Comunistas italianos propõem frente unitária contra governo
O PCI considera o novo governo “expressão direta do capitalismo e da grande finança, italiana e europeia”. Os comunistas apelam à construção de uma ampla frente unitária para combater o aprofundamento das políticas neoliberais.
O Partido Comunista Italiano (PCI) apelou a “uma ampla frente unitária de oposição” ao executivo liderado por Mario Draghi, acusando-o de ser “um governo que é expressão direta do capitalismo e da grande finança, italiana e europeia”. Criticando o apoio parlamentar ao novo governo, o PCI diz que é não um “episódio de conformismo” mas a expressão da “subordinação ao capital financeiro de todos os partidos da governação”.
Para os comunistas italianos, a grande “celebração midiática” de Draghi indica “o investimento central da classe dominante no novo executivo, como instrumento de reorganização do capitalismo italiano e do seu relançamento”. Isto, tanto no plano das relações de classe, a partir do desbloqueamento das demissões, sob pressão patronal, como no plano europeu e internacional, de “forte pendor atlantista”.
O PCI acha importante que, fora e contra o consenso em torno de Draghi, “ganhe forma a mais ampla frente unitária de ação de todas as esquerdas de oposição e de classe, sociais, políticas e sindicais”.
Entendem os comunistas italianos que este é o momento de construir os “Estados Gerais” da oposição de classe. A exigência é a de “fazer frente comum contra o governo, pelos trabalhadores e trabalhadoras; a exigência da unidade de ação das nossas organizações, pondo-se ao serviço da reconstrução de uma oposição de massas, a única capaz de erguer uma barreira e de influenciar as relações de força no novo cenário político”.
Laços com Otan e EUA
Também a Refundação Comunista criticou o novo governo italiano, “um filme já visto”, uma “substancial convergência” entre o centro-direita e o centro-esquerda.
Prevê que Draghi aprofunde as políticas neoliberais, no quadro da União Europeia, e que mantenha “a fidelidade à Otan e a ligação de ferro com os Estados Unidos, em tempos de nova Guerra Fria contra a China e a Rússia”. Considera que “a biografia de Draghi é a do neoliberalismo e da financeirização que edificou esta União Europeia e que caracteriza a atual fase do capitalismo global”. E garante que Draghi “não é um ‘tecnocrata’ puro, mas a expressão da governança da União Europeia”, a expressão da “crise da democracia constitucional que acelera a tendência europeia para a marginalização do parlamento”.
A Refundação Comunista insiste na necessidade de uma grande “mobilização unitária de luta” de toda a esquerda anti-neoliberal e anti-capitalista, para construir na Itália a alternativa de esquerda.
“Europeísta e atlantista”
Mário Draghi, antigo governador do Banco da Itália e do Banco Central Europeu, tomou posse no dia 10/02 como primeiro-ministro da Itália. Foi convidado para o cargo pelo presidente Sergio Mattarella, após a demissão de Giuseppe Conte.
As principais forças políticas parlamentares apoiaram a formação do executivo, que garantiu a confiança da maioria do Senado e da Câmara de Deputados.
Intervindo no parlamento, Draghi definiu a campanha de vacinação contra a COVID-19 e a retoma das atividades escolares como as prioridades imediatas. Falou de questões econômicas, em especial da utilização dos fundos europeus.
Quanto à política externa, foi claro: “Este governo será conscientemente europeísta e atlantista em linha com os compromissos históricos da Itália – União Europeia, Aliança Atlântica, Nações Unidas”, com uma profunda vocação a favor do “multilateralismo eficaz”.
Fonte: Avante!