Sabores da Festa do Avante!
“Come a papa,
Joana come a papa
Come a papa,
Joana come a papa,
Joana come a papa
Um, dois, três,
uma colher de cada vez
Quatro, cinco, seis,
era uma história de reis
E uma colher de papa
Come a papa, …
Sete, oito, nove,
ainda nada se resolve
Dez, onze, doze,
á espera que a mosca pouse
E uma colher de papa…”
Joana come a papa (Carlos Alberto Vidal)
Massimo Montanari, um dos grandes historiadores da alimentação, aborda a gastronomia sob uma ótica cultural em sua obra “Gastronomia como Cultura”. Segundo Montanari, a comida não é apenas um ato biológico, mas um fenômeno cultural profundamente enraizado na história e nas tradições de cada sociedade. Ele argumenta que a alimentação está entrelaçada com questões sociais, econômicas e políticas, sendo um reflexo das transformações e interações culturais.
por Alexandre Santini, Ana Prestes, Renata Martins, Tiago Alves
Na visão de Montanari, a gastronomia não deve ser vista como algo fixo ou estático, mas como um processo dinâmico em constante transformação. Os alimentos e as práticas culinárias sofrem influências e adaptações em função das interações entre diferentes culturas, guerras, descobertas geográficas e trocas comerciais. A comida, nesse sentido, não é apenas uma necessidade de sobrevivência, mas também um símbolo de identidade cultural, de poder e de comunicação entre povos.
Montanari também enfatiza o papel da gastronomia na construção e manutenção de tradições culturais, ao mesmo tempo que adaptações e misturas de ingredientes e técnicas revelam o caráter fluido e híbrido das culturas alimentares.
A gastronomia é mais do que uma necessidade alimentar; é uma expressão vibrante de cultura e identidade. No coração da Festa do Avante, um evento que celebra a diversidade e a união, a comida se destaca não apenas como um atrativo saboroso, mas como um elemento central na celebração. Neste texto demonstraremos como a gastronomia na Festa do Avante se torna um palco para essa rica tapeçaria de sabores.
Festa do Avante à mesa
A Festa do Avante, um dos maiores eventos de Portugal, é um ponto de encontro para milhares de pessoas que vêm não só para celebrar a política e a cultura, mas também para desfrutar de uma rica variedade de ofertas gastronômicas. A festa se transforma em um verdadeiro festival de sabores, com estandes que representam uma vasta gama de tradições culinárias.
A experiência gastronômica da delegação brasileira na Festa do Avante foi uma oportunidade de encontrar lugares, pessoas, cheiros e sabores. A cada refeição os anfitriões do PCP nos convidaram para uma viagem pelas delícias culinárias das diferentes regiões de Portugal.
Com pratos selecionados especialmente para as delegações internacionais pelas organizações regionais do PCP do Porto, Litoral Alentejano, Lisboa, Setúbal e Braga, cada refeição era um banquete popular onde se sucediam pataniscas, pastéis de bacalhau, iscas de vitela, pães artesanais, , choco frito, vinagrete de polvo, enchidos, frango na brasa, leitão assado, massada de peixe e arroz de pato.
Em todas as refeições havia opções vegetarianas: cuscuz marroquino, cogumelos, chili vegetariano, sanduíche vegetariano.
Além das iguarias tradicionais de Portugal, a Festa do Avante também inclui pratos de outras culturas, nomeadamente das comunidades imigrantes e de países lusófonos, como o Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, mas também países Europeus, latino-americanos e asiáticos, refletindo a diversidade cultural do evento.