Súmula Internacional

Súmula Internacional 37 – Armas de fogo são a maior causa de mortalidade infantil nos EUA

Leia também: Venezuela e a peculiar visão dos EUA da ordem global baseada em regras / Moçambique – Desmobilizada a última base da Renamo / Twitter já tem candidato nos EUA – Ron DeSantis / Sudão – Trégua rompida já no segundo dia / Síria só normalizará relações quando Turquia sair de seu território / Partido Comunista de Cuba convoca 2ª Conferência Nacional / Taiwan barrada na OMS – “Tapa na cara dos independentistas, mas também uma humilhação para os EUA”

Doenças, desnutrição infantil, acidentes domésticos, acidentes automobilísticos, nenhum destes fenômenos é a maior causa de morte da infância estadunidense. Segundo estudo divulgado em abril pela Kaiser Family Foundation – uma organização sem fins lucrativos que pesquisa questões de saúde – desde 2020 a morte por arma de fogo superou os acidentes automobilísticos como a principal causa de óbito infantil nos EUA. O estudo revelou ainda que um em cada cinco americanos adultos tem um membro da família que foi morto por uma arma de fogo. Segundo pesquisa da plataforma Gun Violence Archive, com dados atualizados nesta quinta-feira (25), em 2023 já ocorreram 241 tiroteios em massa nos EUA, média de 1,66 por dia.

Venezuela e a peculiar visão dos EUA da ordem global baseada em regras

A chamada “ordem global baseada em regras”, tem, do ponto de vista do imperialismo estadunidense e seus aliados, normas muito próprias, seletivas e até secretas. São como “regras surpresas” que podem ser usadas a qualquer momento por quem as formulou em segredo, de acordo com a sua conveniência. Por exemplo, os EUA inventaram um princípio pelo qual é permitido a ele (EUA) e a quem ele autorizar, roubar (a palavra é essa) fundos estatais de um governo soberano e usar o dinheiro do povo daquela nação para financiar um agente político interno de sua livre escolha. Isso, segundo os EUA, é da regra.  O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolas Maduro, denunciou nesta segunda-feira (22) que o partido opositor Primero Justicia (Primeiro Justiça) recebeu US$ 346 milhões de fundos públicos venezuelanos que estavam depositados em bancos americanos e foram confiscados pelos Estados Unidos, amparados em uma disposição secreta que não se encontra em qualquer compêndio de direito internacional.

Venezuela e a peculiar visão dos EUA da ordem global baseada em regras II

De acordo com o direito internacional estadunidense, roubar pode

O dinheiro foi destinado à possível campanha de Capriles Radonski, disse o primeiro vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello. Capriles foi o candidato presidencial derrotado por Nicolas Maduro em 2013 (não reconheceu a derrota) e será provavelmente o principal candidato à presidência pela oposição de direita na eleição que será disputada em 2024. “Continuamos denunciando a direção do Primero Justicia que recebeu US$ 346 milhões do governo dos Estados Unidos, que já estão prontos para as campanhas do senhor Capriles“, disse Cabello durante a entrevista coletiva semanal transmitida pelo canal venezuelano Televisão do Estado. No início de maio, os Estados Unidos autorizaram Dinorah Figuera, uma das lideranças da oposição, a acessar o montante confiscado com o objetivo de financiar as diversas atividades políticas da oposição antes das eleições presidenciais marcadas para o próximo ano. Em linha com a denúncia do PSUV, o presidente Nicolás Maduro denunciou na noite desta segunda-feira que o governo dos Estados Unidos também materializou a expropriação da petrolífera estatal venezuelana Citgo, com sede na cidade estadunidense de Houston, para financiar diretamente a oposição venezuelana. A referida expropriação ocorreu no início deste mês, quando os Estados Unidos emitiram a licença que garante a desapropriação da Citgo, subsidiária da Petróleos de Venezuela (PDVSA). Maduro alertou que se tratou de um “roubo” de Washington que se apropriou ilegalmente da empresa venezuelana “para financiar as eleições primárias e a eventual campanha política presidencial de quem se revelar candidato da oposição”.

Moçambique: Desmobilizada a última base da Renamo

O presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, também presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), anunciou nesta segunda-feira a desmobilização da última base da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), em Gorongosa, província de Sofala, o que marcará o encerramento do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) dos ex-guerrilheiros da Renamo. “Informamos que estamos na fase quase conclusiva; esta semana tudo deverá começar a retomar para o fecho da última base que é a base em Gorongosa para ver se dentro do próximo mês ou mesmo na metade do mês consigamos fazer um encerramento definitivo”, revelou Nyusi. Em 1975, depois que a Frelimo havia conquistado a independência de Moçambique, a Renamo, hoje o principal partido político da oposição de direita, surgiu como uma guerrilha anticomunista, mergulhando o país em uma longa guerra civil. Em 1992 foi assinado um primeiro acordo de paz, rompido pela Renamo em 2013 e finalmente, em 2019 chegou-se a um acordo definitivo que inaugurou o processo “DDR”. Em reunião realizada nesta quinta-feira (25), a Comissão Política do Comitê Central da Frelimo saudou “o trabalho desenvolvido pelo camarada Presidente FILIPE JACINTO NYUSI, na condução do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), exercício que caminha para a fase conclusiva, com a projeção do encerramento da última base das forças residuais para os próximos dias. A Comissão Política considera determinante e encorajador o passo alcançado neste roteiro da paz efetiva e duradoura e que, do mesmo modo, abre novos horizontes rumo ao progresso do país”.

Twitter já tem candidato nos EUA: Ron DeSantis

O candidato à indicação presidencial pelo Partido Republicano, Ron DeSantis, governador da Flórida, anunciou sua candidatura nesta quarta-feira (24) através de uma entrevista no Twitter, com a participação do dono da plataforma, o magnata Elon Musk, ex-apoiador de Trump, com o qual rompeu, mas que já tem um novo neofascista para chamar de seu. DeSantis defende que um “cidadão de bem” possa portar armas ocultas sem necessidade de autorização, quer proibir programas de diversidade e equidade em faculdades e universidades públicas, assinou o projeto de lei conhecido como “Don’t Say Gay” (não diga “gay”, em tradução literal), que proíbe professores estaduais de discutir orientação sexual ou identidade de gênero nas escolas, proibiu (isso mesmo, proibiu) o curso avançado de Estudos Afro-Americanos no ensino médio das escolas públicas da Flórida, além de ter sancionado a famigerada lei SB 264 que abordamos na Súmula de ontem. Ou seja, é um astro da extrema-direita. No entanto, o lançamento na rede social não deu lá muito certo. Segundo relata a Folha de S. Paulo, foi “uma transmissão recheada de falhas técnicas, com microfones com ecos, longos períodos de silêncio e falhas que fechavam os aplicativos de celular (…) A primeira tentativa, com mais de 600 mil ouvintes, durou cerca de 20 minutos, e DeSantis nem chegou a conseguir falar. Na segunda vez, com cerca de 100 mil pessoas acompanhando, o governador conseguiu fazer o aguardado anúncio. ‘Estou concorrendo à Presidência dos Estados Unidos para liderar o grande retorno da América’, afirmou”. O ex-presidente Donald Trump (2017-2021), principal adversário de DeSantis nas primárias, e de acordo com as atuais pesquisas franco favorito (53,9% contra 26% de DeSantis, segundo sondagem da CNN divulgada nesta quarta) imediatamente tripudiou em cima das falhas na transmissão, assim como o presidente Joe Biden, candidato à reeleição pelo Partido Democrata. Terminada a transmissão de DeSantis, o democrata publicou seu próprio site para doações de campanha com a legenda: “este link funciona“.

Sudão: Trégua rompida já no segundo dia

A agência EFE informou que o Exército Sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) retomaram confrontos nesta quarta-feira em diferentes áreas de Cartum, a capital sudanesa, violando assim o segundo dia da trégua de uma semana que havia sido acordada. De fato, os mediadores e supervisores deste cessar-fogo denunciaram hoje “infrações” de ambas as partes a esta trégua, que entrou em vigor na noite de segunda-feira passada para abrir caminho à chegada de ajuda urgente ao Sudão, após cinco semanas de combates. Moradores de Um Durman disseram à EFE que o Exército e as FAR trocaram tiros de artilharia no sudoeste da cidade e afirmaram ter ouvido disparos de artilharia pesada perto da base militar de Wadi Sayedna, na periferia norte da capital. Eles também viram caças voando sobre o norte de Cartum, quando as Forças de Apoio Rápido tentaram invadir a ponte Halfaya para cruzar o norte de Um Durman, onde está localizada a base militar de Wadi Sayedna. Esta é a oitava trégua no Sudão em pouco mais de um mês, e a segunda em sete dias desde que terminou a última no dia 11, patrocinada pelo Sudão do Sul. Nenhuma das pausas anteriores foi respeitada pelo Exército ou pelas FAR.

Síria só normalizará relações quando Turquia sair de seu território

Faisal Al-Mekdad: Síria exige retirada de todas as tropas estrangeiras não convidadas

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Al-Mekdad, declarou, nesta terça-feira (23) que seu país jamais retomará os laços com outra nação que ocupe seu território, como é o caso da Turquia. A normalização dos laços só pode ocorrer após a retirada completa das forças turcas da província de Idlib, no Noroeste, ou das áreas de fronteira, disse o ministro das Relações Exteriores. Ele agradeceu ao Irã e à Rússia por seus esforços para fazer com que Damasco e Ancara se encontrassem e discutissem questões políticas, militares e de segurança. Faisal Al-Mekdad rejeitou qualquer justificação para esta presença ilegal, afirmando que quando qualquer parte quer defender a sua terra e soberania, deve fazê-lo através de medidas dentro das suas fronteiras e não dentro das terras de outros países. Da mesma forma, ele exigiu a saída incondicional das forças dos EUA do nordeste da Síria e denunciou que eles não apenas saqueiam os recursos naturais do país, mas também apoiam o terrorismo e o separatismo. Os chanceleres da Síria e Turquia se reuniram recentemente em Moscou, capital da Rússia, na primeira reunião bilateral realizada desde o rompimento das relações em 2011. O chefe da diplomacia síria afirmou em seu discurso durante o encontro que Damasco está aberta ao diálogo e o considera a melhor forma de resolver os problemas, desde que baseado no respeito mútuo pela soberania, independência, unidade e integridade e a não interferência em seus assuntos internos. Informações de Prensa Latina.

Partido Comunista de Cuba convoca 2ª Conferência Nacional

A agência Prensa Latina informou que o Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC) decidiu, nesta terça-feira, convocar a Segunda Conferência Nacional do PCC, para analisar a situação econômica, social, política e ideológica do país. No encontro, que acontecerá em outubro próximo, será avaliado, “com senso crítico, objetividade e profundidade analítica, o cumprimento das resoluções do 8º Congresso, bem como a implementação das Ideias, Conceitos e Diretrizes emanadas”, informou o PCC em sua página oficial na Internet. A Conferência examinará questões essenciais para alcançar uma dinâmica partidária superior, tanto interna quanto externamente, incluindo seu funcionamento, a Política de Quadros e o trabalho ideológico, questões estratégicas para o fortalecimento da unidade e da consciência revolucionária diante da guerra não convencional do Estados Unidos, acrescentou o Partido. Durante o processo, será estimulado um amplo debate que envolverá as estruturas do partido, com delegados de todos os setores da sociedade, para enriquecer a Conferência com contribuições e experiências da base, disse o PCC em sua convocação.

Taiwan barrada na OMS: “Tapa na cara dos independentistas, mas também uma humilhação para os EUA”

A 76ª Assembleia Mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS), que começou neste último domingo (21), em Genebra, e vai até o dia 30, consagrou uma importante vitória diplomática da China. Taiwan solicitou a participação na Assembleia como observadora e teve negado o pedido por decisão da maioria dos países presentes que defendem o princípio de uma só China. 140 nações enviaram manifestações neste sentido ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Por oito anos consecutivos (2009-2016) Taiwan foi autorizada a participar como observadora pois aderia ao princípio de uma só China. Com a ascensão ao poder na ilha do Partido Democrata Progressista, de orientação independentista, e o consequente rompimento do governo de Taiwan com o princípio de uma só China, “retirou-se a base que legitimava a participação da ilha”, segundo pronunciamento de autoridades chinesas. No início deste mês, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, emitiu uma declaração apoiando Taiwan como observadora na OMS. Portanto, segundo opina o jornal chinês Global Times, “quando a proposta é rejeitada novamente, não é apenas um tapa na cara do PDP, mas também uma humilhação para os EUA. Isso significa que o objetivo do conluio EUA-Taiwan, de moldar a imagem de Taiwan como um ‘país democrático independente da China’ – falhou”.

Por Wevergton Brito Lima

Encontre os números anteriores da Súmula Internacional na editoria Visão Global

 

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