Especial - Centenário do Partido Comunista da China

Walter Sorrentino sobre o centenário do PC da China: “Epopeia histórica”

A Universidade Renmin da China, através da sua Academia de Marxismo, promoveu, no dia 11/06, uma Conferência Acadêmica Internacional, virtual, intitulada: “Resplendor e missão: o centenário do Partido Comunista da China e o mundo”. Walter Sorrentino, Secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), integrou o painel de palestrantes.

Guo Yezhou, Vice-Ministro do Departamento Internacional do Comitê Central do PCCh, foi um dos dirigentes chineses presentes. O evento contou com a participação de dirigentes comunistas da África do Sul, Cuba, Vietnã, Nepal, Zimbábue, Tanzânia, Chile e Argentina. Além do PCdoB, o Brasil também esteve representado por dirigentes do Partido do Trabalhadores (PT). Leia, abaixo, a íntegra da exposição de Walter Sorrentino.

Celebramos o centenário do PC da China, que liderou seu povo no soerguimento nacional e hoje conduz a epopeia histórica do mais avançado experimento de desenvolvimento econômico, social e científico do mundo.

Isso demonstra que há, sim, alternativas ao neoliberalismo e imperialismo, à neocolonização e guerras, opressão e retrocessos civilizatórios.

O socialismo viveu sua infância no século 20, dando contribuições inestimáveis à civilização. A China, aprendendo com a experiência, partindo de suas singularidades, abre caminho hoje a uma fase mais madura.

Vivemos o tempo de uma Nova Luta pelo Socialismo, atendendo ao espírito da época. Os êxitos da China e seu papel no mundo constituem reserva estratégica direta de grande valor para esse novo ciclo de lutas.

A realidade reclama governos para servir ao povo, focar nas pessoas. Mais do que palavras, o fim da pobreza, grande realização do governo chinês, assim como o enfrentamento da terrível pandemia da COVID-19, mostrou ao mundo a superioridade do socialismo.

Socialismo é humanização, impulso civilizatório, indissoluvelmente ligado à defesa da natureza. Expressa a exigência de sermos uma comunidade de destino comum, em prol do desenvolvimento com benefícios recíprocos para todos, num sistema internacional de multilateralismo e de paz mundial.

Isso convoca os comunistas a desvendar as profundas mudanças morfológicas de nossas sociedades, a multiplicidade de contradições econômicas, sociais e civis que é preciso interrelacionar com a contradição fundamental capital x trabalho.

Instiga a formular rupturas e transições entre capitalismo e socialismo, Estado e Mercado, liberalismo e democracia popular, sempre fincados no solo nacional, em singulares formações econômico-sociais e de características de suas lutas de classes, que se herdam.

Demanda caminhos para garantir a independência nacional, a autonomia do Estado nacional para impulsionar o desenvolvimento soberano.

Impõe o desenvolvimento de forças produtivas para o progresso material e espiritual dos povos, sem o quê o socialismo será sempre um experimento primário.

Nada disso se faz sem uma teoria científica. O marxismo é essa teoria e deve evoluir com o tempo, ter ousadia para dar novas respostas aos problemas. Reclama, portanto, coragem teórica, pois a luta de ideias também é escarpada e as acomodações destroem nosso ideário.

O sucesso do desenvolvimento chinês dá grandes esperanças. É grande mérito do PC da China, de suas sucessivas gerações dirigentes, desde Mao, Deng Xiaoping e até o líder Xi Jinping.

Avançando a fundo na fronteira das ciências sociais, a China põe em tela novos padrões do desenvolvimento, utiliza as grandes aquisições científicas e tecnológicas como inovações que permitem patamares superiores do planejamento econômico e do sistema de governança.

Mediante a engenharia política, econômica e social mais avançada de nosso tempo, emerge na China uma nova formação econômico-social. Nela convivem diferentes formas de produção e de troca, sendo a socialista predominante, com amplo domínio da propriedade pública sobre as grandes empresas, o que retira do setor privado o poder sobre o investimento.

Por evidente, isso não se constitui um novo “modelo” a-histórico. A teoria socialista nos exige ver o socialismo enquanto forma histórica concreta no tempo, fora da qual viveríamos de abstrações e fé.

É necessário inserir a fundo a perspectiva socialista na própria história de nossos países, segundo cada diferente nível de desenvolvimento das forças produtivas e de acúmulo das lutas de classes, para descortinar caminhos próprios de transição ao socialismo. O Brasil e a América Latina necessitam muito desses rumos na luta anti-imperialista e anti neoliberal.

Fazer avançar a teoria marxista do socialismo científico é um dos maiores desafios de nosso tempo. É preciso ressignificar a fundo o que são os comunistas, pelo que lutam, como são compreendidos pela sociedade, tornar tangível aos olhos dos trabalhadores e do povo o Programa que apresentam à nação, adequar sua identidade ao espírito do tempo. E formarem uma poderosa corrente de massas e eleitoral em cada país.

Saúdo este Seminário como marco que renova o resplendor da missão que têm os partidos comunistas já centenários, bem como o registro da elevada amizade do PCdoB com o PC da China.

 

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