Greve de 250 milhões de trabalhadores na Índia
Luta na Índia – mais de 250 milhões de trabalhadores e agricultores participaram, no final de novembro, de uma greve nacional, apoiada por sindicatos e partidos de esquerda, contra as políticas governamentais.
A Índia testemunhou, no dia 26 de novembro, a maior greve organizada da história da Humanidade. Mais de 250 milhões de trabalhadores e agricultores, juntamente com aliados – estudantes, mulheres e grupos da sociedade civil –, participaram na greve nacional indiana.
A paralisação foi organizada por uma coligação de movimentos de trabalhadores e agricultores incluindo 10 confederações sindicais e o Comitê de Coordenação da Luta dos Agricultores da Índia que reúne mais de 200 grupos de agricultores de todo o país. Recebeu o apoio de partidos de esquerda, nomeadamente do Partido Comunista da Índia (Marxista), e de grupos oposicionistas.
A greve coincidiu com o Dia da Constituição da Índia, que comemora a aprovação da lei fundamental indiana, em 1949, e respondeu a fortes ataques contra os direitos laborais e à onda de privatizações por parte do governo de direita do primeiro-ministro Narendra Modi.
A crise econômica provocada pela pandemia de COVID-19 empurrou a Índia para uma profunda recessão, que agravou e evidenciou as desigualdades e a pobreza existentes. O Produto Interno Bruto diminuiu 23,9% e o desemprego disparou para 27%, cifras sem precedentes.
No meio da crise, o Bharatiya Janata Party (Partido do Povo Indiano), nacionalista hindu, dirigido por Modi, implementou alterações no código laboral e aprovou leis agrárias que anulam direitos históricos conquistados pelos trabalhadores e pelos agricultores.
Segundo o Peoples Dispatch, aos trabalhadores da capital em luta juntaram-se vagas de agricultores em protesto vindos dos Estados à volta de Deli, em marchas sobre a capital que barreiras policiais não conseguiram travar.
Está agora em curso um tenso confronto entre agricultores e governo. Organizados numa Frente Unida de Agricultores, os manifestantes estão preparados para permanecer nos arredores de Delhi e prosseguir o seu protesto sem data para terminar até que o governo de Modi anule a legislação gravosa.
Nova greve geral
Vários partidos políticos e sindicatos indianos solidarizaram-se com os protestos de milhares de agricultores acampados nos arredores de Nova Delhi e alargaram o seu apoio a uma nova greve geral, que decorreu na passada terça-feira, 8.
Desde há duas semanas que os manifestantes exigem que sejam retiradas três novas leis agrárias, aprovadas recentemente pelo parlamento, por iniciativa do governo, entre outra legislação lesiva dos direitos laborais.
Segundo o jornal Hindustan Times, citado pela Prensa Latina, dezenas de milhares de agricultores acamparam nos arredores de Nova Delhi para exigir ao governo o cumprimento das suas reivindicações. Temem que a legislação aprovada abra caminho a que o Estado deixe de comprar cereais a preços garantidos e abandone os agricultores à mercê das grandes corporações.
Cinco rondas de conversações entre ministros do governo e representantes dos sindicatos agrícolas não conseguiram encontrar soluções, pelo que as reuniões continuam, ao mesmo tempo que prosseguem as manifestações pacíficas.
Os agricultores denunciam que as novas leis flexibilizam os regulamentos sobre a venda, os preços e o armazenamento de produtos agrícolas, permitem a agricultura por contrato mediante acordos com empresas privadas e retiram cereais e legumes da lista de produtos essenciais.
Os manifestantes alegam que a legislação aprovada debilita o mecanismo de preço mínimo de apoio através do qual o Estado compra os produtos agrícolas, deixando os agricultores dependentes do “mercado” e ameaçando a segurança alimentar do país.
Fonte: Avante!