Cebrapaz repudia ofensiva, desalojo de palestinos e acordo militar do Brasil com Israel
O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) mais uma vez manifesta o seu contundente repúdio às ofensivas das forças de ocupação da Palestina, demandando das lideranças internacionais o cumprimento da sua responsabilidade para com o povo palestino, que resiste há sete décadas ao colonialismo, à expulsão e à opressão impostas pelo regime israelense. Como entidade brasileira fiel à tradição do nosso povo de amizade e fraternidade com os povos em luta, somamo-nos aos apelos contra qualquer movimento de aproximação militar-comercial que legitime o regime israelense através de parcerias estabelecidas com a sua máquina de guerra e opressão.
Mais especificamente, opomo-nos ao Acordo sobre a Cooperação em Questões Relacionadas à Defesa, que o presidente Jair Bolsonaro assinou com o governo de Israel, durante visita a Jerusalém, em 2019. O contexto da assinatura deste acordo é mais uma entre tantas outras evidências da sua ilegitimidade, já que aconteceu durante as promessas do governo israelense de anexar vastas porções do território palestino ocupado, enquanto o seu patrocinador maior, os Estados Unidos, então sob o governo Trump, ratificava o plano e também ousava legitimar, unilateralmente, a anexação de Jerusalém por Israel, reconhecendo a cidade como sua capital.
Bolsonaro prometeu fazer o mesmo, o que contraria tanto as resoluções da ONU quanto a posição histórica da nossa diplomacia e a vontade do povo brasileiro. Nunca é demais recordar que o Brasil reconhece o Estado da Palestina desde 2010 e com o povo palestino deve continuar consolidando relações de amizade e cooperação, um objetivo que o posicionamento do governo Bolsonaro, não de amizade com o povo israelense, mas de subserviência ao regime extremista, racista e supremacista assente nos ideais sionistas, só pode entravar.
Por isso, o CEBRAPAZ também repudia nos mais firmes termos a dupla violência imposta pelo regime israelense ao povo palestino nos últimos dias em Jerusalém, no distrito de Seikh Jarrah, de onde o governo busca despejar famílias palestinas inteiras para alojar em suas casas colonos israelenses, contra o que estas famílias e seus vizinhos e amigos resistem e são, por isso, brutalmente reprimidos pelas forças israelenses e atacados por colonos por elas protegidos. Também denunciamos com firmeza a repetição das ofensivas israelenses contra a Faixa de Gaza, que está sitiada há mais de uma década e é frequentemente bombardeada por Israel, cuja liderança já vislumbra o banco dos réus do Tribunal Penal Internacional (TPI) por cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Entretanto, o atual presidente Joe Biden reafirma a posição estabelecida dos EUA de afirmar que Israel tem direito à segurança com um apelo genérico por contenção, enquanto a segurança dos palestinos é inexistente.
Que este contexto se perpetue já é por si só uma afronta a todos os amantes da paz e da vida e defensores da dignidade humana, além de uma violação do direito do povo palestino à autodeterminação e os seus direitos humanos em geral, alimentando a violência permanente e persistente.
Que a expulsão de palestinos de suas terras e as ofensivas militares contra Gaza se repitam enquanto o governo Bolsonaro planeja assinar acordos militares com Israel, cuja indústria bélica e de “segurança” só se sustenta às custas da repressão e do massacre do povo palestino, é algo que o povo brasileiro não pode aceitar!
Pelo fim da ocupação e a colonização da Palestina por Israel,
Em rechaço completo às políticas do governo Bolsonaro de aproximação e colaboração com este regime opressor e racista,
Em solidariedade absoluta com o povo palestino em resistência e defesa da sua autodeterminação nacional,
Palestina livre, já!
Direção Nacional do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz)