50 anos do golpe no Chile – Memórias e reflexões de um exilado brasileiro
Os anos 60 e 70 do século passado foram marcados por uma sucessão de golpes militares em diversos países da América Latina, planejados e financiados pelos Estados Unidos. Em 1962, os militares peruanos deram um golpe para impedir a posse de Haya de la Torre. Em 1963, Juan Bosch foi derrubado por um golpe militar na República Dominicana. Em 1964, os militares depuseram João Goulart no Brasil e Paz Estenssoro na Bolívia. Em 1965, sob o comando dos Estados Unidos, a OEA invadiu a República Dominicana para impedir um governo democrático. Em 1966, a Argentina sofreu o golpe do general Ongania.
Por Raul Carrion*
É nesse contexto de criação de ditaduras militares, fomentadas pelos Estados Unidos, que se deu a vitória de Salvador Allende no Chile.
A vitória da unidade popular no Chile
Depois de ter disputado a Presidência do Chile por três vezes sem vencer (1952, 1958, 1964), Salvador Allende concorreu pela quarta vez por uma ampla frente de centro-esquerda – a Unidade Popular, formada pelo Partido Socialista, Partido Comunista, MAPU (dissidência da Democracia Cristã), API, Partido Radical e Social-Democrata – e venceu as disputadíssimas eleições de 4 de setembro de 1970, derrotando o direitista Jorge Alessandri e o democrata-cristão Radomiro Tomic.
Tendo obtido 36,6% dos votos, Allende foi o mais votado, mas não obteve a maioria absoluta dos votos, precisando submeter-se a aprovação do Congresso, em sessão a realizar-se no dia 24 de outubro.
A eleição de Salvador Allende foi considerada “inaceitável” pelos Estados Unidos, que – como comprovam documentos desclassificados dos EUA e o Informe da Comissão Church, do Senado estadunidense – haviam despejado milhões de dólares nas campanhas de seus adversários, já durante o processo eleitoral, inundando o país de fake news (como se diz hoje) e financiando regiamente a imprensa conservadora, em especial o jornal “El Mercurio”, para que atacasse dia e noite o candidato socialista.
Os Estados Unidos trabalham para impedir a posse de Allende
Logo após a vitória de Allende, Nixon convocou Henri Kissinger – seu assessor para Assuntos de Segurança Nacional – e Richard Helms, diretor da CIA, para comunicar-lhes que “um governo allendista era inaceitável para os Estados Unidos e instruiu a CIA a desempenhar um papel direto na organização de um golpe de Estado no Chile, para evitar que Allende assumisse a Presidência.” (Informe Church). De imediato, foram liberados dez milhões de dólares para isso.
A partir de então, foram colocadas na mesa todas as alternativas: desde a compra de votos de congressistas democrata-cristãos, para que – rompendo com uma longa tradição republicana – não ratificassem a vitória de Allende e elegessem o direitista Jorge Alessandri (o segundo mais votado), até a organização de um golpe de Estado. Só estava excluída a invasão direta por marines “ao estilo República Dominicana”.
O assassinato do comandante legalista do exército chileno
Fracassada a tentativa de suborno aos congressistas, ganhou força a alternativa do golpe militar, envolvendo os generais Roberto Viaux e Camilo Valenzuela, além de altos escalões da Marinha, Força Aérea e Carabineiros, mas o golpe esbarrou na postura legalista do General René Schneider, comandante-em-chefe do Exército chileno.
A CIA decidiu, então, remover esse obstáculo e forneceu armas e dólares para o assassinato do General Schneider. Depois de duas tentativas frustradas, o general Schneider foi emboscado por cinco homens que o metralharam em seu carro oficial. O atentado ocorreu no dia 22 de outubro, antevéspera da reunião do Congresso Pleno que ratificaria ou não a vitória de Allende. Gravemente ferido, Schneider foi levado às pressas para um Hospital Militar, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu em 25 de outubro.
O atentado contra o general Schneider criou uma comoção nacional que paralisou os generais golpistas e favoreceu a confirmação pelo Parlamento da vitória de Salvador Allende, que recebeu 153 votos (78,46%), contra 35 votos para Alessandri e 7 abstenções. Finalmente, no dia 3 de novembro de 1970, Salvador Allende assumiu a Presidência do Chile, na contracorrente da onda de ditaduras na América Latina.
A ditadura militar brasileira entra em sua fase mais terrorista
Com a decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 dezembro de 1968, a ditadura militar brasileira entrou em sua fase mais terrorista. Além do fechamento do Congresso Nacional, cassação de centenas de parlamentares, aposentadoria compulsória de Ministros do STF, censura prévia à imprensa e a todas as atividades culturais, foi institucionalizada a tortura, o desaparecimento e o assassinato de opositores.
Tendo ingressado no PCdoB em 1969 – depois de militar seis anos na AÇÃO POPULAR – fui preso por agentes do DOPS-RS, em 28 de maio de 1971, na condição de secretário de organização do Partido no Rio Grande do Sul. Submetido durante 10 dias às mais bárbaras torturas, fui enviado no dia 6 de junho para a OBAN, em São Paulo, junto com Bruno Mendonça Costa, tesoureiro do Partido. Ali, nos aguardavam novas torturas. Finalmente, em fins de julho, ambos retornamos a Porto Alegre. Ao chegar, retornei às torturas. Em 2 de agosto, por nada terem conseguido provar contra nós, ambos fomos soltos, com a obrigação de apresentar-nos semanalmente na Auditoria Militar.
A ida para o Chile governado pela unidade popular
Ficou evidente que, por razões de segurança, eu não poderia voltar a contatar o PCdoB no Rio Grande do Sul. A única alternativa para prosseguir a luta era sair do país e retomar, no exterior, o contato com o Partido, visando o retorno clandestino ao Brasil. Viajei, então, para o Chile, onde a Unidade Popular acabava de assumir o governo e onde se encontravam o Professor Ernani Maria Fiori – expurgado da UFRGS e amigo da família – e Paulo Renato de Souza – ex-colega do Anchieta.
Essa viagem ocorreu na segunda semana de agosto, no intervalo entre duas apresentações à Auditoria Militar. Viajei com o meu irmão e minha cunhada, Rejane Xavier, até Santana do Livramento. Chegando lá, cruzei a rua para Rivera, daí seguindo para Montevidéu e logo para Buenos Aires. Da capital da Argentina, segui para Santiago do Chile, aonde cheguei em meados de agosto.
Acolhido fraternalmente por Paulo Renato de Souza e sua esposa Giovana Xavier, fiquei por alguns meses na sua residência, até conseguir uma pensão onde morar. Através deles, estabeleci contato com os brasileiros exilados. Como a Embaixada do Brasil em Santiago – comandada por Antônio Cândido Câmara – era um ninho de informantes, que também estavam infiltrados entre os exilados, adotei o codinome “Rúcio” (ruivo), para ter a minha identidade preservada.
Paulo Renato também viabilizou o meu contato com membros do PCdoB que viviam no Chile, entre eles Amarílio Vasconcellos (que havia participado da Conferência da Mantiqueira do PC do Brasil, em 1943) e sua esposa Raquel Burkinski. Ambos haviam vivido na China, atuando nas transmissões em português da Rádio Pequim.
Ernani Maria Fiori, por sua parte, me ajudou a conseguir a matrícula no Curso de Química da Universidad Católica de Chile, com o que pude obter a minha residência provisória.
Enquanto aguardava a vinda de algum dirigente do Brasil, organizamos uma célula partidária, que passou a publicar em espanhol o jornal A CLASSE OPERÁRIA e os documentos partidários, além de desenvolver um trabalho de denúncia dos crimes da ditadura brasileira.
A vinda para o Chile de dirigentes nacionais do PCdoB
No início de 1972, conheci Elvira Ballester Lafertt, formad em Química na “Universidade de Amizade entre os Povos Patrice Lumumba”, em Moscou, Professora da Universidade do Chile e militante do PC do Chile. Amor à primeira vista e incondicional – pois eu poderia retornar ao Brasil a qualquer momento –, decidimos juntar os nossos destinos. Sua filha, Maria Victória, tinha sete anos e havia nascido na União Soviética. Através de Elvira e de seus pais, conheci os principais dirigentes do PC do Chile – como Luis Corvalán, Volodia Teitelboim, Mireya Baltra e outros – o que facilitou o apoio ao trabalho de solidariedade ao povo brasileiro.
Pouco depois, o Comitê Central do PCdoB – antevendo o início da Guerrilha do Araguaia e a necessidade de ampliar o trabalho de solidariedade à luta povo brasileiro – enviou para o Chile Dynéas Aguiar e Diógenes Arruda, membros do CC para fortalecer o trabalho no exterior. Na nossa primeira conversa, foi proposto que eu permanecesse no Chile para desenvolver o trabalho de solidariedade ao povo brasileiro, adiando o meu retorno ao Brasil.
Com o início da Guerrilha do Araguaia, em abril de 1972, foi intensificado o trabalho de solidariedade ao povo brasileiro e a denúncia dos crimes da ditadura militar, assim como a difusão dos documentos partidários. Para isso, foi lançado o jornal “Lucha Popular”. Ainda em 1972, representei os jovens comunistas brasileiros em um Encontro Internacional de Jovens Revolucionários, em Tirana, na Albânia.
O Chile em ebulição
A essa altura dos acontecimentos, cerca de cinco mil brasileiros viviam no Chile, convivendo com exilados de todo o continente, acolhidos solidariamente pelo povo chileno. Desenvolviam um trabalho de denúncia das ditaduras nos seus países e de solidariedade à luta de seus povos. Mas, também buscavam integrar -se e colaborar com a luta do povo chileno.
Vivia-se momentos de grande esperança e mobilizações populares, com atos em apoio a Allende que reuniam até um milhão de pessoas. Foi o primeiro governo chileno a ter um operário e um camponês no seu Ministério, que aprofundou a reforma agrária e a nacionalização das minas de cobre, nitrato e ferro e importantes empresas e bancos. No terreno social, a garantia de um litro de leite para cada criança, a construção massiva de habitações populares, ecoavam fundo.
Ao mesmo tempo, porém, a oligarquia chilena e os Estados Unidos não davam um só minuto de trégua a Allende, buscando desestabilizá-lo por todas as formas possíveis. Foi ficando cada vez mais claro que as forças de direita e os Estados Unidos buscavam criar condições para um golpe de Estado contra Allende.
Importantes avanços do governo da Unidade Popular
Os documentos desclassificados comprovam que o maior temor dos EUA era que o Chile chegasse ao socialismo através de eleições democráticas, o que seria um “péssimo exemplo” para o resto do mundo…
De fato, no primeiro ano de governo da Unidade Popular, o PIB cresceu 8,5%, o desemprego baixou 4% e os trabalhadores ampliaram a sua parcela na renda nacional de 51% para 63%. Esses avanços se refletiram nas eleições municipais de 1971, quando a Unidade Popular obteve 50,2% dos votos.
As eleições seguintes, para o parlamento, aconteceram em 4 março de 1973. Ainda que a Unidade Popular não tivesse obtido a maioria, teve uma nova vitória, conquistando 43% dos votos e acabando com as esperanças da direita de conseguir maioria suficiente para destituir constitucionalmente Allende. Um Informe da CIA, de 06.03.1973, afirmou: “Estamos discutindo futuras opções à luz dos decepcionantes resultados eleitorais, que permitirão a Allende e à UP levar adiante o seu programa com maior força e entusiasmo.”
A escalada golpista
Os golpistas decidiram, então, acelerar a preparação do golpe através da desestabilização da economia chilena. Para isso, suspenderam todo e qualquer investimento, frearam a produção; causaram o desabastecimento de produtos de primeira necessidade, ocultaram produtos para vendê-los no “mercado negro” a preços exorbitantes, especularam contra a moeda chilena, bloquearam os empréstimos externos ao Chile, financiaram greves de caminhoneiros com dólares da CIA, desataram uma campanha midiática implacável contra o governo e aliciaram altos oficiais das Forças Armadas para o golpe. Para isso, contaram também com o apoio da ditadura militar brasileira.
Para enfrentar o desabastecimento, o governo criou “Juntas de Abastecimento e Preços” (JAPs) nas vilas e nos bairros, onde as famílias inscritas tinham direito a uma “cesta” de produtos básicos, a um preço tabelado. Essa iniciativa, de profundo sentido social, foi apresentada pela imprensa como “mais um passo em direção ao comunismo”.
Lembro como, devido aos boicotes, faltavam inúmeros alimentos e, entre outros produtos, adquiríamos nas JAPs carne importada da Nova Zelândia ou da Austrália. Diante da falta de manteiga, comprávamos creme de leite e a preparávamos com um liquidificador…
Falando sobre a “guerra econômica” contra o governo Allende, o ex-agente da CIA Philip Agee afirmou anos depois: “a CIA, ao financiar os caminhoneiros, comerciantes e outras associações contra o regime de Allende, pôde criar a aparência de caos e desorganização, que sempre atrai os líderes militares de direita, já que estes sempre advogam por ordem e disciplina. O quadro faria com que eles interviessem para restaurar a ordem, a paz e a dignidade da nação.”
E o Informe Church revela que “a CIA gastou mais de um milhão e meio de dólares para apoiar El Mercúrio, o principal jornal do país e o mais importante canal de propaganda contra Allende.”
Diante dessa escalada golpista, percebíamos uma enorme ilusão de classe – sob o argumento de que os militares chilenos eram legalistas – e nenhuma preparação para um eventual golpe de Estado. Por outra parte, também se manifestavam visões sectárias que, frente às insuficiências do governo da Unidade Popular, passaram a atacá-lo, ajudando na prática as forças golpistas.
A consumação do golpe e o assassinato de Allende
No contexto desta escalada golpista, aconteceu no dia 29 de junho de 1973 o “Tancazo” – uma tentativa de golpe a partir do Batalhão Blindado comandado pelo Coronel Souper, que só foi abortado devido à atitude firme do comandante-em-chefe do Exército, o General Prats, que percorreu os quartéis reunindo forças para deter os golpistas.
Em 26 de julho, foi assassinado com um tiro o comandante Arturo Araya, ajudante naval de Allende. Depois do golpe, se soube que o seu assassinato foi obra do grupo terrorista de ultradireita Pátria y Libertad.
Era preciso afastar o General Prats, o último obstáculo ao golpe. E isso foi conseguido através de sua renúncia, em 23 de agosto, depois de fortes pressões. Em seu lugar assumiu o General Augusto Pinochet. Estava aberto o caminho para o golpe, que ocorreu 19 dias depois, sob o comando do próprio Pinochet.
O 11 de setembro de 1973 amanheceu com o Palácio La Moneda sendo bombardeado pela aviação golpista e cercado por tanques e militares. Poucas horas depois, Salvador Allende estava morto, o golpe consumado e tiveram início as prisões, as torturas e os assassinatos.
O Estádio Nacional foi transformado em um grande campo de concentração. Por ali passaram mais de 10 mil prisioneiros, muitos dos quais foram mortos – como foi o caso do cantor Victor Jara. No início de outubro, chegaram ao Chile diversos agentes da ditadura brasileira, com o objetivo de treinar os golpistas em técnicas avançadas de tortura e para interrogar os brasileiros presos. Estima-se que em torno de 50 brasileiros passaram pelo Estádio Nacional e que oito brasileiros foram mortos no Chile.
No dia do golpe, fiquei ilegal no Chile
No início de 1973, depois de um ano no curso de Química na Universidad Católica de Chile, não voltei a matricular-me, para poder dedicar-me integralmente ao trabalho partidário e de solidariedade. Para renovar o visto de residência provisória, consegui uma declaração do Partido Socialista de que trabalhava no seu jornal. Encaminhados os papéis, foi-me marcado o dia 11 de setembro para a retirada do novo visto. Obviamente, não fui buscá-lo, tornando-me automaticamente ilegal no Chile…
Após o golpe, reunimos os camaradas que se encontravam em Santiago – Dynéas Aguiar havia ido para Buenos Aires, para acompanhar os acontecimentos na Argentina, onde o peronismo havia retornado ao governo com a eleição de Héctor Cámpora – e decidimos aguardar uns dias, até que o quadro clareasse, até porque havia rumores de que o General Prats estava juntando forças no Sul, para marchar sobre Santiago. Nesse ínterim – como o nosso apartamento estava cheio de materiais partidários – fizemos, com o máximo cuidado, a sua total eliminação.
Uma semana após o golpe, diante da inexistência de qualquer resistência real e as insistentes conclamações à população para que denunciasse os estrangeiros que conhecesse, decidimos que Diógenes Arruda, Amarílio, Raquel e eu devíamos asilar-nos na Embaixada da Argentina. Tereza Costa Rêgo – companheira de Diógenes Arruda e renomada artista brasileira – permaneceria com Elvira, na nossa residência, pois não era uma militante conhecida.
Mostrando o acerto dessa decisão poucos dias depois, o apartamento foi invadido por militares e vasculhado. Com habilidade, Elvira e Tereza conseguiram despistar os soldados, que se retiraram…
O asilo na Embaixada Argentina
Tomada a decisão, nos dirigimos, os quatro, só com a roupa do corpo, até à Embaixada Argentina, que estava vigiada à meia distância por carabineiros chilenos. Ao cruzarmos o seu portão, ingressamos rapidamente nos seus jardins, ficando a salvo dos carabineiros e sendo acolhidos por mais de uma centena de asilados, que lá já se encontravam.
Com o passar dos dias, o número de asilados foi aumentando e chegou – segundo a Comissão pela Memória da Argentina – a 826 pessoas, entre eles 120 brasileiros. Não é preciso dizer que as condições de permanência eram muito precárias e que foi preciso organizar os espaços, distribuir as tarefas de limpeza, de preparação dos alimentos e os cuidados com os mais vulneráveis, mas a solidariedade militante permitiu resolver essas questões a contento.
O grande problema a resolver foi a negativa do governo Cámpora em receber na Argentina os asilados, o que prolongou por meses a permanência de todos na Embaixada. A questão só foi resolvida através do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que assumiu o compromisso de enviar todos os asilados para outros países. Só com essa condição, o governo argentino permitiu o ingresso dos asilados na Argentina, primeiro em um hotel em Empedrado, na Província de Corrientes. Depois, em dezembro, fomos levados para um alojamento em Buenos Aires.
Só então, a minha esposa e a minha filha viajaram para Buenos Aires, tendo o ACNUR assegurado a nossa ida para a França, onde receberíamos bolsas de estudo. Enquanto aguardávamos a viagem para a França, tomamos a decisão de permanecer na Argentina, para mais facilmente retornar ao Brasil. Assim, saí do alojamento, interrompi o contato com o ACNUR e, com a ajuda de camaradas argentinos, encontramos um lugar para ficar. Mas aí começa outra história…
* Raul Carrion é historiador e dirigente estadual do PCdoB. Já foi vereador e deputado estadual. Preso e torturado pela ditadura militar, viveu exilado no Chile – onde se encontrava por ocasião do golpe – e na Argentina, retornando clandestinamente ao Brasil em 1976. Após a redemocratização, foi o autor da lei que criou em Porto Alegre a Praça Salvador Allende. Durante nove anos, presidiu a Fundação Maurício Grabois no Rio Grande do Sul. Atualmente, é professor da Escola Nacional João Amazonas e integra a Direção Nacional do CEBRAPAZ.