Luta dos povos

Foro de SP e Celac Social pregam unidade e luta contra neoliberalismo e neofascismo

O Foro de São Paulo, considerado o maior espaço multilateral das forças anti-imperialistas do continente americano, reuniu-se nos dias 27, 28 e 29 de junho, em Tegucigalpa, Honduras.

Do Brasil participaram o Partido dos Trabalhadores (PT), que ocupa a secretaria-executiva, com Mônica Valente, e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que integra o Grupo de Trabalho. A delegação comunista foi liderada por Ricardo Alemão Abreu, integrante da Comissão Política Nacional do PCdoB e da Comissão de Relações Internacionais, diretor de Temas Internacionais e Cooperação Internacional da Fundação Maurício Grabois; Liége Rocha, coordenadora de Direitos Humanos do Comitê Central do PCdoB, integrante da Comissão de Relações Internacionais do PCdoB, dirigente da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM); Rafael Leal, integrante do Comitê Central do PCdoB, presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS) e Amanda Harumy, integrante da Comissão de Relações Internacionais do PCdoB, dirigente da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) e da Organização Continental Latino-americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE).

Alemão destacou que “este 26º Encontro do Foro de São Paulo foi marcado pela realização concomitante da Celac Social, que contou com 360 representantes de 128 partidos, movimentos sociais e governos de quase todos os países da América Latina e do Caribe, e discutiu o tema da integração regional, e pela solidariedade ao povo hondurenho e seu atual processo político, liderado pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre)”.

A jornada Celac Social – Foro de São Paulo foi aberta com uma cerimônia recordando os 15 anos do Golpe de Estado em Honduras, contra o ex-presidente (2006-2009) José Manuel Zelaya. Zelaya, atualmente coordenador geral do Partido Libre, agradeceu aos delegados “em nome de Xiomara Castro (presidenta de Honduras eleita pelo Libre), em nome do povo, em nome do Partido Liberdade e Refundação, Libre, por sua presença aqui neste evento recordando os 15 anos do fatídico golpe de Estado que foi revertido nas urnas (…) agora estamos lutando contra suas escolas narcotraficantes que ainda estão instaladas em nosso país“. Manuel Zelaya aproveitou para apresentar a “futura presidenta de Honduras”, Rixi Moncada, que será a candidata do Libre na eleição presidencial de 30 de novembro de 2025.

Juventude Presente

O Encontro do FSP aprovou 15 resoluções específicas, sobre Cuba, Cop-16, fim do Lawfare, República Árabe Saarauí Democrática, El Salvador, Colômbia, China, política de guerra dos EUA/Otan, Liberdade de Imprensa, Porto Rico, Palestina, Venezuela, Áreas de Livre Comércio, Solidariedade ao MAS/Evo Morales e uma saudação aos 45 anos da revolução sandinista. Clicando em cada um destes links você é remetido ao texto da resolução específica (em espanhol).

A declaração final, que pode ser lida na íntegra em português neste link, expressou de forma avançada os consensos do campo progressista latino-americano. Abaixo, extratos do texto.

Os partidos e movimentos políticos membros do Foro de São Paulo (FSP), presentes neste 27º Encontro em Tegucigalpa, Honduras, expressam nossa profunda gratidão ao partido Liberdade e Refundação, LIBRE, de Honduras e à Secretaria Executiva do FSP pela organização deste significativo evento (…)

No cenário continental, a extrema direita neoliberal continua aplicando métodos de guerra não convencional e violando, de maneira flagrante, o Direito Internacional. Os exemplos mais vergonhosos têm sido a destituição do presidente Pedro Castillo e a condenação do dirigente político Vladimir Cerrón no Peru; a violenta detenção do ex-vice-presidente Jorge Glas no Equador, após ter recebido asilo político pelo governo mexicano, assim como a prisão preventiva diante de fatos não comprovados do prefeito de Recoleta, Daniel Jadue, no Chile. Todos esses fatos demandam nossa condenação e denúncia enérgica, e essas e muitas outras razões justificam nossa luta por um mundo de paz, justiça e direitos para todos e todas (…)

É importante ressaltar que desde o 26º Encontro do FSP até a presente data, registraram-se multitudinárias manifestações populares contra a aplicação de políticas neoliberais dos governos de direita e em defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais dos povos. Entre elas, é importante destacar os justos protestos do povo argentino contra o retrocesso que representa o programa de governo de Javier Milei (…)

(…) a integração é nossa maior fortaleza, daí a importância de continuar fortalecendo-a. Em 2024 estamos comemorando o 10º aniversário da assinatura da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, cujos postulados mantêm plena vigência e nos lembram do compromisso irrestrito de banir de nossa região o uso e a ameaça do uso da força e de fomentar as relações de amizade e cooperação (…)

(…) devemos promover e fortalecer os meios alternativos (nos espaços digitais e nas redes sociais) de nossa região, que representem a realidade de nossos povos sem preconceitos políticos nem manipulações. Ao mesmo tempo, é necessário trabalhar na formação e conscientização política, assim como aprender as lições da história da América Latina e do Caribe, na qual tantos heróis ofereceram suas vidas para que nossas nações sejam independentes e soberanas (…)

Recordamos o golpe de estado contra o presidente Manuel Zelaya, ocorrido há 15 anos, como antecedente da contraofensiva fascista que se iniciava contra a primeira onda de governos progressistas na região. Devemos aprender a lição de que, diante do avanço da direita neoliberal, é necessário construir a unidade na diversidade de nossas forças políticas, para assim alcançar uma América Latina e Caribe livres, soberanos, independentes e equitativos (…)

Expressamos o firme e inabalável apoio ao princípio de ‘uma só China’. Reconhecemos a província de Taiwan como parte inalienável do território da República Popular da China. Reiteramos que essa posição é consistente com a Resolução 2758 da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada em 25 de outubro de 1971; e que conta com o apoio da esmagadora maioria da comunidade internacional, que reconhece oficialmente a República Popular da China como o único governo legítimo que representa toda a China (…)

Valorizamos a importância histórica dos movimentos sociais como parte da luta de classes; a resistência indígena, camponesa, negra e popular em defesa da democracia e dos processos de eleição livre e soberana. O exemplo dos povos originários, que historicamente têm sido atores decisivos nas transformações sociais em nosso continente, recentemente na Guatemala foram fator determinante contra o modelo neoliberal e em defesa da democracia e do voto popular, para que um governo progressista, como o de Bernardo Arévalo, assumisse a presidência da República (…)

Unamo-nos frente às constantes ameaças que nos impõe o imperialismo estadunidense e não permitamos que se reimponha a Doutrina Monroe! Só com a participação e a unidade na diversidade dos nossos povos conseguiremos avançar para a verdadeira integração regional e preservar a independência e a soberania latino-americana e caribenha!”.

 

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