marcou os 30 anos de surgimento do Foro de São Paulo. Walter Sorrentino, Secretário de Relações Internacionais do PCdoB, em seu comentário semanal sobre geopolítica, fala sobre essa articulação multilateral, que vive “na mira de ataques caluniosos e virulentos da extrema-direita e do neofascismo”.
Grupo de Puebla propõe reforma fiscal e renda básica frente à crise na América Latina (link)
A América Latina é o foco da pandemia da covid-19. É também um dos continentes que mais sofrem as consequências da crise econômica gerada – e agravada ― pelo coronavírus, com uma queda estimada do PIB para 2020 de 9,4%, de acordo com as projeções do FMI. O Grupo de Puebla, foro que reúne dirigentes políticos de centro-esquerda e esquerda da América Latina, propôs no dia 10/7, a aprovação de uma renda básica e um protagonismo maior do Estado como alternativas às políticas neoliberais para fazer frente à crise.
Ásia
Aprovada Lei de Segurança Nacional de Hong Kong
Foi aprovada, na China, no dia 30/6 a nova lei de segurança nacional para Hong Kong. A lei já havia sido aprovada pelo plenário do Congresso chinês, mas ainda faltava o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, uma espécie de mesa do congresso, aprovar. Houve uma votação unânime de aprovação por parte dos 162 membros do Comitê Permanente. A lei entrou em vigor no dia 1º. de julho, data de aniversário de 23 anos do retorno da soberania sobre o território da ilha do Reino Unido para a China. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Vietnã, um exemplo de confronto com o novo coronavírus (link)
Quase seis meses após o surto do novo coronavírus, o Vietnã mostra algumas estatísticas que o confirmam como um dos países mais bem-sucedidos no enfrentamento à pandemia. Artigo de Alberto Salazar.
PC da China comemorou 99 anos próximo dos 92 milhões de membros (link)
Em 1º de julho, o Partido Comunista da China (PCCh) comemorou seus 99 anos de fundação chegando a 91,9 milhões de membros. A maior parte dos 91,9 milhões de filiados é de trabalhadores rurais (25,4 milhões).
Eurásia
Vitória da extrema-direita na Polônia
O atual e ultraconservador presidente Andrzej Duda, candidato pelo PIS (Lei e Justiça) venceu o segundo turno das eleições polonesas, no dia 12/7, com 51,03% dos votos. Seu adversário, Rafal Trzaskowski, pelo PO (Plataforma Cívica) atual presidente da Câmara de Varsóvia, ficou com 48,97% dos votos. Uma eleição bastante polarizada. A participação também foi alta, pois quase 70% dos votantes compareceram. A plataforma política de Trzakowski defendia restabelecer as relações com Bruxelas, reverter a reforma judicial de Duda, restabelecer as liberdades democráticas, permissão da adoção de crianças por casais homoafetivos. Um dos grandes debates da eleição se deu sobre a influência da Alemanha no país. Líderes do PIS alegam que a oposição quer transformar a Polônia em um “apêndice da Alemanha”. Pela estreita margem da vitória, é possível que a eleição vá parar nos tribunais, apontam alguns analistas da Universidade de Varsóvia. Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Oriente Médio
Fatah e Hamas unem-se para combater o plano de anexação (link)
Fatah e Hamas concordaram, em reunião no dia 2 de julho, que cerrarão fileiras para combater o plano do primeiro ministro de extrema-direita Benjamin Netanyahu. Numa coletiva de imprensa conjunta, o membro do Comitê Central do Fatah, Jibril Rajoub, em Ramallah, e o vice-presidente do Hamas, Saleh Arouri, por vídeo, de Beirute, disseram que ambos os movimentos devem se unir na luta contra as maquinações israelense-estadunidenses contra a causa palestina. O presidente da Lista Conjunta e membro do Parlamento [de Israel] Ayman Odeh (Hadash) também participou da rara conferência conjunta Fatah-Hamas.
Por que Netanyahu ainda não executou a anexação da Palestina (link)
Quem acompanha a evolução dos acontecimentos no Oriente Médio, especialmente aqueles que apoiam a luta do povo palestino pela libertação nacional e a fundação do seu Estado soberano e independente, se pergunta se o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, desistiu do plano de anexação da Cisjordânia aguardado para o início do mês. Artigo de José Reinaldo Carvalho.
Síria repudia Conferência de Bruxelas: “mãos sujas com o sangue sírio” (link)
A Conferência de Bruxelas e os posicionamentos nela assumidos confirmam a insistência de EUA, UE e “regimes subordinados” nas políticas hostis contra a Síria, denunciou a diplomacia do país árabe.