Súmula Internacional 92 – Argentina: Sergio Massa diz que irá “mudar a história”
Leia mais: Israel sempre teve luz verde para massacrar / Equador (de novo) à direita / PCdoB participa do 27º Seminário Internacional do PT do México / 3º Fórum marca 10 anos da Iniciativa “Um cinturão e uma rota” / Venezuela anuncia acordo com oposição e EUA suspendem parte das sanções
O Ministro da Economia da Argentina e candidato da situação, Sergio Massa, prometeu nesta terça-feira (17) que vai “mudar a história” e vencer as eleições presidenciais, cujo primeiro turno será realizado no próximo domingo (22). Massa liderou um evento em comemoração ao Dia da Lealdade peronista na cidade de Avellaneda, província de Buenos Aires. “Estamos mudando a história. Estamos construindo a vitória da União pela Pátria e no domingo, a qualquer custo, isso se tornará realidade“, disse o candidato durante seu discurso, diante de uma multidão de militantes. O candidato da União pela Pátria tem como principal adversário o ultradireitista Javier Milei, primeiro colocado nas eleições primárias de agosto. Na Argentina há dois cenários possíveis para a vitória no primeiro turno: no primeiro, o candidato vence quando obtém 45% dos votos. No segundo, precisa obter 40% dos votos somado a uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo colocado. Num conjunto de 12 pesquisas realizadas até o dia 11 de outubro, Milei aparece à frente em 11 delas. Duas sondagens o colocam com 35,6% e 35,5%, enquanto nas demais, ele oscila entre 34,7% e 33%. Massa aparece tendo entre 26% e 32,2%. Em terceiro, segundo as pesquisas, está Patrícia Bullrich, representante da direita tradicional, com índices entre 21,8% e 28,9%. Uma pesquisa mais recente, feita de 10 a 13 de outubro e divulgada pela Atlas Intel, diverge da maioria das demais e aponta Massa na frente com 30,9% ante 26,5% de Milei. De qualquer maneira, tudo indica para uma disputa acirrada e mesmo Patrícia Bullrich alimenta esperanças de ir ao segundo turno, marcado para 19 de novembro, no lugar de Massa ou Milei.
Israel sempre teve luz verde para massacrar
O jornal comunista português Avante! publicou, nesta quinta-feira (19), um contundente artigo de Jorge Cadima, sobre o massacre sionista na Palestina, intitulado “Terror”. Leia a íntegra: A chacina da população de Gaza pelas forças armadas de Israel é terrorismo. Castigos coletivos sobre populações civis são crime de guerra. Centenas de crianças mortas e bairros inteiros destruídos pelos bombardeamentos é terrorismo. Exigir a partida da população de Gaza é, como afirma a Relatora da ONU para os Direitos Humanos (14.10.23), uma limpeza étnica. Israel alega que combate o terror. Mas o terror israelita é a história trágica do povo palestino desde há 75 anos, de Deir Yassin a Gaza. Durante quase dois anos (março 2018 a dezembro 2019) centenas de milhares de palestinos de Gaza manifestaram-se de forma pacífica, na Grande Marcha do Retorno, junto à fronteira com Israel. 230 palestinos desarmados foram assassinados à distância pelas balas dos militares israelitas. 33.000 ficaram feridos. Nenhum israelita morreu. Uma Resolução da Assembleia Geral da ONU condenou o uso da força israelita (13.6.18). Mas ela prosseguiu durante mais de um ano. Os dirigentes das potências imperialistas não choraram, não sancionaram, não hastearam bandeiras da Palestina nos seus edifícios públicos. É esse o problema. Israel teve sempre luz verde para massacrar, para fazer as guerras, para violar sistematicamente as resoluções sem conta da ONU. Que ironicamente foi a entidade que lhe deu vida, em 1947.
Israel sempre teve luz verde para massacrar II
Nem só os palestinos foram vítimas do terrorismo sionista. Em 1995, o segundo dos Acordos de Oslo entre Israel e a OLP foi assinado, sob a égide dos EUA. O acordo não era bom para os palestinos, pois não resolvia a questão de fundo da criação do seu tão prometido Estado. Mas o mundo vivia sob uma quase hegemonia dos EUA, o grande padrinho de Israel. Cinco semanas depois (4 novembro 1995), o primeiro-ministro de Israel que assinara os acordos, Yitzhak Rabin, foi assassinado em Israel. Não por um terrorista extremista palestino, mas por um terrorista extremista israelita. Que emergiu do caldo de cultura alimentado por, e que alimentou, Netanyahu e os setores sionistas mais fascizantes que estão hoje no governo de Israel. O outro signatário de Oslo, Arafat, esteve cercado no Palácio Presidencial durante a maior parte de 2002, quando em Israel era primeiro-ministro Ariel Sharon, que em 1982 abrira as portas ao massacre de muitas centenas de refugiados palestinos em Sabra e Chatila, no Líbano. Arafat saiu da Muqata para França, onde viria a morrer em 2004. Nunca houve diagnóstico oficial da causa da morte, mas a suspeita de envenenamento é generalizada. O que é documentalmente comprovável é que o Governo de Israel, no seu comunicado oficial do dia 14 de setembro de 2003 afirmou que “o gabinete de segurança decidiu em linha de princípio, que serão tomadas medidas para remover Arafat”. Para que não restassem dúvidas, no dia seguinte o vice-primeiro-ministro Olmert declarou que “assassinar Arafat é seguramente uma opção” (CBS, 15.9.03). Arafat era o homem que fez acordos com Israel e que fora eleito Presidente em janeiro de 1996 por 88% do povo palestiniano. Para Israel, qualquer palestino que não se renda é um terrorista. Já foi assim com Cabral, Neto, Mandela e tantos outros. A luz verde ao terror israelita dada pela Presidente da Comissão Europeia da UE é uma vergonha. Mas esclarecedora. As proibições de manifestações de apoio à Palestina em França, Alemanha e noutros países falam por si. Uma coisa é certa: o povo palestino será livre. Por Jorge Cadima, publicado pelo jornal Avante!
Equador (de novo) à direita
O dirigente comunista italiano, Marco Consolo, do Partido da Refundação Comunista, foi observador internacional convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral do Equador para acompanhar as eleições presidências que no último domingo (15) consagraram a vitória do direitista Daniel Noboa sobre a candidata da esquerda, Luisa Gonzalez. Direto de Quito, Marco Consolo publicou, em seu blog, uma avaliação da nova vitória da direita no Equador. Consolo ressalta que “Daniel Noboa é um membro de uma família milionária, enviado para estudar nos Estados Unidos, com formação em administração de empresas pela Universidade de Nova York e atualmente é um empresário acusado de evasão fiscal. Seu pai, Álvaro, o homem mais rico do país, perdeu em cinco eleições presidenciais. Portanto, ele é um típico representante do establishment, uma das alternativas que as elites dos países da região sempre têm à disposição. A vitória de Noboa contou com a contribuição de sua esposa, Angela Lavinia Albonesi, de ascendência italiana, influenciadora com grande experiência em redes digitais (…) O novo presidente foi a ‘terceira via’ em um país polarizado entre o “correismo” e a direita tradicional, passando de um candidato marginal antes do primeiro turno para um candidato a ser levado a sério. Aos 35 anos, será o presidente mais jovem da América Latina. Noboa conseguiu emplacar a narrativa da ‘mudança’ e de um projeto que, segundo suas palavras, é ‘jovem e novo’, embora haja pouca novidade real. Como ocorreu em circunstâncias semelhantes em outros países da região, o novo parece muito com o antigo continuísmo neoliberal”. Leia a íntegra da interessante análise de Marco Consolo, neste link.
PCdoB participa do 27º Seminário Internacional do PT do México
De 5 a 7 de outubro ocorreu o 27º Seminário Internacional do Partido do Trabalho do México, “Os Partidos e uma nova sociedade”, na Cidade do México. O Seminário do PT do México é um dos mais importantes eventos multilaterais da esquerda no mundo e reúne anualmente cerca de 100 partidos de todos os continentes, que têm em comum o ideário progressista, o antineoliberalismo e o anti-imperialismo. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) participa do Seminário desde a sua primeira edição e este ano foi representado por Ana Prestes, Secretária de Relações Internacionais do Comitê Central, e por Ricardo Abreu Alemão, membro do CC e Diretor de Estudos e Cooperação Internacional da Fundação Maurício Grabois. Acima, assista ao vídeo com a intervenção de Ana Prestes e baixe aqui a íntegra da contribuição do PCdoB ao 27º Seminário (em espanhol).
3º Fórum marca 10 anos da Iniciativa “Um cinturão e uma rota”
Nos dias 17 e 18 (terça e quarta-feira) realizou-se em Pequim, capital chinesa, o 3º Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional, que marcou os 10 anos do lançamento do que também é chamada de Iniciativa “Um Cinturão e uma Rota” ou Nova Rota da Seda. Foi um evento grandioso que reuniu cerca de 140 países e projetou os próximos dez anos da plataforma, que tem como meta “construir um futuro compartilhado por toda a humanidade”, sendo o desenvolvimento o principal eixo. O presidente da República Popular da China, Xi Jinping, também secretário-geral do Partido Comunista da China, idealizador da iniciativa, fez um balanço positivo sobre os últimos dez anos: “Esta iniciativa, inspirada na antiga Rota da Seda e centrada na melhora da conectividade, tem como aspiração original fomentar a conectividade na política, infraestrutura, comércio, financiamento, de povo a povo com todos os países (….) A cooperação do Cinturão e Rota estendeu-se do continente euroasiático à África, à América Latina e ao Caribe. Mais de 150 países e mais de 30 organizações internacionais assinaram documentos para a construção conjunta do Cinturão e Rota. Realizamos três Fóruns do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional e criamos mais de 20 plataformas de cooperação multilateral especializadas no âmbito desta iniciativa”. José Reinaldo Carvalho, membro da Comissão Política do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), escreveu um artigo sobre o 3º Fórum, onde cita os planos para o futuro da inciativa, anunciados por Xi Jinping. Clique aqui e leia a íntegra.
Venezuela anuncia acordo com oposição e EUA suspendem parte das sanções
O governo da Venezuela e a Plataforma Unitária Democrática (PUD – que reúne os partidos da oposição de direita) assinaram, nesta terça-feira, acordos parciais que estabelecem garantias eleitorais para a eleição presidencial que ocorrerá na segunda metade de 2024. Cada parte pode escolher um candidato de acordo com suas regras internas, diz o acordo, alcançado dias antes da oposição realizar suas primárias em 22 de outubro. A reunião de terça-feira, realizada na ilha caribenha de Barbados, foi a primeira em 11 meses entre as partes. As conversas continuarão em uma data ainda a ser determinada. Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento e chefe da delegação governamental, advertiu que as inabilitações impostas a políticos para exercer cargos públicos não seriam suspensas em vista das eleições presidenciais de 2024. “Se você recebeu uma inabilitação administrativa pelo órgão competente (…) então também não pode ser candidato“, disse Rodríguez, após a assinatura dos acordos. Ele destacou que os direitos estabelecidos no acordo estão condicionados pela lei de processos eleitorais e pela lei de controle e outras disposições. Por sua vez, a delegação da oposição considerou que o documento assinado representa “um caminho” para que os partidos políticos e os candidatos inabilitados “recuperem rapidamente seus direitos“. Tudo indica que as primárias da oposição, no próximo domingo, indicarão a ex-deputada María Corina Machado, que está impedida de se inscrever nas eleições de 2024 o que deve representar novo ponto de tensão. De qualquer forma, o governo bolivariano anunciou a libertação de quatro presos ligados à oposição, entre eles o ex-deputado venezuelano Juan Requesens e o jornalista Roland Carreño, assessor do desmoralizado “autoproclamado” Juan Guaidó. Em função dos acordos alcançados, o governo dos Estados Unidos suspendeu por seis meses as sanções ao petróleo, gás e ouro venezuelanos, impostas em 2019.
“Eles criam desolação e chamam isso de paz”.
Tácito, Século II, referindo-se ao imperialismo romano na Britânia, mas lembra o tipo de paz defendida pelo presidente estadunidense, Joe Biden, em seu discurso nesta quinta-feira (19).
Por Wevergton Brito Lima
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