Solidariedade

“Terroristas!”, diz Israel sobre ONGs palestinas de direitos humanos

A Direção Nacional do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) divulgou, nesta quinta-feira (28), uma nota de repúdio ao estado sionista de Israel que colocou seis entidades palestinas de defesa dos direitos humanos na lista de organizações terroristas.

Para o Cebrapaz, a medida “é apenas mais uma na contínua e extensa prática do governo sionista de cercear e tentar intimidar o bravo povo palestino”. Leia, abaixo, a íntegra da nota.

Cebrapaz repudia medida de Israel taxando de terroristas seis entidades palestinas

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CEBRAPAZ), parte do movimento mundial de solidariedade com o povo palestino, junta-se às incontáveis manifestações de repúdio à mais recente arbitrariedade do governo de Israel, que decidiu taxar como “organizações terroristas” seis organizações palestinas de defesa dos direitos humanos.

Esta medida, anunciada pelo Ministério da Defesa de Israel em 22 de outubro, é apenas mais uma na contínua e extensa prática do governo sionista de cercear e tentar intimidar o bravo povo palestino e, neste caso, intimidar organizações internacionalmente conceituadas na defesa dos direitos humanos.

Entre elas estão Al-Haq, organização estabelecida em 1979, e Addameer (Associação de Apoio aos Prisioneiros e Direitos Humanos), que cooperam com a Organização das Nações Unidas, o Tribunal Penal Internacional, o Tribunal Internacional de Justiça, e tantas outras organizações, agências e cortes que recebem os resultados do trabalho da Al-Haq e da Addameer, empenhadas em documentar os crimes da ocupação sionista da Palestina, inclusive o apartheid, que é classificado como um crime contra a humanidade. Seus diretores e trabalhadores são constantemente assediados pelas forças israelenses, como nota a declaração emitida pelas redes palestinas de organizações não-governamentais e de direitos humanos PHROC e PNGO Net, representando mais de uma centena de entidades.

Outras importantes entidades palestinas taxadas de terroristas, cujo trabalho é fundamental para a continuidade do monitoramento e da denúncia das condições impostas aos palestinos sob a ocupação e a colonização israelense são Bisan – Centro para Pesquisa e Desenvolvimento; Defesa Internacional para as Crianças – Palestina (Defense for Children International-Palestine / DCI-P), A União de Comitês de Trabalhadores Agrícolas (UAWC) e a União dos Comitês de Mulheres Palestinas (UPWC).

Também repudiaram a ação do Ministério da Ocupação dezenas de organizações israelenses em comunicado conjunto, como B’Tselem e Adalah, defensoras dos direitos humanos, e Breaking the Silence (“Quebrando o Silêncio”), organização de ex-soldados que denunciam os crimes do exército israelense. Zochrot, organização dedicada a informar a população israelense sobre a Nakba, a Catástrofe palestina, aproveitou para enfatizar que o “regime colonial israelense nunca reconheceu a sociedade civil palestina ou os direitos básicos que o povo palestino tem. Tem trabalhado, desde o começo, para aplastar e suprimir a sociedade civil palestina.”

Este tipo de medida, como outras inúmeras políticas e práticas de Israel sustentando um regime de opressão total, não surpreende, mas deve ser repudiada nos mais firmes termos, especialmente pelos líderes e governos que dizem prezar pela defesa dos direitos humanos, como têm feito relatores especiais da ONU, reiteradamente manifestando preocupação pela forma como Israel dificulta o trabalho dos ativistas palestinos.

Em agosto, Mary Lawlor, a relatora especial sobre a situação dos defensores de direitos humanos, manifestou preocupação por conta das prisões, cerceamento, criminalização e ameaças contra os defensores no território ocupado da Palestina e Israel, instando Israel a reverter a sua política. Em nota coletiva, 17 especialistas independentes atuando como relatores especiais da ONU repudiaram a recente medida, um “ataque direto contra o movimento palestino de direitos humanos e aos direitos humanos em todos os lugares”, enfatizando que “silenciar as vozes [dessas organizações] não é o que uma democracia que adere aos direitos humanos […] e a padrões humanitários deveria fazer”.

Esta política só terminará com o fim da ocupação e colonização da Palestina por Israel, situação que só é mantida como um atentado ao direito do povo palestino à autodeterminação, de que as demais violações, inclusive o crime de apartheid, resultam. Por isso, urge não só responsabilizar Israel pelos crimes cotidianos em que sustenta o seu regime sobre a Palestina, como acabar com este regime de uma vez por todas.

Pela defesa dos direitos humanos e do direito à autodeterminação do povo palestino, fim à colonização da Palestina por Israel, já!

Direção Nacional do CEBRAPAZ
28 de outubro de 2021

Fonte: Cebrapaz

 

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