A terra palestina e o nascimento de um mundo melhor
Hoje, (30/03) é o Dia da Terra Palestina, data em que lembramos a greve geral e as passeatas da população palestina – da Galileia ao Al Náqab – em 30 de março de 1976. Esses protestos, contra a expropriação de terras palestinas pelo governo israelense para a construção de assentamentos judaicos, foram duramente reprimidos pela polícia e pelo exército de Israel. Seis árabes foram mortos e centenas ficaram feridos e/ou foram presos.
Por Ualid Rabah*
Todos os anos, esta data é relembrada em atos, por palestinos e defensores dos direitos humanos, para reforçar o repúdio à ocupação e para defender o Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). Como o nome já diz, este é um movimento que pressiona o mundo todo e os organismos internacionais a bloquearem investimentos em Israel, a exemplo do que levou ao fim do regime de segregação racial na África do Sul, conhecido como apartheid. Investimentos que, invariavelmente, acabam financiando a violência de Estado.
Lembrar o Dia da Terra é também uma forma de pressionar pelo fim das atividades do Fundo Nacional Judeu. Em 1948, quando 750.000 palestinos foram expulsos de suas casas por milícias sionistas, formadas por estrangeiros recém-chegados à Palestina, para que Israel pudesse nascer, suas propriedades foram transferidas para esse fundo, que desde então financia a venda de terras exclusivamente para judeus.
Sabemos que as atenções do mundo neste momento estão voltadas para a contenção do coronavírus. O povo palestino também está sofrendo com isso, isolado pela ocupação, refém de um bloqueio econômico que impede a entrada de recursos e fragiliza seu sistema de saúde interno. E é em um momento de calamidade como esse – em que todos os povos civilizados estreitam seus laços de solidariedade – que fica ainda mais evidente a brutalidade do isolamento e do apartheid.
Temos esperança de que um mundo melhor nascerá depois dessa pandemia. De que projetos de poder baseados no ódio e na segregação serão em breve soterrados pelos seus próprios abusos e preconceitos. De que a insensatez desses falsos profetas seja confrontada por uma consciência coletiva que exige mais equilíbrio, respeito e compaixão. O que não falta – para nós, palestinos – é esperança. E força para resistir aos descalabros dessa campanha de extermínio.
* Presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL)