Partido Comunista da Argentina pronuncia-se sobre a vitória de Javier Milei
O Secretariado Nacional do Partido Comunista da Argentina divulgou, nesta quinta-feira (23), uma nota sobre a vitória de Javier Milei, representante da extrema-direita, que será o novo presidente da Argentina a partir de 10 de dezembro. O PCA defende a “mais ampla unidade” contra o neofascismo, mas ao mesmo ressalta que se deve apontar perspectivas novas e avançadas ao povo. Leia a íntegra.
Enfrentando o ajuste, o saque e a repressão
A ampla vitória alcançada por Javier Milei no segundo turno nos coloca diante de um cenário de extrema gravidade e inaugura um período de profundas mudanças no cenário político e social argentino, com repercussões em toda a região.
As primeiras medidas anunciadas, em linha com o que foi proposto ao longo da campanha, não deixam dúvidas de que estamos diante de um novo processo de ajuste, saque e repressão.
Privatizações, começando com a YPF e os meios de comunicação públicos, desvalorização, eliminação da Obra Pública, ataques ao sistema previdenciário e precarização do trabalho são apenas uma amostra disso.
Os ataques a vários locais partidários e as ameaças recebidas por líderes do campo popular são encorajados por Milei, seus seguidores e por seu aliado Mauricio Macri.
Para enfrentar o próximo governo e suas políticas já anunciadas de ajuste e repressão, será necessário um Partido Comunista forte que, em sua independência política, promova e participe ativamente na construção da mais ampla unidade contra este projeto neoliberal, conservador, pró-imperialista, neofascista e explicitamente anticomunista. Uma frente que esteja ao lado dos trabalhadores e do povo nos locais de trabalho, estudo e moradia para lutar e construir o poder popular.
Novamente, os limites das políticas “moderadas”, que buscam acordos com o grande capital, negociam com o FMI e mantêm a ilusão de que pode existir um capitalismo “sério”, “humano” ou “nacional” são evidenciados.
A unidade necessária para enfrentar as políticas de ajuste, saque e repressão deve ultrapassar os limites do acordo eleitoral e avançar em acordos programáticos e organizativos que nos permitam não apenas resistir ao governo de Milei e defender as conquistas e direitos de nosso povo, mas também passar rapidamente à ofensiva política.
Não é a primeira vez que o povo argentino enfrenta essas ameaças, e ao longo de sua rica história combativa, conseguiu superar esses desafios. Parabenizamos toda a militância do campo popular, especialmente a do nosso Partido Comunista e da FJC*, pela militância desempenhada durante toda a campanha.
Daqui para frente, continuaremos construindo o poder popular e a organização para a luta. Os comunistas estarão, como sempre, na linha de frente, lado a lado com nosso povo, erguendo bem alto as bandeiras do anti-imperialismo, antifascismo, soberania, poder popular e socialismo. Enfrentaremos, como sempre fizemos, este projeto ultraliberal e neofascista.
Não parabenizamos aqueles que venceram. Chamamos a combatê-los, com inteligência e união. Não nos rendemos, continuamos lutando.
Secretariado Nacional – PCA – 23/11/2023
* Federação Juvenil Comunista
