Súmula Internacional 72 – Gustavo Petro sob fogo cerrado
Leia mais: Papa critica Ocidente e “ilusões do mundo virtual” / Líder comunista de 104 anos participa de piquete nos EUA / Rússia faz grave acusação contra Reino Unido e TPI
Perto de completar um ano de mandato, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, primeiro representante de esquerda a ser eleito para o mais alto posto do executivo colombiano, enfrenta grave crise política. Apesar da vitória conquistada com o acordo de cessar-fogo “bilateral, nacional e temporário (180 dias)” que foi iniciado nesta quinta-feira (3) com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), um grande escândalo abala o governo. O filho de Gustavo Petro, Nicolás Petro, preso desde a semana passada acusado de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, fez um acordo de colaboração com o Ministério Público colombiano e, no âmbito deste acordo, teria declarado que recebeu 400 milhões de pesos (cerca de R$ 500 mil) do traficante Samuel Santander Lopesierra, tendo destinado parte do dinheiro à campanha de Petro. De acordo com a promotoria, Nicolás também admitiu ter recebido outros 400 milhões de pesos de Alfonso Hilsaca, acusado de ligação com grupos paramilitares. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, “em março, a ex-mulher de Nicolás, Daysuris Vásquez, que também foi presa no sábado sob a acusação de lavagem de dinheiro, havia dito à imprensa colombiana que duas pessoas que teriam envolvimento com o tráfico de drogas deram dinheiro ao ex-marido para alimentar a campanha de seu pai à Presidência —segundo ela, Gustavo Petro não tinha conhecimento dessas movimentações financeiras”. O presidente nega qualquer irregularidade e desde a prisão do filho declarou total apoio aos trabalhos de investigação e à independência da justiça. No entanto, a mídia empresarial, a direita e a extrema-direita partem para o ataque cerrado e já existem vozes falando em renúncia ou impeachment. A coalização Pacto Histórico, que elegeu Gustavo Petro, divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota onde expressa seu “apoio irrestrito e solidariedade” ao presidente. Diz a nota que a “causa de sua vida tem sido a luta contra a corrupção, as máfias, a parapolítica e a narcopolítica”, tendo arriscado a própria segurança nesta batalha. O texto, assinado pela Comissão Política do Pacto Histórico e por toda a bancada da coalizão no Congresso, salienta ainda que no processo penal não foi demostrado que o dinheiro supostamente recebido por Nicolás Petro tenha de fato entrado na campanha. A nota faz um chamamento à militância e ao povo em geral para “fortalecer a unidade e a organização” e conclama o governo a dar continuidade às iniciativas do Plano Nacional de Desenvolvimento.
Papa critica Ocidente e “ilusões do mundo virtual”
O Papa Francisco fez várias perguntas ao Ocidente sobre seus esforços para acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia enquanto falava em um evento em Portugal nesta quarta-feira (2). O papa está em Lisboa como parte de uma visita de cinco dias durante a qual participará da Jornada Mundial da Juventude, um encontro global da juventude católica. “Poderíamos perguntar (a Europa): para onde vai, se não oferece ao mundo caminhos de paz, caminhos criativos para acabar com a guerra na Ucrânia e tantos outros conflitos no mundo que causam tanto derramamento de sangue? Pergunto: Ocidente, que rumo você está tomando?“, disse o papa durante um discurso no Centro Cultural de Belém. Já nesta quinta-feira (3), em seu primeiro grande evento na Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco criticou as redes sociais e alertou para os perigos de quem valoriza excessivamente o mundo digital. O pontífice pediu aos fiéis que acompanhavam a missa que não se deixassem enganar pelas “ilusões do mundo virtual”. “Muitas realidades que nos atraem e nos prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam um vazio interior“, declarou o Papa Francisco. Com informações da CNN em espanhol e Folha de S. Paulo.
Líder comunista de 104 anos participa de piquete nos EUA
“Por maior que seja a empresa, nós trabalhadores somos mais fortes quando estamos unidos!”, declarou Beatrice Lumpkin em um comício barulhento e animado em 14 de julho em frente à loja da Starbucks no West Loop de Chicago. Lumpkin, uma veterana membro do Partido Comunista dos Estados Unidos, resumiu sucintamente a sabedoria adquirida desde seu primeiro comício sindical – 90 anos atrás, como ela disse aos jovens grevistas e seus apoiadores. Em seu livro “Always Bring a Crowd (Traga sempre uma multidão)”, Lumpkin relata as lutas de seu marido, o metalúrgico Frank Lumpkin. E fiel ao título, o ícone de 104 anos do movimento trabalhista de Chicago trouxe sua própria multidão para o piquete: membros da “Intergen Alliance” e aposentados metalúrgicos. Os trabalhadores da Starbucks que votaram no início deste ano por 15 a 1 para se sindicalizar fecharam a loja naquele dia em solidariedade a outra Starbucks sindicalizada no subúrbio de Oak Park, onde os apoiadores do sindicato foram demitidos. A barrista Nicole Deming chamou a atenção para a hipocrisia do plano de benefícios da cadeia de café. “Quando uma empresa oferece benefícios com base em horas e depois reduz suas horas, isso não é um benefício.” Deming também pediu salários mais altos – US$ 20 por hora em todo o país e US$ 22,50 em áreas de alto custo de vida, como Chicago. A própria Deming teve que deixar o comício para ir para seu segundo emprego, disse ela, “mas ninguém deveria ter que trabalhar em dois empregos”. Os trabalhadores da loja e seus apoiadores denunciaram ainda a homofobia contra funcionários gays durante o mês do Orgulho Gay. Fonte: Reportagem de Roberta Madeiro publicada no dia 1º/8 no jornal Mundo Popular, do Partido Comunista dos EUA.
Rússia faz grave acusação contra Reino Unido e TPI
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa, Maria Zakharova, denunciou, nesta quinta-feira (3), através de sua conta no Telegram, que o Reino Unido “destruiu a reputação do Tribunal Penal Internacional”. Ironizando, a porta-voz escreveu: “adoro coincidências aleatórias na geopolítica. Elas têm um certo mistério, assim como Agatha Christie”. A principal “coincidência” descrita por Zakharova ocorreu no dia 21 de fevereiro. Neste dia, Ahmad Khan, que estava preso na Inglaterra por pedofilia, foi solto apesar de ter cumprido menos de metade da pena. Ahmad Khan é irmão de Karim Khan, promotor-chefe do TPI, que no dia seguinte à libertação do irmão emitiu uma moção apoiando os mandados de prisão contra Putin e Lvova-Belova, que foram afinal emitidos em março, acusando-os de “deportação ilegal de crianças na Ucrânia”. Segundo Zakharova, Londres também ameaçou parar de financiar o tribunal caso os mandados não fossem expedidos. “Esses juízes são fáceis de comprar (…) As decisões do TPI são um espetáculo barato, inteiramente comprado e pago com dinheiro britânico.”
Por Wevergton Brito Lima
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