PC do Uruguai: Construir, com a Frente Ampla, uma nova vitória popular
O Comitê Executivo do Partido Comunista do Uruguai divulgou, nesta terça-feira (29), uma declaração sobre o resultado da eleição do dia 27/10 que definiu a realização de um segundo turno entre Daniel Martinez (Frente Ampla) e Luis Lacalle (Partido Nacional), representante da direita neoliberal. Leia, abaixo, a íntegra da nota.
Declaração do PC do Uruguai sobre o primeiro turno
Queremos – antes de tudo – enviar nossas mais fraternas saudações e reconhecimento aos milhares de militantes que, em todo o país, sustentaram a campanha eleitoral para defender os avanços populares e nosso projeto político, o do Frente Ampla.
Depois de conhecer os resultados dessa nova instância do processo eleitoral, enfatizamos, primeiro, que a maioria do nosso povo disse Não à Reforma Constitucional que procurava militarizar a segurança pública. A maioria disse que este não é este o caminho, que não é construído a partir do medo. Portanto, queremos saudar a militância de milhares e milhares de uruguaios e uruguaias, especialmente os jovens, que contribuíram decisivamente para vencer uma batalha democrática central.
Queremos, em especial, destacar a militância popular que permitiu à Frente Ampla ser o partido mais votado, com mais de 250 mil votos à Frente do segundo colocado. É a quinta eleição consecutiva que nossa Frente Ampla é a primeira força política no Uruguai.
Sem o entusiasmo, o comprometimento e a mobilização da militância da Frente, onde se destaca o papel do Comitê de Base, isso não teria sido possível.
Essa militância é a principal força que deve ser mobilizada, em um nível superior, para conquistar um quarto governo nacional, liderado por Daniel Martínez e Graciela Villar.
Não pretendemos eludir a realidade. A votação da Frente Ampla não foi a que esperávamos, pela qual lutamos e do que nosso país e nosso povo precisavam. Não teremos maioria parlamentar e muitas e muitos uruguaios que votaram na Frente Ampla desta vez não o fizeram. As causas são múltiplas e devemos prestar atenção aos sinais que nosso povo envia.
É desta forma e assumimos auto criticamente, porque fazemos parte do processo de mudanças em andamento, de seus avanços e também de suas dificuldades.
Mas não se pode permitir que a grande mídia tente apresentar a eleição de domingo como uma derrota da Frente Ampla, quando esta continua sendo a primeira força, com mais de dez pontos de diferença para a segunda colocada; segue tendo a principal bancada parlamentar; venceu em 9 departamentos e foi a segunda força em outros 9.
Os e as militantes da (lista) 1001* e os setores que nos acompanharam no âmbito de acordos políticos contribuíram muito para a votação da Frente Ampla: dobramos a votação de 2014 e multiplicamos nossa representação parlamentar, obtendo 2 cadeiras no Senado e elegendo 7 deputados.
Essa bancada estará a serviço, como sempre, do avanço democrático de nosso povo, da conquista e defesa dos direitos populares.
O bloco conservador, o do poder, mostrou sua vontade restauradora na mesma noite da eleição. Lacalle Pou convocou Ernesto Talvi, Guido Manini Ríos, Edgardo Novick e Pablo Mieres para formar a coalizão do retrocesso, do corte de direitos. Seu programa ainda não é conhecido, eles estão unidos apenas com o objetivo de deslocar uma força popular do governo e retroceder em todos os avanços conquistados.
No último domingo de novembro a votação será entre a igualdade e os privilégios. Mais claro que nunca se expressam os dois projeto de país. A única solução popular para os desafios de nosso país está, em novembro, no programa da Frente Ampla.
Essa é a nossa abordagem para aqueles que, com razão, afirmam que há problemas pendentes de solução: eles não terão uma solução popular se a restauração conservadora for vitoriosa.
O resultado da votação será conhecido dentro de um mês. Nada está decidido. Chamamos nosso povo a não ser enganado pelo discurso único instalado desde o próprio domingo. Não há lugar para o derrotismo.
Essa eleição é a mais difícil desde que nossa Frente Ampla chegou ao governo, mas os e as frenteamplistas sabemos lidar com desafios. Juntamente com nosso povo, enfrentamos a ditadura e a repressão, o neoliberalismo, defendemos as empresas públicas, lutamos pela Verdade e Justiça, enfrentamos fome e pobreza, construímos igualdade.
O desafio é por em pé de luta tudo que o nosso povo tem organizado e abordar milhares para gestar uma maioria social que derrote a restauração.
Organizar e mobilizar trabalhadores, aposentados e pensionistas, estudantes e jovens, organizações feministas, de diversidade, cooperativistas, pessoas com deficiência, organizações de bairro, cultura. Toda a ampla gama de organizações populares e dirigir-se a milhares de uruguaios e uruguaias, que não votaram na Frente Ampla, mas que não confundimos com os líderes dos partidos de direita e suas propostas restaurativas.
Comprometemos nosso esforço para convocar, organizar e mobilizar o povo e construir, com a Frente Ampla, uma nova vitória popular.
Enviamos um abraço fraterno a toda militância política e social, e pedimos que não se dê um minuto de trégua e se redobre a mobilização para defender o melhor programa, diante do ataque da direita com seu projeto conservador e neoliberal.
29 de outubro de 2019
Comitê Executivo Nacional
Partido Comunista do Uruguai
* 1001, lista de candidatos do PCU na Frente Ampla.