O Partido do Trabalho da Coreia – 74 anos
Comemora-se neste 10 de outubro o 74o. aniversário do Partido do Trabalho da Coreia. Naquele ano de 1945, em 8 de agosto, a 2a. guerra ainda prosseguia, o Japão seguia ocupando diversos países, entre eles a Coreia, e o Exército Revolucionário Popular da Coreia, sob a direção de Kim Il Sung, às vésperas da ofensiva da URSS contra o Japão, iniciou uma grande ofensiva contra os japoneses, criando Comitês Populares em toda parte. Com a rendição do Japão, o poder foi para as mãos dos Comitês Populares e foi instalado, em Seul, sob um governo provisório, a República Popular da Coreia.
Por Walter Sorrentino*
Desrespeitando a autodeterminação do povo coreano, os EUA ocuparam o sul da Coreia, dissolveram os Comitês Populares, prenderam em massa os seus membros e impuseram não apenas um governo vassalo, como também a divisão da península coreana em 15 de agosto de 1948, visando transformá-la numa base militar contra a China e Rússia.
Em resposta a isso, no Norte, foi instalada em 9 de setembro de 1948, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Formou-se um governo sob a direção da Frente Democrática para a Reunificação da Pátria, sob a liderança do PTC e do histórico herói e líder dessa saga, Kim Il Sung, um dentre os grandes personagens da história revolucionária mundial.
O PTC levou a cabo uma obra impressionante em meio a muitas vicissitudes. Foi promulgada a reforma agrária, a jornada de 8h, proibido o trabalho infantil, instituída a igualdade de direitos entre o homem e a mulher, estabelecido o ensino gratuito e obrigatório e erradicado o analfabetismo.
Haviam sido expropriadas sem indenização as propriedades industriais, comerciais, de comunicação, de transporte, bancos e demais bens de japoneses, pró-japoneses e traidores da nação, mas preservados os bens de pequenos e médios empresários e capitalistas patriotas. Deram-se grandes avanços sociais e um pujante desenvolvimento econômico.
Das vicissitudes enfrentadas pelo PTC, a mais imperiosa foi o início da Guerra da Coreia, iniciada pelos EUA, por meio da Coreia do Sul, na qual os norte-coreanos tiveram que combater, não só os EUA, mas uma coalizão militar de 15 nações, a quem a ONU – manipulada pelos EUA – emprestou a sua bandeira. Após três anos de uma guerra de extermínio de 20% da sua população – a RPDC forçou os EUA a aceitarem, em julho de 1953, o Armistício de Panmunjon. Na ocasião, o general Mark Clark declarou amargurado: “Eu ganhei a nada invejável distinção de ser o primeiro Comandante do Exército dos EUA a assinar um acordo de armistício sem vitória”. E o Chefe do Estado Maior estadunidense, general Omar Bradley desabafou: “Falando francamente, a Guerra da Coreia foi uma grande catástrofe militar, foi uma guerra errada, realizada no local errado, no momento errado e contra o inimigo errado.”
O “Armistício” nunca evoluiu para um “Tratado de Paz” por culpa exclusiva dos EUA, que preferiram manter o clima de tensão na península coreana, para ali terem uma poderosa base militar, apontada contra a RPDC, a China e a então URSS (hoje a Rússia). Ameaçada de ser novamente atacada pelos EUA a qualquer momento, a RPDC teve de empreender a sua reconstrução enfrentando as maiores dificuldades, que aumentaram enormemente após a queda do Leste Europeu e o desmantelamento da URSS.
Assim, o povo coreano, liderado pelos comunistas na grande luta patriótica de libertação nacional e reunificação do povo coreano, mostrou fibra para não se abater pela pressão por seu isolamento e, com suas próprias forças, superar os desafios para erigir um país moderno, de alta tecnologia, onde a miséria foi definitivamente erradicada e onde todos têm assegurado trabalho, alimentação, vestuário, moradia, educação e atendimento à saúde. Lá não se encontra mendigos, moradores de rua, crianças abandonadas, maltrapilhos ou favelas. Hoje, apesar do terrível cerco diplomático imposto pelos EUA à RPDC, ela mantém relações com 160 países (com o Brasil desde 2001).
É a esse Partido, sob liderança hoje de Kim Jong-un, neto do líder Kim Il-sung, filho de Kim Jong-il, que se homenageia por ocasião dos 74 anos de fundação, como expressão de solidariedade com o povo coreano, pela sua reunificação, pelo êxito de sua construção econômica, política, social e cultural. Um partido que soube recolher as vertentes das grandes revoluções anticoloniais do século 20, dando-lhe direção estratégica pelo patriotismo, pela construção do socialismo e pela dignidade social ao povo do norte da Coreia. O Partido do Trabalho da Coreia é mais que nunca indispensável a exercer essa liderança até cumprir seu desígnio de reunificação da Pátria, mas também para se somar no plano internacional à luta contra as pressões neocoloniais e intentos de guerra do sempre presente imperialismo norte-americano. Sua longa vida e luta o tem demonstrado.
* Vice-presidente nacional do PCdoB, Secretário de Política e Relações Internacionais