Boletim i21 / Janeiro-Fevereiro 2020 – Análises e informações sobre a conjuntura internacional
INTERNACIONALISMO
PCdoB repudia agressão dos Estados Unidos contra Iraque e Irã (link)
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) expressou seu repúdio a mais um ato de agressão cometido pelos Estados Unidos, a mando do presidente Donald Trump, contra o Iraque e o Irã, na quinta-feira (2/1).
PCdoB: No Brasil e em El Salvador, derrotar a extrema-direita (link)
O Secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Walter Sorrentino, divulgou no dia 10/2 uma nota sobre os acontecimentos em El Salvador.
PCdoB: Solidariedade ao povo colombiano diante das ameaças a Jaime Caycedo (link)
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) considera extremamente grave a ameaça dirigida por um grupo paramilitar colombiano, contra a vida de Jaime Caycedo, Secretário-Geral do Partido Comunista Colombiano, e contra dirigentes do movimento popular e sindical.
Nexhmije Hoxha: Nota de pesar do PCdoB (link)
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) expressa suas sentidas condolências pela morte de Nexhmije Hoxha, importante personalidade albanesa, falecida em Tirana no último dia 26 de fevereiro, aos 99 anos.
José Reinaldo Carvalho: Nexhmije Hoxha, uma comunista (link)
O falecimento da camarada Nexhmije Hoxha, no último dia 26 de fevereiro, causa profunda tristeza nos comunistas e revolucionários. Artigo de José Reinaldo.
GEOPOLÍTICA
Vassalos (link)
O assassinato do general iraniano Qassem Soleimani por ordem de Trump veio uma vez mais pôr a nu a hipocrisia que reina na comunicação social dominante e a desonestidade intelectual de governantes e instituições, ONU incluída, que se dizem democráticos. Artigo de Anabela Fino.
“Imaginação sem limites”, diz França sobre ser “ameaça” ao Brasil (link)
Em nota, a Embaixada da França ironizou o documento da cúpula militar brasileira que aponta o país como uma “ameaça” para o Brasil. O comunicado, postado no perfil da embaixada no Twitter, afirma que os autores do relatório têm uma “imaginação sem limites”.
Bolsonaro reafirma embaixada em Jerusalém
Presidente Bolsonaro usou sua visita à Índia para voltar a proclamar a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Em entrevista ao canal de televisão DD Índia no dia 26/1, o presidente disse “Eu acho que no próximo ano deveremos estar na posição para possivelmente transferir nossa embaixada para Jerusalém”. Ana Prestes em Notas Internacionais.
Bernie Sanders, o homem que causa insônia em Bolsonaro e Paulo Guedes (link)
As garantias do ministro Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro de um 2020 com crescimento sustentado por investimentos externos dependem do fracasso de um senhor de 78 anos, 1,83 m de altura e jeito de avô ranzinza. Pré-candidato pelo partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, o senador Bernie Sanders pode vir a ser o motivo de insônia de Guedes e Bolsonaro. Artigo de Thomas Traumann.
Reino Unido e Huawei
O Reino Unido rompeu com a pressão dos EUA para que a empresa chinesa Huawei não participasse da construção de sua rede de telecomunicações 5G. O vice-presidente da Huawei disse à imprensa que a empresa “está tranquilizada pela confirmação do governo do Reino Unido de que podemos continuar trabalhando com nossos clientes para manter o lançamento do 5G nos trilhos”, segundo ele, “isso dá ao RU acesso à tecnologia líder mundial”. A Huawei foi banida dos EUA que a acusam de espionagem por parte de Pequim. O avanço da Huawei no mercado mundial do 5G será um dos grandes testes da hegemonia norte-americano no mundo no próximo período. Ana Prestes em Notas Internacionais.
Novo Nafta
Um novo NAFTA foi assinado no dia 29/1 na Casa Branca. O tratado com Canadá e México possui cerca de 2000 páginas e demorou 2 anos para ser negociado. Segundo o negociador mexicano Jesús Seade, subsecretário de Exteriores para América do Norte, “se encerrou um capítulo de incerteza política e econômica na região”. O nome do acordo é TMEC e já foi aprovado no parlamento mexicano em dezembro e pelo estadunidense há duas semanas, falta ainda o parlamento canadense. Ana Prestes em Notas Internacionais.
Imperialismo total: Trump ataca países em desenvolvimento na OMC (link)
A Administração Trump tem se caracterizado por um profundo desrespeito, por parte dos Estados Unidos da América (EUA), à ordem jurídica internacional, em escala global. Artigo de Norval de Noronha Goyos.
Revisão dos Direitos Humanos?
O governo dos EUA quer fazer uma “revisão” do que são direitos humanos. Pode ser a maior revisão do termo desde a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, está na coluna de Jamil Chade. Podem ser afetados pela revisão os direitos sexuais e a proteção de minorias, como mulheres, imigrantes e comunidade LGBTQ. Um grupo de dez pessoas trabalha em uma Comissão sobre Direitos Inalienáveis, que é o nome que se deu para a restrição aos direitos humanos em geral e não surpreende que o Brasil tenha enviado representantes do Itamaraty e do Ministério de Direitos Humanos para as “audiências abertas ao público” realizadas até aqui. O Brasil tem sido representado por Ângela Gandra Martins nas interlocuções com o grupo. Ela é secretária nacional da Família do governo Bolsonaro. A comissão é comandada por Mary Ann Glendon, ex-embaixadora de Bush no Vaticano e conhecida por sua postura conservadora, “pró-família” e anti-ONU. Para justificar o trabalho de revisão, o secretário de Estado, Mike Pompeo teria dito que “órgãos internacionais designados a proteger os direitos humanos têm saído do caminho de suas missões ou foram corrompidos”. Hoje os maiores aliados dos EUA para pautar o tema no Conselho de Direitos Humanos da ONU são o Brasil, a Polônia e a República Tcheca. Entidades da sociedade civil como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch já alertaram sobre os perigos aos direitos humanos representados por uma suposta revisão, assim como parlamentares democratas alertaram em carta que a comissão trabalha às margens do Congresso e que seus membros possuem “opiniões hostis aos direitos das mulheres ou apoiam posições contrárias às obrigações do tratado dos EUA”. Ana Prestes em Notas Internacionais.
AMÉRICA LATINA E CARIBE
Cuba desmascara mentiras de golpistas bolivianos sobre suspenção de relações diplomáticas (link)
O Ministério das Relações Exteriores cubano divulgou, no dia 25/1, uma nota onde desmascara uma a uma as alegações do governo boliviano sobre o rompimento de relações diplomáticas.
Rolando González: Em Cuba construímos uma sociedade humana e solidária (link)
Em discurso no dia 28/1, em Brasília, na solenidade promovida pela embaixada cubana em comemoração ao 61° ano da Revolução e ao 167° aniversário de José Martí, Rolando González, encarregado de negócios da embaixada de Cuba no Brasil, fez uma ampla denúncia do bloqueio promovido pelos EUA, rechaçou as “mentiras e calúnias” sobre seu país e garantiu: “não cederemos um milímetro na defesa da independência, da soberania e da justiça social, nem renunciaremos à solidariedade com os povos que lutam e resistem”.
Plebiscito no Chile
Está convocado para 26 de abril o plebiscito constitucional chileno. A população será perguntada se aprova ou não a substituição da Constituição de Pinochet de 1980. As pesquisas de opinião tem dado cerca de 70% de chance de vitória para o rechaço a atual constituição. Enquanto isso, Piñera alcança índices históricos de impopularidade de um presidente no período democrático. Somente 6% dos chilenos aprovam sua administração. As pesquisa também apontam para um descredito geral nas instituições, sendo que 6% confiam no Ministério Público, 5% no Governo, 3% no Congresso e 2% nos partidos (fonte: CEP – Entro de Estudos Públicos). Ana Prestes em Notas Internacionais.
El Salvador: FMLN condena plano golpista do governo (link)
A Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN) denunciou, no dia 9/2, perante o povo salvadorenho e a comunidade internacional a execução de um plano de golpe de Estado pelo atual governo de El Salvador.
Colômbia: Paramilitares ameaçam dirigente comunista Jaime Caycedo (link)
Em nota emitida no dia 13/2 o Partido Comunista Colombiano denuncia a ameaça de grupos paramilitares ao secretário-geral do PCCol, Jaime Caycedo e a diversos outros líderes do movimento popular.
Pesquisadores do MIT desmentem OEA sobre fraude na eleição boliviana (link)
Divergindo do engodo da OEA, o documento dos pesquisadores lança luz sobre a trama para sustentar os golpistas.
EUA
EUA: sindicalismo, imperialismo e anticomunismo (link)
Durante o século 20, o governo dos EUA foi repetidamente adversário de movimentos de esquerda e apoiou ou promoveu golpes de Estado em todo o mundo, com o apoio e ajuda de líderes sindicais estadunidenses.
Trump escapa
Como já era esperado, o Senado dos EUA declarou Trump inocente das acusações que pesavam sobre ele de que o presidente abusou de seu poder para segurar uma ajuda militar à Ucrânia em troca de investigações contra adversários políticos, no caso o ex-vice presidente Joe Biden e seu filho por negócios no país de Zelensy. Dos 100 senadores, 52 votaram com ele. O republicano Mitt Romney foi o único do partido de Trump que votou pelo impeachment. Um dia antes, Trump havia feito o anual discurso sobre o Estado da União. Enquanto ele falava, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi rasgava o discurso do presidente. O discurso foi na prática o lançamento de sua nova candidatura à presidência. Ele focou seu discurso na retomada econômica e redução do desemprego no país, segundo ele possíveis com um processo de desregulamentação (direitos trabalhistas). Se gabou também de impor tarifas à China, que “rouba empregos” do país. De ter relançando um novo Nafta, o TMEX. Anunciou que até 2021 o muro da fronteira com o México terá mais de 800 quilômetros. Com a presença do autoproclamado Juan Guaidó, da Venezuela, o presidente americano disse que “a tirania do governo Maduro será esmagada”. Fez chantagem com o Irã, dizendo que as sanções americanas estão fazendo a economia iraniana ir mal, mas depende de Teerã “deixar o orgulho ou a burrice e pedir ajuda”. Trump ainda defendeu sua proposta de acordo entre Israel e Palestina para “trazer mudanças para milhões de jovens” (o acordo é rechaçado pela Palestina e a Liga Árabe). Ana Prestes em Notas Internacionais.
ÁSIA
A China pode crescer mais? (link)
A China cresceu, pelo menos, o dobro da média mundial e dos Estados Unidos. Ao menos seis vezes mais que a Alemanha e sete vezes em comparação com o Brasil. Artigo de Elias Jabbour.
China: “O vírus será derrotado, assim como a primavera chegará” (link)
Em documento enviado pela Embaixada da China no Brasil no dia 30/1, o governo chinês detalha as medidas tomadas para combate ao Coronavírus.
Epidemiologista chefe da China confiante em controlar a situação até final de abril (link)
Na manhã do dia 27/02 o Gabinete de Informação do Governo Municipal de Guangzhou organizou uma coletiva de imprensa para atualização da situação do coronavírus. Zhong Nanshan, o epidemiologista responsável pelas operações de combate ao novo coronavírus (COVID-19) na China, outrora também coordenador das operações de contenção da pneumonia atípica (SARS), respondeu a algumas perguntas da imprensa.
EUROPA
PC da Espanha: “encaramos o futuro com otimismo e responsabilidade” (link)
Participando do governo pela primeira vez desde que a heroica república espanhola foi derrubada pelo fascismo em 1936, o Partido Comunista da Espanha (PCE) emitiu, no dia 12/1, uma nota oficial, assinada pelo secretário-geral Enrique Santiago, onde comenta a participação do partido no governo em dois ministérios (Trabalho e Consumo).
Consumado o Brexit
Depois de muitas idas e vindas, o Brexit chegou. Pelo menos formalmente. No dia 29/01 o Parlamento Europeu aprovou por 621 votos a favor, 49 contra e 13 abstenções a saída do Reino Unido da União Europeia. Ao final da votação, os parlamentares se levantaram e cantaram a canção Auld Lang Syne, uma espécie de hino à amizade ou um recado de “não esqueçam os velhos amigos”. O Reino Unido já não terá mais assento nas Cúpulas Europeias e perde também suas cadeiras no Parlamento Europeu. Esse era o último passo formal que faltava para selar o divórcio. Começa agora um longo período de transição, pelo que dizem os analistas. Durante esse período, o país ainda fica sob a jurisdição do Tribunal de Justiça da UE. Ana Prestes em Notas Internacionais.
PC Português: Brexit foi decisão soberana do povo (link)
Os deputados do Partido Comunista Português (PCP) no Parlamento Europeu votaram favoravelmente, no dia 29/1, a saída do Reino Unido da União Europeia e apresentaram uma declaração de voto.
Nacionalismo progressista do Sinn Féin conquista resultado eleitoral histórico e pode governar a Irlanda (link)
Com resultado inédito na eleição geral do dia 8/2, o partido progressista Sinn Féin, nascido do movimento republicano e independentista face à colonização britânica, iniciou negociações para formar um governo. Em primeiro lugar no voto popular e em segundo no número de parlamentares eleitos, o Sinn Féin comemora seu avanço eleitoral com a chance de governar a Irlanda. Artigo de Moara Crivelente.
EURÁSIA
Apoio a Stalin cresce na Rússia; sindicato pede a volta de Stalingrado (link)
Uma pesquisa feita pela BBC revelou que 51% dos russos admiram o revolucionário comunista Josef Stalin (1878-1953), o mais longevo líder da União Soviética (URSS). O percentual aumenta quando questionados sobre o papel de Stalin na história russa – 70% afirmam que sua atuação foi “positiva”.
ORIENTE MÉDIO
Ultimato do século: EUA apresentam plano de tomada da Palestina (link)
Foram retumbantes a ausência dos palestinos e o regozijo do primeiro-ministro israelense no anúncio do plano de Donald Trump, no dia 28/2, que em seu linguajar promocional apresenta o que é um ultimato como “acordo do século”. Artigo de Moara Crivelente.
Jamil Murad: Apoio de Bolsonaro ao plano de Trump para a Palestina é movido por interesses espúrios (link)
Bolsonaro cinicamente dizia, quando candidato, que sua política externa seria “desideologizada”. Ao contrário da falsa promessa, nunca antes o Brasil portou-se, no cenário internacional, com tal grau de contaminação ideológica, desconsiderando os interesses nacionais, rompendo toda uma tradição da diplomacia brasileira construída por gerações de homens e mulheres dos mais diversos perfis ideológicos.
Liga árabe rejeita de forma categórica plano de Trump para a Palestina (link)
Em reunião realizada no dia 1º/2, os ministros das relações exteriores da Liga Árabe decidiram rejeitar o autodenominado “acordo do século” salientando que os países da Liga Árabe “não se envolverão com este acordo tendencioso nem cooperarão, de qualquer forma, com a administração dos EUA em sua implementação”.
ONU divulga relatório sobre empresas ligadas às colônias israelenses e seu impacto sobre os direitos dos palestinos (link)
Após quatro anos de espera, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos liberou no dia 12/2 um relatório sobre as empresas ligadas às colônias israelenses em território ocupado da Palestina, listadas numa base de dados. Artigo de Moara Crivelente.
Guerra na Síria
A prolongada guerra na Síria ganhou novamente atenção da imprensa mundial nos últimos dias. As últimas batalhas na região de Idlib, noroeste do país e fronteira com a Turquia, considerado último reduto de forças rebeldes contra Assad, têm provocado um êxodo civil de grandes proporções. Calcula-se que quase um milhão de pessoas estejam se deslocando, provocando a maior crise de “desplazados” sírios desde o início da guerra em 2011. A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michele Bachelet fez um apelo pelo fim dos combates e a criação de corredores humanitários para que os civis possam escapar em segurança das zonas de conflito. Os ataques das forças sírias e russas a grupos que desafiam o governo de Assad tem provocado também uma escalada de tensão com a Turquia. Erdogan ameaçou Putin de não respeitar as fronteiras de Idlib e nem o recente acordo de Sochi caso seus soldados e civis sejam atingidos nos combates. Por sua vez, o porta voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu que a Turquia não está fazendo nada para “neutralizar os terroristas”. O ministro da Defesa da Rússia também se pronunciou dizendo que “a verdadeira causa da crise na zona de Idlib é, infelizmente, o fracasso de nossos colegas turcos em cumprir com suas obrigações de separar os militantes da oposição moderada dos terroristas”. O acordo entre Rússia e Turquia firmado em Sochi, balneário russo no Mar Negro, em outubro de 2018, estabeleceu que Turquia e Rússia passariam a controlar juntas a maior parte da fronteira turco-síria onde estão presentes as forças curdas que almejam uma parte do território que reivindicam como seu na região e fazem oposição a Erdogan. Com o acordo, a Rússia tinha expectativa de que as forças curdas atuassem em prol do regime de Assad, pois com a Síria fortalecida seria mais fácil negociar com os turcos uma coexistência entre turcos e curdos no território. Bom lembrar que os EUA, transitoriamente aliados aos curdos “no combate ao EI”, tiraram suas tropas dessa região em outubro passado, em um ato considerado de traição pelos curdos. Como diz Pepe Escobar, a região é um verdadeiro jogo de xadrez e longe de ser para iniciantes. Ana Prestes em Notas Internacionais.