A Argentina que se revela após aprovação do aborto
A euforia é sentida nesta quarta-feira (30) em uma Argentina insone e chama a atenção de muitas mulheres no mundo após a histórica aprovação definitiva da lei para a interrupção legal da gravidez pelo senado, por 39 votos a favor, 29 contra e uma abstenção, depois de a Câmara dos Deputados aprovar a mesma lei há duas semanas.
Foi uma emoção contida de muitos anos, uma batalha de centenas de coletivos feministas que possibilitou, a partir de agora, o acesso gratuito e legal ao aborto até a 14ª semana de gestação.
A voz de uma figura política histórica, a vice-presidenta e presidenta do Senado, Cristina Fernández, anunciando a aprovação da lei depois das quatro da manhã e após 12 horas de debates, foi um bálsamo de alegria para milhares e milhares de argentinas desde Buenos Aires até a Patagônia e além das fronteiras.
“Mais uma vez, um governo peronista devolvendo direitos”, concordaram muitas das que estiveram na praça em frente ao Congresso quase até o amanhecer, e que enviaram seus agradecimentos eternos ao presidente Alberto Fernández e sua equipe por este projeto que agora é lei.
Pouco depois das cinco da manhã, o presidente referiu-se a este dia histórico para o país.
“O aborto seguro, legal e gratuito é lei. Prometi fazê-lo em dias de campanha eleitoral. Hoje somos uma sociedade melhor, que amplia os direitos das mulheres e garante a saúde pública. Recuperar o valor da palavra penhorada. Compromisso da política”, enfatizou o presidente em sua conta no Twitter.
Elizabeth Gómez Alcorta, a Ministra da Mulher, Gênero e Diversidade, pasta criada neste primeiro ano do governo de Fernández, também foi vista entusiasmada no Senado, onde acompanhou a votação.
“Foi aprovada a Lei Nacional de Atenção e Cuidado Integral à Saúde durante a Gravidez e a Primeira Infância. Hoje conquistamos o direito de mulheres, gestantes e seus filhos de realizarem seus projetos de vida em liberdade”, escreveu a ministra no Twitter.
Grande impacto gerou a aprovação da lei na Argentina, onde até hoje 500.000 interrupções anuais de gravidez são praticadas de forma clandestina e das formas mais precárias, com muitas mulheres perdendo a vida por se submeterem a esse procedimento em condições subumanas.
Um marco para um país que liderou várias conquistas sociais no continente, como a lei do casamento igualitário, a lei de identidade de gênero, e agora entra na pequena lista de nações que permitem o acesso legal ao aborto.
Fora das fronteiras argentinas a notícia também se faz sentir e até o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, referiu-se a este dia histórico ao apontar que a Argentina é hoje uma nação mais feminista.
Fonte: Prensa Latina / Tradução da redação do i21