Notas Internacionais

Notas internacionais (por Ana Prestes) 18/12/18

– Trump não vem à posse de Bolsonaro. O chefe da delegação dos EUA será Mike Pompeo, Secretário de Estado. Com essa notícia, chefes de estado das principais economias parceiras do Brasil nas Américas, EUA e Argentina, não estarão na posse.

 

– Após todos os convites enviados para a posse de Bolsonaro, pelo Itamaraty, a equipe do presidente eleito mandou desconvidar Cuba e Venezuela. Segundo as rodas de embaixadores e embaixadoras em Brasília, várias missões diplomáticas conferiram suas caixas de e-mails para ver se também haviam sido desconvidadas. Tradicionalmente o Brasil convida para a posse de seu presidente os e as líderes de todos os países com os quais mantém relações diplomáticas.

 

– Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, está confirmado para a posse e enquanto não for “desconvidado” mantém a intenção de vir, segundo o ministro de relações exteriores boliviano: “fomos convidados e estamos comunicando que vamos participar”.

 

– O presidente eleito, no entanto, quer ir à China. Na semana passada o presidente do PSL, Luciano Bivar, se reuniu com diplomatas da Embaixada da China no Brasil para encaminhamentos sobre a viagem, segundo a imprensa.

 

– A China comemora hoje (18) os 40 anos do início de um processo de reformas econômicas sob a liderança de Deng Xiaoping. Em evento especial no Grande Salão do Povo de Pequim para celebrar a data, Xi Jinping disse: “ninguém pode ditar ao povo chinês o que deve, ou não deve, fazer”. Disse ainda: “mudaremos decididamente aquilo que pode ser reformado e não mudaremos, decididamente, o que não pode ser”.

 

– Primeira viagem internacional de Bolsonaro, após a posse, deve ser a Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial. Segundo as primeiras especulações sobre a participação, ele deve anunciar uma revisão do acordo do Mercosul no encontro. Em tempo, fracassaram na última semana as tentativas dos negociadores dos blocos do Mercosul e União Europeia de fechar uma acordo bilateral, ficando para 2019 uma nova tentativa, mas agora sob Bolsonaro´s team.

 

– Após a desistência do Brasil, de sediar a COP 25, a maior conferência ambiental do mundo ficará a cargo do Chile em 2019. O anúncio foi feito durante a COP 24, que ocorreu na semana passada na Polônia.

 

– Na Hungria, crescem os protestos contra o primeiro-ministro de extrema-direita Viktor Orban. No domingo (16) as manifestações foram gigantes. Em especial contra uma nova lei trabalhista que tem sido chamada no país de “lei da escravidão”. Ontem (17) parlamentares da oposição invadiram a sede da TV estatal húngara MTVA e exigiram, sem êxito, a transmissão das reivindicações que tem sido censuradas. “A MTVA não é a TV particular do Fidesz (partido de Orban) e sim um órgão do povo húngaro, financiado com o dinheiro dos impostos”. Orban está no poder desde 2010.

 

– O uruguaio Luis Almagro, que já foi ministro de relações exteriores do Uruguai, foi expulso da organização que congrega diversos partidos da esquerda uruguaia, Frente Amplio, após decisão em plenário no último final de semana em Montevideo. As posições de Almagro frente à Venezuela, especialmente ao não descartar a hipótese de intervenção militar, levaram a um grande desgaste interno do ex-dirigente que é visto como porta-voz das vontades do governo dos EUA nas Américas.

 

– Segundo algumas fontes da imprensa, como o The Daily Mail ou a revista francesa Marianne, o governo francês estuda recorrer a armas químicas para sufocar os protestos dos jalecos amarelos. O uso seria para manter os manifestantes distantes dos principais edifícios do centro de Paris. A arma em questão é um pó debilitante que após disparado se espalha em 10 segundos por 40 hectares. O uso desse tipo de arma é restringido pela OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas) e muitas delas são de uso proibido fora de zonas de guerra por acordos internacionais. Em pesquisa anunciada hoje, Macron conta com 27% de entrevistados que o consideram um “bom presidente”, cinco pontos a menos que em novembro.

 

– O Senado norte-americano aprovou resolução em que pede o fim do apoio militar do país à coalização liderada pelos sauditas na guerra do Iêmen.

 

– Ainda sobre a guerra do Iêmen, representantes do governo instituído antes da guerra e dos rebeldes houthis concordaram em um cessar-fogo na região de Hodeia. As imprecisões sobre a guerra do Iêmen são gritantes, há notícias que dizem haver 10 mil mortos e outras 80 mil. O país tem 28 milhões de habitantes e se fala em 15 milhões em pobreza e fome extrema com a guerra.

 

– O Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia anunciou ontem (12) um cessar fogo entre 23 de dezembro e 3 de janeiro e pede para que seja dada continuidade ás negociações de paz com o governo colombiano iniciadas em 2017 em Havana. O presidente Iván Duque precisaria enviar delegados para representar o governo na mesa de negociações em Havana. Em 2016 o presidente colombiano Juan Manuel Santos firmou um acordo de paz com as FARC.

 

– O acordo do BREXIT elaborado por Theresa May e o Conselho Europeu deve ir a voto no parlamento britânico na semana de 14 de janeiro. O Partido Trabalhista pediu para que a votação fosse realizada antes do recesso de fim de ano. O líder trabalhista Jeremy Corbyn qualificou o adiamento de “golpe de publicidade” e apresentou nova moção de desconfiança contra May, mas diferente da anterior, esta seria uma “reprovação pessoal de May” como responsável pelo adiamento da votação do acordo do Brexit . May precisa de 320 votos para aprovar o acordo. O partido conservador tem 315 deputados e muitos deles são contra os termos do acordo. Cinco ministros já deixaram o governo por discordarem do acordo. A primeira-ministra também trabalha com um cenário de não aprovação do acordo, seria um Brexit sem acordo.

 

– A Nova Zelândia anunciou que realizará um referendo no país para consulta sobre a legalização da maconha com fins recreativos.

 


A autora

Ana Maria Prestes

A Cientista Social Ana Maria Prestes começou a sua militância no movimento estudantil secundarista, foi diretora da União da Juventude Socialista, é membro do Comitê Central e da Comissão de Política e Relações Internacionais.

Leia também: