Notas Internacionais

Notas internacionais (por Ana Prestes) 22/11/18   

– Está no twitter de John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA e braço direito de Trump, que ele se encontrará com o presidente eleito Bolsonaro na próxima quinta-feira (29) no Rio de Janeiro, antes de seguir para o G20 em Buenos Aires. Bolton é conhecido por ser “linha-dura” e recentemente chamou Cuba, Venezuela e Nicarágua de “troika da tirania”. Equipe de transição do futuro presidente tenta a todo custo trazer Trump para posse em 1º. de janeiro.

– Presidente Temer esteve no Chile ontem (21) onde assinou acordo comercial como Sebastian Piñera. Acordo tem 24 capítulos quase todos dedicados ao tema comercial. Um dos pontos é a eliminação do roaming internacional para telefonia móvel e transmissão de dados entre os dois países. Outro ponto é quanto à participação de empresas dos dois países em processos de licitação em igualdade de condições com empresas locais.

– O ex-candidato a presidência pelo PT, Fernando Haddad, disse ontem em coletiva no Senado que o partido estuda ingressar com uma ação nos EUA contra o WhatsApp pela recusa dos donos do aplicativo de compartilhar com a justiça brasileira os dados sobre a divulgação em massa de mensagens na véspera da eleição. Foram enviadas inúmeras mensagens falsas por seu adversário via o aplicativo.

– Manuela Davila em Buenos Aires no encerramento do primeiro Fórum do Pensamento Crítico, no âmbito do Congresso do CLACSO (Conselho Latino-americano de Ciências Sociais): “não há mal que sempre dure, nem há inverno que a primavera não vença, e os Fóruns Sociais Mundiais nos fazem recordar disso. Por isso a importância desse primeiro Fórum do Pensamento Crítico”.

– Relatório da ONU divulgado hoje (22) indica que a quantidade de gás carbono na atmosfera atingiu um novo recorde de 405,5 partículas por milhão em 2017, valor superior a 2016. No entanto, no Brasil as emissões caíram 2,3%. A redução se deu, segundo o relatório, pela redução na taxa de desmatamento na Amazônia no mesmo período.

– Os migrantes da América Central seguem entrando no México. Ontem foram 250 salvadorenhos que entraram em território mexicano e solicitaram passagem para o norte, mas foram impedidos e levados a um albergue para o pedido formal de refúgio. Ali podem ficar esperando 45 dias pelos tramites e em caso negativos serem deportados de volta para seu país. Em diálogo relatado pelo jornalista Isaín Mandujano entre migrantes e policiais mexicanos, um dos migrantes dizia: “não queremos refúgio, queremos passar para o norte. Não queremos fazer mal a ninguém”. E foi respondido: “a única forma com a qual podem ingressar no país é de forma regular, ordenada e segura, de outra forma não podem avançar. Espero que nos acompanhem à estação migratória”. – “Por que deixaram avançar a outra caravana? Também temos nosso direito. Só estamos de passagem. Nossa intenção não é ficar aqui, nem tirar trabalho dos mexicanos, nem nada”, respondeu outro migrante.

– Já são 4.400 migrantes integrantes das caravanas da América Central instalados no centro desportivo Benito Juárez ao norte de Tijuana na fronteira do México com os EUA. Já são 5900 os soldados norte-americanos instalados na região e desde terça (20) com autorização da Casa Branca para uso de força letal.

– No Haiti, desde o domingo, 18 de novembro, há protestos populares exigindo a demissão do presidente Jovenel Moise, acusado de participar do desfalque de 3.8 milhões de dólares do fundo Petro Caribe. Cerca de 15 pessoas já morreram nas manifestações. Em uma conferência de imprensa no dia 20 de novembro, o líder camponês Chavannes Jean Baptiste explicou que a partir de 2011, quando Michel Martelly assumiu a presidência do Haiti, até o fim de seu mandato em 2016, foram desaparecidos cerca de 2 milhões do fundo. O governo de Jovenel Moise estaria seguindo os mesmos passos de sangria do fundo que não tem sido revertido para a população. A capital e boa parte do país estão parados há três dias por uma greve geral.

– O México vai fechando o ano de 2018 como o mais violento desde que há registros oficiais de segurança pública. Segundo o Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP) foram 25.500 vítimas de homicídios intencionais, cerca de 100 pessoas assassinadas por dia, média de 4 vítimas por hora.

– Na Bolívia, neste momento, há um grande debate sobre a das primarias partidárias a serem realizadas em janeiro de 2019 como parte do calendário eleitoral. A oposição defende que as primárias não podem ocorrer no calendário estabelecido por terem sido encontradas imprecisões nas listas de filiados por partidos. A presidente da Câmara dos Deputados, Gabriela Montaño, e o presidente do Senado, Milton Barón, se pronunciaram ontem afirmando que o partido do presidente Evo Morales, o MAS (Movimento ao Socialismo) foi o mais prejudicado com o fraudulento registro de alguns de seus militantes nas listas de outros partidos, inclusive de ministros e congressistas. De todo modo, os dois presidentes das casas legislativas rechaçaram o pedido da oposição de anular as primárias e mesmo as eleições gerais e solicitaram formalmente ao Tribunal Superior Eleitoral que regularize as listas de filiados junto aos partidos. É a primeira vez que se realizarão estas consultas partidárias primárias em um processo eleitoral na Bolívia.

– Temendo que a questão sobre Gibraltar fosse a pedra no sapato para a aprovação do acordo do Brexit na reunião do Conselho Europeu, o Reino Unido conseguiu construir um acordo com a Espanha no sentido de salvaguardar a independência das definições sobre o enclave britânico frente ao Brexit.

– Ainda pairam muitas dúvidas sobre o Brexit. Se o parlamento britânico vai aprovar o texto e o andamento da reunião do Conselho Europeu sobre o tema no próximo domingo (2). Ontem Theresa May teve reunião com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker e deve retomar no sábado. Há uma pressão interna no Reino Unido por um novo referendo.

– As sanções econômicas promovidas pelos EUA contra o Irã já começam a surtir efeitos no suprimento de medicamentos.

– EUA e Rússia se opuseram durante disputa pela presidência da Interpol. A organização estava sem presidente desde que Meng Hongwei, de origem chinesa, renunciou após acusações de corrupção em seu país. O sul-coreano Kim Jong-yang estava interino e foi apoiado pelos EUA para assumir a presidência, enquanto os russos indicaram Alexander Prokopchuk, funcionário de alto escalão do governo russo. Os americanos ganharam. Ucrânia e Lituânia ameaçaram deixar a organização, composta por 192 países, caso o russo vencesse. Britânicos também atuaram fortemente contra o russo.

– Cerca de 85 mil crianças até 5 anos podem ter morrido no Iêmen desde o início da guerra há três anos, segundo a ONG Save the Children. Hoje, cerca de 14 milhões de cidadãos, metade do país, passam fome. A guerra é promovida pela Arábia Saudita contra grupo dos xiitas houthis, apoiados pelo Irã. Negociações de paz estão previstas para começar em dezembro na Suécia.

– Governo italiano segue tentando impor seu orçamento à União Europeia. Bruxelas já rechaçou duas vezes o orçamento proposto pelo país por não cumprir as regras do bloco.

– A polêmica sobre o assassinato do jornalista Kashoggi continua agitando o noticiário internacional. No oriente médio só se fala disso. Segundo o jornal turco Hurriyet Daily News, a CIA teria o registro de um telefonema no qual o príncipe herdeiro saudita dava instruções para “silenciar” o jornalista.


A autora

Ana Maria Prestes

A Cientista Social Ana Maria Prestes começou a sua militância no movimento estudantil secundarista, foi diretora da União da Juventude Socialista, é membro do Comitê Central e da Comissão de Política e Relações Internacionais.

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