Súmula Internacional

Súmula Internacional 8 – Macron e os efeitos benéficos de uma viagem à China

Foto: LUDOVIC MARIN - AFP

Na Súmula Internacional de 31/03 registramos a suspeita de que os líderes europeus, pródigos em discursos ferozes contra a China em declarações públicas, quando em reuniões cara a cara com Xi Jinping deveriam adotar um tom diferente, o mesmo acontecendo com Xi Jinping, que por sua vez seria mais assertivo. O presidente francês, Emmanuel Macron, esteve com Xi Jinping em Pequim durante três dias (do dia 5 ao dia 7 de abril) e voltou da viagem fazendo afirmações um tanto inesperadas. Disse o presidente francês que a lógica do “Bloco contra Bloco” deveria ser rejeitada pela Europa, acrescentando, segundo o site português Diário de Notícias, “que caso a competição entre chineses e norte-americanos acelere, os europeus correm o risco de se tornar ‘vassalos’ dos EUA”. Declarou ainda Macron, desta feita citado pela agência Sputnik News, que a Europa deve reduzir sua dependência dos Estados Unidos e evitar “ser arrastada” para um confronto entre a China e os EUA na questão de Taiwan. Macron enfatizou sua teoria de “autonomia estratégica” da Europa para se tornar uma “terceira superpotência. “O grande risco que a Europa enfrenta é o de se envolver em crises que não são nossas, o que a impede de desenvolver sua autonomia estratégica“, declarou o líder francês.

Razões pragmáticas

Os neoliberais franceses, que têm Macron em alta conta, suspiraram aliviados quando ele retornou da viagem à China. Mais uma semana com Xi Jinping e ele  voltaria falando em “socialismo com características francesas”. Brincadeiras à parte, a influência da China sobre a Europa deve-se principalmente a motivos pragmáticos. Na edição desta segunda-feira (10) do jornal O Globo, o especialista britânico em China, Martin Jacques, diz que “segundo projeções a China responde por quase 19% da economia global e aumentará para entre 20% e 23% até 2050, enquanto a economia americana é pouco mais que 15% e cairá para 12% no mesmo período. E isso justifica a tentativa dos EUA de conter a China e isolá-la. Mas os EUA simplesmente não conseguem fazer isso porque, para a maioria dos países, a economia chinesa é mais importante do que a americana”. A China superou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial da União Europeia (UE) em 2020.

Vazam documentos sigilosos dos EUA

Foto: Flickr-Global Panorama

O jornal The New York Times (NYT), divulgou, nesta quinta (6) e sexta-feira (7), duas levas de documentos sigilosos do governo dos Estados Unidos que vazaram em redes sociais relativos à política externa do país. Os documentos sigilosos da primeira leva – pelo menos um deles com a classificação de “ultrassecreto” – descrevem os planos dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para fortalecer o exército ucraniano. Essas informações foram publicadas em redes sociais na semana passada no Twitter e no Telegram. Para o Washington Post, os documentos revelam até que ponto a CIA conseguiu penetrar no Exército e nos serviços de inteligência militar russos – mas os vazamentos podem ajudar Moscou a identificar e neutralizar os informantes. O Pentágono afirmou que estava “examinando ativamente o assunto” e que havia encaminhado formalmente o caso ao Departamento de Justiça. Os Estados Unidos podem até alegar que os documentos – ou parte deles – são falsificados. Mas tanto o Washington Post, quanto o New York Times afirmam que vários funcionários de alto escalão estadunidenses autentificaram pelo menos alguns dos despachos. Muitos seriam coerentes com os relatórios da CIA World Intelligence Review, que são compartilhados entre as principais autoridades da Casa Branca, do Pentágono e do Departamento de Estado. Outros documentos vazados abordam a situação em Israel. A CIA teria recolhido dados sobre o apoio dado pelo Mossad, o serviço secreto israelense, para os opositores à reforma da Justiça proposta pelo governo de Benjamin Netanyahu. Com informações da Revista Fórum e de Opera Mundi.

China realiza “ataques simulados” contra alvos de Taiwan

O Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular (ELP) realizou durante o fim de semana um conjunto de ataques simulados contra alvos importantes na ilha de Taiwan e suas águas circundantes. Além dos ataques simulados de precisão, as forças do ELP continuam a cercar a ilha para manter “uma situação de dissuasão e repressão”, segundo comunicado divulgado neste domingo pelo comando militar. As operações militares ocorreram depois da líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, ter se encontrado com o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, na quarta-feira (5), durante sua recente viagem. Tsai visitou países da América Central entre 29 de março e 7 de abril, onde foram incluídas paragens de “trânsito” em Nova York e Los Angeles, para obter ganhos políticos como parte de esquemas que buscam a “independência de Taiwan”. O coronel sênior Shi Yi, porta-voz do comando do ELP, disse no sábado que os exercícios aconteceriam de sábado a segunda-feira nas águas e no espaço aéreo do Estreito de Taiwan e ao norte, leste e sul da ilha. O oficial declarou ainda que as operações são um alerta sério para o conluio e provocações dos separatistas e forças externas de “independência de Taiwan”, e uma ação necessária para salvaguardar a soberania e a integridade territorial da China. Informações do site Diário do Povo.

Zelensky se diz otimista com Ucrânia na Otan

Segundo a agência de notícias oficial da Alemanha, DW, o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky declarou, neste domingo (9) que seu país está a caminho do ingresso na Otan. Ele justificou seu otimismo com o fato de a Lituânia, país-membro da União Europeia, ter reconhecido a necessidade de que se convide Kiev a integrar o bloco, durante a conferência de cúpula da Otan a se realizar em julho, na capital Vilnius. Nesta primeira semana de abril, o parlamento do país báltico decidiu empenhar-se pela filiação ucraniana à aliança militar. A Polônia também já assegurou seu apoio a Kiev nessa candidatura. Por sua vez, os governos da Alemanha e dos Estados Unidos manifestaram reservas quanto ao assunto. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também excluiu indiretamente uma filiação ucraniana em tempos de guerra, ao frisar que um pré-requisito seria o país resistir ao conflito como nação democrática independente. Em geral, uma das pré-condições para o ingresso à Otan é o país candidato não estar envolvido em conflitos internacionais nem rivalidades territoriais.

Diário do Povo: Cooperação Brasil China “navega em direção a um futuro brilhante”

O site chinês Diário do Povo, em sua versão em português, publicou uma matéria afirmando que “a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 14 anos consecutivos, e o Brasil é o primeiro país latino-americano a atingir um volume de comércio de mais de US$100 bilhões com a China”. O site cita Wang Cheng’an, sênior-especialista do Centro Chinês de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da Universidade de Economia e Negócios Internacionais, para quem “a China e o Brasil são altamente complementares na cooperação econômica e a demanda chinesa por produtos básicos brasileiros está aumentando”.

Tecnologias de pontas desenvolvidas por Brasil e China ampliará o comércio bilateral

O site Diário do Povo informa ainda que os avanços (no comércio bilateral) vão desde o açaí tornando-se uma venda imperdível na Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês), até a carne bovina do Brasil aparecendo na refeição das famílias chinesas; desde os trens ferroviários “made in china” correndo em São Paulo, até o projeto de transmissão elétrica de Belo Monte iluminando cidades brasileiras; desde o navio cargueiro com café brasileiro esperando por desembaraço aduaneiro, até os brasileiros desfrutando da “velocidade chinesa” de logística expressa. Em janeiro, após uma viagem de mais de um mês, o primeiro navio carregado com milho brasileiro partindo do Porto de Santos para a China chegou ao porto de Mayong, na Província de Guangdong, sul da China. Além do milho, outros produtos agrícolas e pecuários brasileiros, como soja, frango e açúcar, já entraram na vida cotidiana dos chineses. Segundo Wang “no futuro, a industrialização de tecnologias de ponta pela China e pelo Brasil oferecerá um espaço mais amplo para o comércio bilateral. Espera-se que as relações econômicas e comerciais, já estreitas entre os dois países, cheguem a um novo patamar, e a cooperação pragmática de benefício mútuo entre os dois países será certamente um modelo para o desenvolvimento conjunto de grandes países em desenvolvimento”.

Conselho de Direitos Humanos da ONU adota resolução redigida pelo Vietnã

O Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU adotou, no dia 3 de abril, uma resolução proposta e redigida pela República Socialista do Vietnã para comemorar o 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e o 30º aniversário da Declaração e Programa de Ação de Viena (VDPA). A resolução foi assinada por 14 países coautores, entre eles o Brasil, tendo sido aprovada por consenso por 98 Estados.

Partido Comunista Britânico condena como racista lei anti-imigração

Suella Braverman, filha de migrantes indianos, é do Partido Conservador e Secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido. Defende que os migrantes sejam “expulsos para sempre”

O Partido Comunista Britânico (PCB) qualificou de racista o projeto de lei sobre migração ilegal elaborado pelo governo conservador e que está a ser debatido na Câmara dos Comuns. A controversa legislação pretende ser mais uma medida para travar a entrada de migrantes que atravessam o canal da Mancha em pequenas embarcações e tentam chegar à Grã-Bretanha. Entre outras iniciativas adotadas antes, Londres estabeleceu um acordo com Ruanda para enviar ao país migrantes ditos “ilegais”. O coordenador da comissão antirracismo e antifascismo do PCB, Tony Conway, denunciou o governo conservador e a maioria de direita no parlamento, a extrema-direita e os meios de informação corporativos, que usam todas as armas ao seu dispor para “estigmatizar migrantes e requerentes de asilo, em vez de abordar os verdadeiros problemas econômicos e sociais enfrentados pelos trabalhadores e famílias”. O projeto de lei de imigração, apresentado pela secretária do Interior, Suella Braverman, classifica como “criminosas” as pessoas que entram na Grã-Bretanha por “rotas não reconhecidas” e prevê a deportação e “expulsão para sempre” do país. A governante admitiu abertamente que a legislação é considerada ilegal pelas leis nacionais e internacionais sobre direitos humanos. Informações do jornal Avante!.

Por Wevergton Brito Lima

Encontre os números anteriores da Súmula Internacional na editoria Visão Global

 

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