Raúl Castro: Trabalhar pela “unidade na diversidade” é uma necessidade urgente
Neste domingo (2) a edição do jornal cubano Granma publicou um artigo assinado pelo 1° Secretário do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro, onde ele conclama o povo cubano à unidade e à resistência frente ao imperialismo que redobra os ataques contra Cuba. Leia a íntegra, abaixo.
Novamente, um cenário adverso foi criado e novamente a euforia em nossos inimigos ressurge e a pressa em tornar realidade o sonho de destruir o exemplo de Cuba. Não será a primeira e nem a última vez que a Revolução Cubana terá que enfrentar desafios e ameaças. Corremos todos os riscos e resistimos invictos 60 anos.
Para nós, como para a Venezuela e Nicarágua, é claro que o cerco está se estreitando e nosso povo deve estar alerta e pronto para responder a cada desafio com a unidade, força, otimismo e fé inabalável na vitória.
Após quase uma década implementando os métodos de guerra não convencional para impedir a continuação ou retardar o retorno de governos progressistas, os círculos do poder em Washington patrocinaram golpes, primeiro um militar para derrubar em Honduras o presidente Zelaya e mais à frente foram para os golpes parlamentares-judiciais contra Lugo no Paraguai e Dilma Rousseff no Brasil.
Promoveram processos judiciais fraudulentos e politicamente motivados, bem como campanhas de manipulação e descrédito contra líderes e organizações de esquerda, fazendo uso do controle monopolista sobre a mídia de massas. Dessa forma, conseguiram prender o camarada Lula da Silva e privaram-no do direito de ser candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores para evitar sua vitória nas últimas eleições. Aproveito esta oportunidade para apelar a todas as forças políticas honestas no mundo para exigir a sua libertação e o fim dos ataques e a perseguição judicial contra as ex-presidentas Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner.
Aqueles que estão empolgados com a restauração da dominação imperialista em nossa região devem entender que a América Latina e o Caribe mudaram e o mundo também.
Nunca foi mais necessário marchar efetivamente pelo caminho da unidade, reconhecendo que temos muitos interesses em comum. Trabalhar pela “unidade na diversidade” é uma necessidade urgente.
Para alcançá-la, se requer um estrito apego à proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, assinada pelos Chefes de Estado e de Governo em Havana, em janeiro de 2014, na qual nós nos comprometemos “com o cumprimento estrito de sua obrigação de não intervir, direta ou indiretamente, nos assuntos internos de qualquer outro Estado” e resolver as diferenças pacificamente e “respeitar plenamente o direito inalienável de cada Estado para escolher seu sistema político, econômico, social e cultural”.
Nós, cubanos, estamos conscientes de que, sem o esforço sustentado do nosso povo para consolidar a capacidade defensiva do país, teríamos deixado de existir há muito tempo como uma nação independente.
Nossa segurança na vitória é baseada no sangue dos camaradas caídos e nos rios de suor despejados por milhões de cubanos ao longo de várias décadas, e particularmente nos últimos anos, que trabalharam para tornar realidade nosso principal objetivo de evitar a guerra.
O ninho de vespas terrível em que se converteriam todos os cantos do nosso país, repito, o ninho de vespas terrível em que se converteriam todos os cantos do nosso país, causaria ao inimigo um número muito maior de baixas do que a opinião pública norte-americana estaria disposta a aceitar.
O aumento da guerra econômica, com o fortalecimento do bloqueio e a contínua aplicação da Lei Helms-Burton, perseguem o velho desejo de derrubar a Revolução Cubana por meio da asfixia econômica e da penúria.
Esta aspiração já falhou no passado e falhará novamente.
O socialismo, sistema que é denegrido pelo governo dos Estados Unidos, defendemo-lo porque acreditamos na justiça social, no desenvolvimento equilibrado e sustentável, com uma justa distribuição da riqueza e as garantias de serviços de qualidade para toda a população; praticamos a solidariedade e rejeitamos o egoísmo, não compartilhamos o que nos resta, mas até o que nos falta; repudiamos todas as formas de discriminação social e combatemos o crime organizado, o tráfico de droga, o terrorismo, o tráfico de pessoas e todas as formas de escravatura; defendemos os direitos humanos de todos os cidadãos, não de segmentos exclusivos e privilegiados; acreditamos na democracia do povo e não no poder político e antidemocrático do capital; procuramos promover a prosperidade da pátria, em harmonia com a natureza e cuidando das fontes das quais depende a vida no planeta; e porque temos a certeza de que um mundo melhor é possível.
Em 60 anos contra as agressões e ameaças, nós, os cubanos, mostramos a vontade ferrenha de resistir e superar as circunstâncias mais difíceis. Apesar do seu imenso poder, o imperialismo não possui a capacidade de quebrar a dignidade de um povo unido, orgulhoso da sua história e da liberdade conquistada por tanto sacrifício. Cuba já mostrou que sim era possível, sim é possível e sempre será capaz de resistir, lutar e alcançar a vitória. Não existe outra alternativa.
Fonte: Granma