Luta dos povos

PC Francês une celebração e luta na Festa do L’Humanité

Fabien Roussel (Secretário Geral do PCF) discursa na tradicional festa dos comunistas franceses

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), com uma delegação encabeçada pela Secretária de Relações Internacionais, Ana Prestes, participou da tradicional festa do L’Humanité, que ocorreu de 13 a 15 de setembro. No texto abaixo, o camarada Alexandre Santini nos reporta o clima da combativa comemoração dos comunistas franceses.

A Festa do l’Humanité completará 100 anos em 2026 e, sendo o maior evento político-cultural da França, é um importante termômetro da conjuntura do país. A política não é o único item no menu deste festival multitudinário e megadiverso, que conta com dezenas de atrações artísticas, feira de livros, debates, exposições, e uma ampla variedade de opções gastronômicas da cozinha francesa e de países dos cinco continentes.

por Alexandre Santini

Mas o ato político principal da Festa atraiu os holofotes da cena política nacional. Fabien Roussel, secretário-geral do Partido Comunista Francês (PCF), fez um discurso contundente, criticou o Presidente Emmanuel Macron, atacou a extrema-direita, elencou os pontos prioritários do programa apresentado pelo Partido Comunista nas últimas eleições, fez apelos pela paz no mundo e defendeu a criação do Estado Palestino.

Junto a diversos dirigentes políticos e sociais e parlamentares eleitos pelo PCF, reunidos no Palco Angela Davis, diante de uma multidão de milhares de pessoas, Roussel definiu Macron como “o campeão olímpico do desemprego e da desigualdade” e defendeu uma grande mudança nos rumos do país. “Contra a ditadura do dinheiro, o que os comunistas tem a propor é que o povo francês volte a inventar os seus dias felizes”, exortou Russel, que defendeu uma política de reindustrialização do país, com compromisso ambiental e social, aumentando a geração de empregos, “uma indústria a serviço da nação”.

Esquerda em ascensão na França

O Partido Comunista Francês integra a coalizão de centro-esquerda Nova Frente Popular (NFP), que nas últimas eleições legislativas realizadas em julho conseguiu uma vitória histórica no segundo turno, ao conquistar 193 cadeiras no parlamento, ficando à frente da coligação centrista Ensemble, de Macron, e do partido de extrema-direita Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, respectivamente em segundo e terceiro lugares.

O resultado final destas eleições significou um grande revés para a extrema-direita, que chegou a vencer o primeiro turno, mas terminou derrotada pela Frente Ampla que reuniu a esquerda (NFP) e o centro (Ensemble) em uma tática eleitoral comum, isolando Marine Le Pen e seu grupo extremista.

A Nova Frente Popular é uma coalizão que reúne diversos partidos e forças progressistas, como o França Insubmissa, liderado por Jean-Luc Melenchon, os Ecologistas, o Partido Socialista e o próprio PCF, entre outros agrupamentos menores. No momento, a NFP debate a formação de um governo de coalizão que lhe garanta maioria no parlamento, já que nenhuma força política obteve a maioria absoluta dos votos.

Em uma das muitas metáforas poéticas de seu discurso, Fabien Roussel deu o tom de qual será o papel dos comunistas franceses neste próximo ciclo político: “vamos recuperar a cor vermelha da bandeira da República Francesa. O vermelho da revolução francesa”.

Convidada a comentar suas impressões sobre a Festa do L’Humanité, a ativista norte-americana Angela Davis declarou: “Essa é a minha terceira vez na Festa do L’Humanité. E a cada vez que venho, saio um pouco mais revolucionária.”

 

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