Especial - Centenário do Partido Comunista da China

Centenário do Partido Comunista da China: os olhos postos no horizonte

Editorial do Portal Vermelho.

O centenário do Partido Comunista da China, fundado em 23 de julho de 1921 – mas a comemoração ocorre tradicionalmente em 1º de julho – tem motivado as mais diversas manifestações. As mostras de heroísmo e denodo, desde sua fundação, são objeto de milhares de livros, artigos, filmes e toda sorte de representação acadêmica ou artística.

Excetuando-se os de matiz neofascista, mesmo os adversários ideológicos do PCCh não conseguem esconder o retumbante êxito de sua trajetória desde os primeiros tempos de luta, passando pela Longa Marcha e a fundação da República Popular da China. De um país semifeudal, sucessivamente ocupado e humilhado por forças coloniais, o país se transformou em um gigante econômico, tecnológico e militar. Em uma população de mais de 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, não se vê mais vestígios de pobreza extrema, o que é seguramente a maior conquista de toda a milenar história da China e um dos maiores feitos sociais da humanidade.

Entre as vitórias atuais do Partido, chama a atenção a resposta da China à pandemia de Covid-19, cuja eficiência, além de salvar a vida de centenas de milhões de chineses, impediu que uma catástrofe ainda maior atingisse todo o globo.

Enquanto surgem pelo mundo líderes inspirados pela extrema-direita recolocando em cena a xenofobia, a repressão e a ameaça de guerra, é a China que se coloca atualmente como a principal defensora da multipolaridade, da autodeterminação das nações, do respeito ao direito internacional e propõe um futuro de desenvolvimento compartilhado para a humanidade.

O centenário do PCCh faz com que essas conquistas e posturas da China ganhem relevância maior e muitos democratas e humanistas aos poucos libertam-se de suas visões estereotipadas. Entretanto, vozes já conhecidas pelo descompromisso com a democracia e a justiça social tentam tergiversar, usando principalmente dois argumentos: a China não é democrática e o êxito econômico não se deve ao socialismo.

Alegações rasas, que não resistem aos fatos.

A legitimidade do sistema político chinês e sua capilaridade foram recentemente alvos de pesquisas promovidas por insuspeitas instituições acadêmicas estadunidenses: as Universidades de Havard e da Califórnia. No primeiro caso, uma pesquisa de longo prazo de Harvard revelou que a satisfação dos cidadãos chineses com o Partido e o governo atinge um nível de aprovação de 93%. Já a pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, em junho de 2019, revelou que em uma escala de 0 a 10 o índice de satisfação dos chineses com o governo é de 8,87.

Isso se deve ao forte apoio popular ao regime escolhido e sustentado pela ampla maioria dos chineses e que se ampara em diversos mecanismos de democracia direta. Apelos a velhas e novas mentiras, desmascaradas cotidianamente, não conseguem mais tapar o sol com a peneira. Da mesma forma, soa no mínimo pouco convincente apegar-se ao débil discurso que tenta negar a orientação socialista chinesa.

O mantra de que “desde 1978 a China não é mais comunista” busca colocar uma cunha entre Deng Xiaoping e Mao Tse Tung, como se um fosse a negação do outro. Relevam, desta forma, profunda ignorância do rico processo chinês, que se pautou desde o início por uma imensa capacidade de pensar dialeticamente, recusando modelos rígidos ou rejeitados pela experiência concreta. É assim que, em 1956, portanto bem antes da política de Reforma e Abertura, o principal dirigente da Revolução Chinesa, Mao Tse Tung, alertava que:

Nossa teoria é a integração da verdade universal do marxismo-leninismo com a prática concreta da revolução chinesa (…) No referente a todo o corrupto sistema e a todas as corruptas ideias e práticas da burguesia estrangeira, devemos boicotá-los e criticá-los de forma resoluta. Mas isso não impede que aprendamos a avançada ciência e tecnologia dos países capitalistas e o que há de científico em seus métodos para a administração de empresas. As empresas dos países industrialmente desenvolvidos operam com pouco pessoal e elevada eficiência e sabem fazer negócios. Tudo isso devemos aprender de forma conscienciosa e à luz dos nossos princípios. Rechaçar em bloco, sem fazer uma análise, a ciência, a tecnologia e a cultura dos demais países, da mesma forma que o mencionado fenômeno de transplantar sem análise tudo o que é estrangeiro, não é uma atitude marxista, é uma atitude desfavorável à nossa causa”.

Assim, ao contrário do que pensam os renitentes e pouco criativos direitistas, a política de Reforma e Abertura, liderada por Deng Xiaoping, rompeu com práticas superadas pela realidade, inovou em muitos pontos, mas antes de tudo, representou a continuidade do processo revolucionário iniciado em 1921 com a fundação do PCCh e que teve seu ponto culminante na fundação da República Popular da China. Em 1979, ao definir os “Quatro Princípios Fundamentais” que deveriam nortear a política de Reforma e Abertura, está consignado, entre estes princípios, o papel fundamental do “marxismo-leninismo e do pensamento Mao Tse Tung”.

Neste mês de junho, ao inaugurar o Museu do PCCh e visitar a exposição sobre os 100 anos do Partido, o presidente chinês e secretário-geral do PCCh, Xi Jinping, declarou que os comunistas chineses serão sempre “fiéis à aspiração original e à missão fundadora do Partido”.

Como a prática é o critério da verdade, apenas nos últimos oito anos sob a liderança de Xi Jinping quase 100 milhões de pessoas saíram da pobreza na China. No restante do planeta, a fome e a miséria aumentaram neste mesmo período.

O PCCh e o povo chinês comemoram, com sobejos motivos, o centenário de sua organização de vanguarda sem a arrogância de se propor como modelo para quem quer que seja.

Por outro lado, é inevitável que os povos que sonham com um desenvolvimento soberano e com justiça social busquem inspiração na rica experiência de construção do socialismo chinês, que por certo, como toda experiência desta magnitude, não está isenta de contradições, mas tem lições valiosas a aportar.

Uma dessas lições, nos ensinava Deng Xiaoping, é a de “emancipar a mente”, depurando criticamente os falsos argumentos dos carcomidos arautos do que é historicamente superado, que recorrem a toda sorte de malabarismo para negar o óbvio, tentando menoscabar os grandes feitos alcançados pelo PCCh e pelo povo chinês, apenas por conta de seus envelhecidos preconceitos ideológicos e seus egoístas interesses de classe.

Nada disso irá deter a luta do povo chinês e do seu centenário partido, que tem os olhos postos no horizonte e já vislumbra novas metas sociais, sempre colocando o povo no centro de tudo.

 

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