Colômbia: país com mais ambientalistas mortos em 2019
A ONG Global Witness denunciou nesta quarta-feira (29) que 212 pessoas que defendiam a terra e o meio ambiente foram assassinadas em 2019 e a Colômbia foi o país com maior número de casos.
Em 2019, os assassinatos na Colômbia atingiram 64 ativistas – o maior número já registrado pela Global Witness no país. Os relatórios mostram um aumento drástico nos assassinatos de líderes comunitários e sociais naquele país nos últimos anos, destaca a organização em seu relatório anual.
O relatório especifica que os 64 ambientalistas assassinados na Colômbia em 2019 representam 30% dos crimes documentados em todo o mundo.
Isso também significa um aumento de mais de 150% em relação a 2018 e o maior número de assassinatos que a Global Witness registrou no país.
Da mesma forma, ressalta que os grupos indígenas estavam particularmente em risco e representavam metade dos assassinatos documentados, apesar de representar apenas 4,4% da população.
Ele especificou que a região de Cauca é um dos lugares mais perigosos do mundo para defender o meio ambiente, porque mais de um terço de todos os assassinatos de camponeses e defensores ambientais colombianos documentados pela Global Witness em 2019 ocorreram naquela região.
No entanto, é uma história que se repete continuamente nas comunidades de todo o país e os ataques contra líderes ambientalistas chegaram a um ponto crítico.
A ONG considera que esses assassinatos ocorrem devido à violação do Acordo de Paz de 2016 alcançado entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército Popular (FARC-EP) e o Governo de Juan Manuel Santos.
Descreve que grupos paramilitares do crime organizado, muitos dos quais ocuparam áreas anteriormente controladas pelas FARC-EP, são responsáveis por uma alta porcentagem dos assassinatos documentados.
Um aspecto fundamental do acordo de paz era fornecer um incentivo para afastar os agricultores do cultivo de coca, reduzindo assim a produção de cocaína e interrompendo o comércio de drogas que havia alimentado o conflito, mas esse programa de substituição de culturas foi mal implementado.
Em uma cultura de impunidade generalizada, os autores podem confiar na possibilidade de escapar da justiça – cerca de 89% dos assassinatos de defensores de direitos humanos não terminam em condenação.
Alguns argumentam que essa impunidade é motivada por um governo que tenta classificar esses assassinatos como crimes localizados, em vez de considerá-los como parte de “uma tentativa de vários atores de continuar reprimindo as mudanças sociais de maneira violenta”, diz o documento.
Além disso, argumenta-se que as mulheres ambientalista enfrentam ameaças crescentes na Colômbia, pois a ONU documenta um aumento de quase 50% no assassinato de mulheres entre 2018 e 2019.
Fonte: Prensa Latina