A Espanha e o mundo fecham os olhos para a tragédia que Marrocos desencadeia no Saara Ocidental
O povo saarauí está dividido há mais de 40 anos. A maioria de sua população resiste nas duras condições do deserto mais inóspito do mundo, o Hamada, no sudoeste da Argélia.
De El Aaiún ocupado, Elhadj Mohamed Lamin
A outra metade sofre repressão, violência e aprisionamento pelo regime marroquino nos territórios ocupados do Saara Ocidental.
As forças do despótico regime de Mohamed VI (rei do Marrocos) reprimem diariamente os manifestantes saarauís durante as marchas pacíficas de autodeterminação.
Os confrontos são registrados em El Aaiún, capital histórica do Saara Ocidental. Durante a repressão, os soldados marroquinos optam sempre pelo uso da violência e os ultrajados saarauís respondem com suas bandeiras. O antigo colonizador espanhol, avalista da atual colonização, finge que nada vê.
A Espanha não pode desvincular-se de sua responsabilidade histórica no Saara Ocidental
O silêncio diante da brutal repressão marroquina no Saara Ocidental faz com que o governo da Espanha seja cúmplice dessa crueldade. Os saarauís têm dias intensos de demonstrações contínuas. Com isso, procuram sensibilizar a comunidade internacional para reagir ao massacre de ativistas saarauís nos territórios ocupados mas, acima de tudo, exigem que o governo espanhol exerça pressão para que o Marrocos pare a perseguição e permita ao povo saarauí decidir sobre o seu futuro.
O Estado espanhol não pode desassociar-se de sua responsabilidade histórica e não pode ignorar o povo saarauí até que seja realizada a consulta que culmine no processo de descolonização total do Saara Ocidental.
Cabe recordar que os “Acordos de Madrid” levaram à entrada de Marrocos no Saara Ocidental, arrasando acampamentos, matando famílias inteiras e envenenando poços de água como parte de uma campanha para exterminar os nômades saarauís.
A Espanha “abandonou” o território do Saara Ocidental deixando-o nas mãos do exército marroquino, em um processo de descolonização “mal acabado e precipitado” depois da Marcha Verde do Marrocos, que enviou centenas de milhares de soldados marroquinos ao que era o Saara Espanhol.
O conflito do Saara Ocidental remonta a 1975, quando a Espanha se retirou da sua até então colônia e se iniciou a resistência armada da Frente Polisário para obter a independência ante a ocupação mauritana e marroquina após a assinatura dos referidos acordos.
Fonte: El Confidencial Saharaui, tradução da redação do i21