Boletim i21 / 2ª Quinzena de Junho – Análises e informações sobre a conjuntura internacional
Internacionalismo
PCdoB condena voto contrário do Brasil à apuração dos crimes de Israel (link)
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em nota assinada por sua presidenta nacional, Luciana Santos, e divulgada no dia 20/6, fez uma contundente denúncia da postura da diplomacia brasileira, que, sob a orientação reacionária do governo Bolsonaro, mais uma vez se colocou contra o povo palestino.
Geopolítica
Tensão Índia-China
A fronteira da Índia com a China está sob tensão. É o primeiro conflito armado entre os dois países desde 1975. Aconteceu na região do Himalaya, em Ladakh. Há semanas a tensão está aumentando na região, que possui uma fronteira de 3500 quilômetros e nunca foi demarcada com precisão. Soldados de ambos os lados, mas especialmente indianos, reportam desrespeito das linhas demarcadas pelos oficiais dos dois países. Por Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Trump x Alemanha
Na segunda quinzena de junho, o presidente Trump esqueceu um pouco a China e focou em atacar a Alemanha. Declarou que a Alemanha não investe na OTAN e que vai reduzir o contingente militar dos EUA no país europeu. Tropas militares estadunidenses estão na Alemanha desde o final da Segunda Guerra Mundial, há uma confusão de números, mas presume-se que há entre 35 mil a 50 mil oficiais militares dos EUA no país. No seu tom chantagista já conhecido, Trump disse que vai retirar cerca de 10 mil militares, mas que eles poderão voltar caso o governo alemão invista mais na sua área de defesa. Segundo Trump, os alemães “não gastam suficiente” com defesa. Ele está se referindo ao fato da Alemanha não seguir a recomendação para os integrantes da OTAN de gastar 2% do seu PIB no setor da Defesa. Em 2019 a Alemanha gastou um 1,38% do seu PIB neste setor (dados de reportagem do O Globo). Outro ataque reiterado à Alemanha e deste já falei muitas vezes aqui nestas notas, é quanto a oposição de Trump à construção do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha. Os EUA apertaram ainda mais as sanções econômicas às empresas envolvidas na construção. O trabalho final de construção do gasoduto está parado desde dezembro na região da Dinamarca, segundo a DEA (Denmark’s Energy Agency), quando embarcações com âncoras de uma empresa suíço-alemã foi impedida de finalizar cerca de 120 km do oleoduto nas águas dinamarquesas. O aperto dos ataques de Trump a Merkel ocorre em momento em que ele precisa de inimigos externos para mostrar seu poderio para seu público interno. Ele também se irritou com a recusa da chanceler de participar de uma reunião presencial da cúpula do G7. Os EUA estão na presidência do bloco e Trump insiste que a reunião seja presencial, inicialmente junho e agora marcada para o segundo semestre sem data precisa. Merkel disse que não participaria presencialmente por conta da pandemia. Por Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Xi Jinping anuncia cancelamento de dívida dos países africanos (link)
O presidente chinês Xi Jinping anunciou no dia 17/6 o cancelamento das dívidas dos países africanos, que foram contraídas sob a forma de empréstimos sem juros com seu governo e deviam ser pagos ainda este ano.
O aumento da tensão mundial e o desafio ao poder naval dos EUA (link)
Dois terços da superfície “terrestre” estão cobertos pela água dos mares; a maior parte dessas águas internacionais são “livres” e não obedecem a nenhum tipo de soberania que não seja a do “poder naval” das grandes potências marítimas de cada época e de cada região do mundo. Artigo de José Luis Fiori e William Nozaki.
Brasil protege Trump na ONU
Aconteceu no dia 17/6 um debate organizado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre racismo, brutalidade policial e violência contra manifestantes, ensejado pelo assassinato do norte-americano negro George Floyd por um policial branco nos EUA. A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, se referiu ao assassinato como “um ato de brutalidade gratuita”, parte do “racismo sistêmico que prejudica milhões de pessoas de origem africana”. Segundo ela, é preciso combater “a herança do tráfico de escravos e do colonialismo”. O irmão de George Floyd, Philonise, participou da webconferência por vídeo e pediu à ONU “ajuda para os americanos negros” com a criação de uma comissão de investigação independente sobre a violência policial contra os afro-americanos, proposta feita por vários países africanos. No entanto, nos bastidores, os EUA, que estão fora do CDH, fizeram muita pressão para retirar a menção a esta comissão do documento final da reunião. A delegação brasileira na ONU foi uma das que atuou no sentido de proteger Trump de um documento mais duro por parte do CDH da ONU. Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, que vive em Genebra e sempre acompanha os bastidores da ONU, a representação do Itamaraty “não dirigiu sequer uma palavra de apoio à família da vítima e não citou os protestos pelas ruas em todo o mundo”, mas fez questão de enfatizar o importante “papel da polícia”. A delegação brasileira também se posicionou de forma contrária à criação de uma comissão de inquérito internacional para investigar os crimes cometidos nos EUA e outros países com situações semelhantes. Segundo a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, “o racismo não é exclusivo a nenhuma região específica”. Por Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Livro de Bolton torna imoral qualquer ataque à Venezuela (link)
John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos entre abril de 2018 e setembro de 2019, acaba de jogar na Casa Branca uma bomba cujos estilhaços podem acarretar efeitos devastadores neste final de mandato do presidente Donald Trump, comprometendo não só diferentes aspectos da política doméstica, como principalmente as relações exteriores daquela que, embora decadente, ainda é a maior superpotência do mundo. Artigo de José Reinaldo Carvalho.
Brasil vota de novo contra a Palestina, Fepal denuncia “aval ao genocídio” (link)
No dia 19/6 o Brasil votou mais uma vez contra a Palestina. Estava em debate uma resolução da ONU que proponha reconhecer que o direito internacional é válido nos territórios ocupados da Palestina, condenava a violência contra os palestinos e indicava que os criminosos respondam à justiça e ao Tribunal Penal Internacional.
Rússia alerta Polônia para “custos de segurança” ao tornar-se “linha da frente” (link)
Donald Trump referiu-se à possibilidade de mudar para a Polônia parte do contingente militar na Alemanha. A diplomacia russa disse que a Polônia deve estar ciente dos custos da obtenção do novo estatuto.
Discurso de ódio nas redes
O Facebook e outras redes sociais estão perdendo muito dinheiro com um boicote global puxado por movimentos anti racistas e anti discriminação de modo geral. A campanha se chama Stop Hate for Profit e anunciantes de peso estão deixando de patrocinar as redes enquanto não houver ações contra o racismo, discursos de ódio e fake news nas plataformas. O estopim da campanha foi com a recusa por parte do Facebook de criar alertas específicos para fake news e ameaças à democracia publicadas pelo presidente Trump. O custo maior para a rede, além do financeiro, pode ser de imagem.
Walter Sorrentino – Links de vídeos com comentários sobre Geopolítica
Evolução dos impactos negativos da pandemia na América Latina e Caribe
79 anos da invasão da URSS: Defender a verdade, aprender as lições da história
Anexação de território palestino deve ser repudiada com ações práticas
América Latina e Caribe
A Bolívia que defende a vida, a democracia e a soberania (link)
Nesta entrevista exclusiva, o candidato à presidência da Bolívia pelo Movimento ao Socialismo (MAS), Luis Arce Catacora, afirma a importância da realização das eleições no próximo dia 6 de setembro. “Não só para a retomada da democracia e da soberania – ultrajadas pelos que tomaram de assalto o poder contra o presidente Evo Morales”, avalia Arce, “mas para tornar efetiva a luta pela vida contra o coronavírus, uma vez que o governo Áñez está marcado pela ineficiência, improvisação e completo desconhecimento da realidade boliviana”, “agravado pela corrupção e nepotismo no combate à pandemia”.
EUA
EUA – A questão central (link)
As manifestações nos EUA intensificam-se após mais uma morte de um cidadão norte-americano negro, Rayshard Brooks, com dois tiros nas costas disparados pela polícia de Atlanta. A explosão de revolta e indignação à escala de massas na principal potência imperialista merece uma profunda análise. Pela sua dimensão e impacto na situação política interna dos EUA; pelas suas repercussões internacionais; e pelas instrumentalizações e manobras de que já está a ser alvo, dentro e fora dos EUA. Artigo de Ângelo Alves.
Vitória LGBT
A Suprema Corte dos EUA decidiu no dia 15/6, por seis votos a três, que homossexuais e transgêneros não podem sofrer discriminação no ambiente de trabalho por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A decisão é a mais importante para a comunidade LGBT dos EUA desde a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2015. Por Ana Prestes, em Notas Internacionais.
Europa
Eleições municipais na França: Onda verde e derrota de Macron
A França realizou no dia 28/6 o segundo turno das eleições municipais. O primeiro turno aconteceu em 15 de março, véspera da quarentena pela pandemia do novo coronavírus. Ambos os turnos tiveram queda na participação da população, principalmente porque o voto não é obrigatório e a pandemia gerou muitos debates sobre a conveniência ou não de se realizar as eleições com altas taxas neste momento delicado da saúde pública mundial. A França perdeu mais de 30 mil pessoas para a Covid-19. No primeiro turno faltaram às urnas 55% dos votantes e no segundo turno 60%. Lideranças como o próprio presidente Macron, o líder da esquerda Jean-Luc Mélenchon e a líder da ultra direita Marine Le Pen, todos se disseram muito preocupados com a altíssima abstenção. A votação não foi eletrônica, mas com o tradicional papel na urna, o que gerou um rígido protocolo para a acolhida dos votos. A eleição foi marcada por uma “onda verde” e uma derrota de Macron. Os Verdes venceram em Lyon, Bordeaux, Marselha e outras cidades de grande e médio porte. Seu partido é o EELV – Europa Ecologia Os Verdes. Em Paris foi reeleita a socialista Anne Hidalgo com mais de 50% dos votos. Sua adversária foi a ex-ministra da Justiça, Rachida Dati, candidata pelo partido conservador e ficou com 32% dos votos. A ultradireita alcançou a prefeitura de Perpignan, com mais de 100 mil habitantes, na fronteira com a Espanha. Há previsão de que Macron se pronuncie hoje (29) à nação, não tanto sobre as eleições, mas de forma indireta, pois vai falar sobre a Convenção Cidadã sobre o Clima que seu governo promoveu com 150 cidadãos eleitos por sorteio, para tratar de mudanças climáticas. O tema ambiental anda literalmente quente por lá (AFP, RFI). Por Ana Prestes, em Notas Internacionais.
África
Eduardo Mondlane, 100 anos do herói moçambicano (link)
Um dos fundadores da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o seu primeiro presidente, Eduardo Mondlane (1920-1969), barbaramente assassinado pelo colonialismo português, é hoje um símbolo maior da unidade nacional do povo moçambicano. Faz parte, com Samora Machel, Marcelino dos Santos, Josina Machel, Mateus Sansão Mutemba e outros patriotas, do panteão dos heróis nacionais de Moçambique. Em 20 de junho comemorou-se os 100 anos do seu nascimento. Artigo de Carlos Lopes Pereira.
Luta pela paz
Conselho Mundial da Paz apela à ONU pelo fim da ocupação israelense (link)
O Conselho Mundial da Paz (CMP), de que o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) é membro, enviou um apelo, no dia 29/6, ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e a chefes de Missões Diplomáticas na sede do órgão, em Genebra, contra o plano de Israel de anexar vastas porções de território palestino e pelo fim da ocupação militar.