Luta dos povos

Revolução Cidadã do Equador: “Caminhamos para a vitória da esperança”

A chapa presidencial da Revolução Cidadã: Andrés Arauz (dir.) e Carlos Rabascall

A Revolução Cidadã, movimento integrante da coalizão União pela Esperança (UNES), avança rumo à vitória nas próximas eleições gerais no Equador, afirmou o ex-vice-chanceler e candidato a deputado da Assembleia Nacional nas próximas eleições gerais no Equador, Kintto Lucas.

Kintto Lucas, uruguaio de nascimento, é escritor e foi vice-chanceler do Equador

Em entrevista à Prensa Latina, Kintto Lucas fez um balanço da luta da organização, liderada pelo ex-presidente da República Rafael Correa, contra as tentativas de impedir sua participação nas eleições gerais, marcadas para 7 de fevereiro de 2021.

Seus comentários foram feitos no auge da comemoração, em âmbito nacional, da decisão do Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE), proferida no último dia 18 de outubro, contra uma impugnação do partido Agora, que pretendia eliminar dos registros o binômio presidencial Andrés Arauz-Carlos Rabascall.

Nem a chuva, nem as armadilhas, nem as perseguições detêm o povo. O caminho está traçado: caminhamos para a vitória da chapa de ‘la Esperanza’. Caminhamos unidos, nas mingas (reuniões comunitárias, N.E.), com todas as vozes, mãos e ventos, em uma cidade de cores para recuperar o futuro”, declarou.

Sobre o caminho que a UNES percorreu no contexto do processo eleitoral, Lucas alertou que a aceitação da chapa de la Esperanza quase se transformou em uma via crucis.

A realidade nos mostra que praticamente desde a perseguição a Rafael Correa, não se tentou apenas tirar do jogo aquele que eles sabiam que venceria as eleições pelo apoio popular que tem, mas tudo que poderia fazer parte de seu legado”, disse.

A este respeito, explicou que após a perda dos direitos políticos do ex-presidente, condenado no caso “Subornos” – amplamente denunciado como exemplo da judicialização da política no Equador e na América Latina – teve início a perseguição contra o grande conglomerado do chamado correísmo, entre eles Arauz e Rabascall.

Todas as armadilhas e pedras que colocaram no caminho fizeram parte do processo local para tentar liquidar não só o correísmo, mas o progressismo em geral, já que existe um processo internacional que ataca através da perseguição política e do golpe eleitoral”, frisou.

No caso do Equador, Kintto Lucas considerou que o protesto popular foi fundamental para manter a presença da UNES e da Revolução Cidadã na disputa, na qual serão representados pelo partido Centro Democrático.

Ficou demonstrado como o povo mobilizado tem um poder de convencimento muito importante, além de evidenciar internacionalmente o que estava acontecendo aqui, um golpe eleitoral, felizmente barrado por cidadãos e por pressões do exterior, que colocaram em evidência o desrespeito pela democracia no Equador”, advertiu.

Ele também comentou sobre os desafios da força progressista que reúne representantes de diversos setores da sociedade (camponeses, indígenas, intelectuais, mulheres, jovens, afrodescendentes, donas de casa, pessoas com deficiência, entre outros).

Embora a campanha oficial comece no próximo dia 31 de dezembro, a partir de agora vem um período de debate, de posicionamento nas comunidades, bairros, cidades, onde a mensagem da UNES e do progressismo vai chegar”.

Em sua opinião, esse será um processo de reivindicação da história das lutas sociais e políticas, e também consolidará uma nova proposta contra o neoliberalismo.

Ao oferecer o balanço geral das jornadas de manifestações, estendidas por quase uma semana em frente à sede do TCE, Lucas considerou a resistência social um triunfo indiscutível.

A respeito da Corte, considerou que de alguma forma ela assumiu importantes posições no sentido jurídico, já que era necessário reconhecer o cumprimento de todas as normas por parte da chapa.

No plano político, argumentou que a Revolução Cidadã é uma das forças mais aglutinadoras, deixá-la fora da eleição seria vetar a participação de um grande conglomerado de equatorianos. Não aprovar a continuidade da chapa na disputa acarretaria mobilizações de rejeição.

As pessoas estão indignadas com toda a realidade, com as mortes e repressão de outubro de 2019, com as milhares de mortes registradas devido à pandemia de Covid-19, com a negligência deste governo (…) e iam ficar muito mais indignadas se fosse eliminada a chapa que a massa começava a sentir que a representava, apontou o dirigente.

A partir de agora a tarefa é árdua e nosso dever é levar a mensagem do progressismo a todos os cantos do Equador”, insistiu.

Com larga experiência na política, o aspirante a legislador considerou que a Assembleia Nacional é um dos poderes com menos credibilidade hoje, pelo que um dos pontos fundamentais da nova legislatura será o de reconquistar a confiança do povo.

Nesse sentido, será necessário, primeiro, recuperar o vínculo com o povo, para o que é necessário legislar a favor dos setores populares”, disse.

A proposta da UNES inclui trabalhar a partir do parlamento em questões como soberania alimentar, pequenos e médios proprietários de terras, agricultura familiar camponesa, interculturalidade e plurinacionalidade, transformando em normas o que estabelece a Constituição, para envolver esses setores na participação do Estado.

Apesar de direitos conquistados, ainda há muito a fazer na consolidação das políticas públicas, apontou, citando como fundamental a reinstitucionalização do país, que qualificou de quebrada na esfera judicial, do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social e em geral.

Trabalhar com e para o povo é a máxima da Revolução Cidadã, da UNES e do Centro Democrático na disputa de 2021, quando os eleitores elegerão o próximo presidente, vice-presidente, membros da Assembleia Nacional e do Parlamento Andino.

Fonte: Prensa Latina, texto de Sinay Céspedes Moreno, correspondente no Equador / Tradução da Redação do i21

 

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