Notas internacionais
– Duas notícias vindas do Brasil repercutiram na imprensa internacional no começo desta semana. A primeira foi a do bloqueio de contas promovido pelo Whatsapp, diante da proliferação de mensagens falsas via o aplicativo. A segunda foi a da declaração feita no domingo pelo presidenciável J.B. com o anúncio de que o Brasil viverá uma limpeza nunca antes vista na história do país.
– O facebook também eliminou ontem (22) 68 páginas e 43 contas associadas ao grupo Raposo Fernandes Associados, a maior rede de apoio à candidatura Bolsonaro na plataforma.
– Após muitas controvérsias sobre o número de centro-americanos, hondurenhos em sua maioria, que marcham rumo aos EUA, a ONU anunciou ontem um número de 7000 pessoas. Muitas já atravessam o território mexicano e algumas ainda estão chegando.
– Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, realizou uma série de reuniões no final de semana para debater a situação da marcha de cidadãos da América Central que marcham para tentar ingressar nos EUA. Hoje (23) ele tem um encontro com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
– Diante do avanço da caravana, que saiu de Honduras em 13 de outubro, Trump anunciou ontem (22) que vai cortar ou reduzir ajuda externa que Washington fornece para Guatemala, Honduras e El Salvador. Para o ano fiscal de 2018, a USAID já distribuiu 15 milhões de dólares para Honduras, 52 milhões para Guatemala e 20 milhões para El Salvador. Esses valores já são resultado de um corte de 40% realizado pela gestão Trump.
– A Guatemala fechou suas fronteiras com Honduras e México por tempo indeterminado.
– Por trás do rompimento de Trump com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) com a Rússia, um dos pilares do fim da guerra fria, está a pressão dos militares norte-americanos de maior possibilidade de armamento diante da competição com novas potências como a China e a Índia.
– O jornalista saudita, Jamal Khashoggi, assassinado após entrar no consulado da Arábia Saudita, localizado na capital turca, tinha acesso à casa real saudita, tendo trabalhado por muito tempo com um dos filhos do rei, o príncipe Turki al-Faisal, que foi chefe da inteligência saudita e embaixador do país na Grã-Bretanha e nos EUA, segundo o jornalista norte-americano Fareed Zakaria, que convivia com ele no W.P.. Khashoggi era um crítico das últimas medidas do príncipe herdeiro, mas não era um radical. A relevância de sua opinião dentro da casa real pode ter motivado sua morte, segundo o colega de jornal.
– O presidente turco Erdogan afirmou hoje (23) que três grupos de cidadãos sauditas chegaram a Istambul em voos separados nos dias e horas que antecederam o assassinato. Alguns foram para a floresta de Belgrad, próxima do consulado e onde o corpo do jornalista tem sido procurado. Dezoito pessoas já foram presas pela polícia turca.
– Como represália pela morte obscura do jornalista saudita Jamal Khashoggi, a premiê alemã Angela Merkel anunciou ontem a suspensão da venda e armas para a Arábia Saudita, o mesmo movimento foi feito pelo primeiro ministro canandense, Justin Trudeau.
– Segue o impasse em relação à aldeia beduína de Khan Al-Ahmar localizada na parte do território palestino ocupado por Israel na Cisjordânia. Nos últimos dias houve comemoração pelo fato da demolição da aldeia ter sido adiada, mas autoridades israelenses já dizem que a presença da aldeia é uma ameaça à soberania de Israel e deve ser demolida como demonstração ao mundo do poderio de Israel sobre o território. Segundo israelenses mais radicais, a presença da aldeia garante à autoridade palestina um território contíguo de Belém a Jericó e a Ramallah, o que não pode ser tolerado.
– Governo Trump cogita definir gênero como uma condição biológica e imutável determinada pela genitália no momento do nascimento. A medida acabaria com o reconhecimento de cerca de 1,4 milhão de americanos que optaram por se definir como de gênero diferente do nascimento. A ação vai contra os avanços da gestão Obama que reconheceu gênero como uma escolha individual e não determinada pelo sexo atribuído no nascimento.
– Em resposta aos protestos em Londres do fim de semana, pedindo novo referendo sobre o Brexit, a primeira ministra Theresa May anunciou ontem (22) que os termos do “divórcio” com a União Europeia estão prontos em 95%. Um dos impasses ainda é a definição sobre a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte. Um parlamentar trabalhista brincou com a declaração de May: “Eu deveria lembrar que 95% da viagem do Titanic foi completada com sucesso?”.
– China inaugurou a maior ponte marítima do mundo. A ponte, que interliga Hong Kong, Macau e a China, é continental e possui 55 km.
– Papa Francisco recebeu o novo presidente colombiano (desde 7 de agosto), Ivan Duque e comitiva no Vaticano. Pediu paz na Colômbia.
– O presidente de Camarões, Paul Biya, um senhor de 85 anos e que está há 36 no poder, foi reeleito para mais um mandato de 7 anos. Ele é o mais antigo líder da África subsaariana. A maioria dos camaroneses vivem na pobreza e há nesse momento uma rebelião por secessão nas regiões noroeste e sudoeste do país com centenas de mortos e feridos.
– O ex-vice presidente do Equador, Jorge Glas, que está preso após ser condenado por receber suborno da Odebrecht, começou ontem (22) uma greve de fome. A greve é uma denúncia com relação às condições de sua prisão, após sua transferência de uma prisão em Quito, para uma das maiores do país, em Latacunga, ao sul do Equador.
Ana Maria Prestes
A Cientista Social Ana Maria Prestes começou a sua militância no movimento estudantil secundarista, foi diretora da União da Juventude Socialista, é membro do Comitê Central e da Comissão de Política e Relações Internacionais.