Luta dos povos

Professor Lejeune Mirhan lança novo livro sobre a Palestina

Sociólogo, analista internacional, escritor e arabista, Mirhan é há décadas um dos mais ativos militantes da causa palestina no país

O professor Lejeune Mirhan, um dos mais combativos militantes da causa palestina no Brasil, lançará neste sábado (5), em Campinas/SP, “Palestina: história, sionismo e suas perspectivas”. O livro – 12º do autor, o quarto sobre assuntos relacionados à Palestina – resulta da edição e atualização de 70 artigos produzidos por ele ao longo dos últimos anos. O evento será às 10h, na Livraria Pontes (R. Dr. Quirino, 1223).

No seu novo trabalho, o sociólogo mergulha nas origens do sionismo e do projeto neocolonial do imperialismo na Palestina. Em pouco mais de 400 páginas, debate, entre outros temas, o papel da mídia na construção do imaginário popular sobre a região, as tentativas de acordos de paz e os impactos na atualidade das resoluções e encaminhamentos de órgãos internacionais como a ONU.

Com prefácio do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, o livro traz também entrevistas concedidas por Lejeune, artigos de dois escritores estrangeiros convidados, inúmeras fotos de missões e atos, tiradas pelo próprio professor entre 2009 e 2014, além de cartuns de Carlos Latuff e Natalia Forcat, autora da capa. “É uma análise geral da história e um registro de muitos momentos marcantes da Palestina, inclusive os ocorridos no Brasil”, resume Lejeune.

Um dos objetivos do professor é que a publicação ajude a sociedade brasileira a compreender melhor a ocupação militar e o processo de limpeza étnica a que o povo palestino está submetido. “Apesar do bombardeio da mídia, o povo brasileiro é extremamente solidário ao que acontece lá. Ao mesmo tempo, há muita confusão. Muitos pensam que a origem dos conflitos é religiosa, enquanto sabemos que se trata de questões políticas, de disputa territorial, de hegemonia”, explica. “Israel criou um Estado no meio de uma terra que já era habitada há milhares de anos”.

Este é o segundo livro lançado por Lejeune pela sua própria editora, a Apparte. Compre pelo site.

Militante histórico do movimento palestino no Brasil

Sociólogo, analista internacional, escritor e arabista, Lejeune Mirham foi professor de Sociologia e Ciência Política da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo (Sindsesp) e há muitos anos contribui como colunista para revistas e portais, como o vermelho.org.br.

Entre os seus livros está “E se Gaza cair…”, de 2012, uma organização de 47 artigos sobre os massacres de Israel a Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2019, escritos por intelectuais e ativistas de várias nacionalidades, como Noam Chomsky e Eduardo Galeano.

Neto de sírios, vem de família o seu engajamento pelas questões do Oriente Médio e da Palestina. “Quando a ONU aprovou o plano de partilha em 1947, meu avô publicou no jornal de Corumbá (interior de Mato Grosso do Sul) um artigo criticando a decisão. Então, foi nesse ambiente que me criei”, conta. “Tenho um pé na Palestina”.

“Quando a ONU aprovou o plano de partilha em 1947, meu avô publicou no jornal de Corumbá (interior de São Paulo) um artigo criticando a decisão. Então, foi nesse ambiente que me criei”, conta Lejeune

Desde o início da década de 1980, Lejeune Mirhan é um dos ativistas brasileiros mais atuantes na defesa dos direitos do povo palestino. Além dos livros publicados, das três viagens à Palestina em representações sindicais e missões de solidariedade, o professor foi integrante da Juventude Sanaúd – Voltaremos e auxiliou na criação da própria FEPAL, entidade da qual permanece muito próximo.

Outro episódio marcante em sua trajetória no movimento foi a idealização do Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino, criado em 1982, em São Paulo, após os horrores do massacre de Sabra e Chatila. “Essa talvez tenha sido a experiência mais longeva de apoio da sociedade brasileira à causa palestina”, conta ele. “Reuníamos centenas de pessoas nas reuniões e conseguimos fazer com que a mobilização durasse por muitos anos”, completa. O comitê foi dissolvido em 2014.

Aos 62 anos, o sociólogo não desanima da luta. Pelo contrário, acredita que o atual cenário político global exija ainda mais engajamento para que novos consensos possam ser construídos. Para ele, um futuro de independência e justiça para o povo palestino é possível, sim, desde que se ataque a verdadeira origem dos conflitos:

“Muçulmanos, judeus e cristãos convivem bem há milhares de anos. A ocupação israelense é que foi criando uma situação insustentável. Se não houver a devolução de terras, jamais teremos a paz”, afirma.

Fonte: Fepal

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