Confirmado: General Brasileiro será destacado para servir no Exército Sul dos EUA
Comandante do SOUTHCOM dos EUA (Comando Sul) confirma que um general brasileiro irá servir no Exército Sul – uma divisão interna do Comando Sul. O Comando Sul tem como missão, segundo sua página oficial: “apoiar os objetivos de segurança nacional estadunidenses”.
Em audiência no Senado dos EUA em 7/2, o comandante da Marinha dos EUA, Craig Faller, comandante do SOUTHCOM (Comando Sul), declarou: “Mais pra frente, neste ano, o Brasil enviará um major-general para servir como o próximo Vice-Comandante para Interoperabilidade do Exército Sul dos EUA (US Army South, ou Exército dos EUA no Sul)“. De acordo com a página oficial do Exército Sul – uma divisão interna do Comando Sul – a função era exercida por um brigadeiro chileno, Edmundo Villarroel. Na cerimônia de despedida do cargo, em 22 de janeiro, Villarroel anunciou que o próximo no posto seria um oficial brasileiro.
No documento que Faller apresentou ao Senado dos EUA no dia 7 de fevereiro (na Comissão das Forças Armadas), ele falou das seguintes preocupações, de acordo com o site oficial do Comando Sul: “A China tem acelerado a expansão da sua ‘Iniciativa Cinturão e Rota’ num ritmo que um dia pode ultrapassar o da sua expansão no sudeste da Ásia e na África” (explicando que “cinturão” significa vias terrestres e “rota” as marítimas). Também ressaltou “atividades russas na região” como preocupantes (“inclusive seu apoio a regimes autocráticos na Venezuela, Cuba e Nicarágua”), assim como a maior presença do Irã através de meios de comunicação persas em língua espanhola.
O que é o Comando Sul
O Comando Sul é um de 10 comandos unificados de combate no Departamento de Defesa dos EUA, com uma “área de responsabilidade” que inclui 31 países e 16 das chamadas “áreas de soberania especial ou dependências”.
A equipe do Comando Sul é “organizada em diretorias, comandos componentes e Organizações de Cooperação Securitária que representam o Comando Sul na região.” O comando é conjunto e composto por mais de 1.200 militares e civis que representam o Exército, a Marinha, a Força Aérea, os Fuzileiros Navais, a Guarda Costeira e várias outras agências federais, de acordo com sua página oficial. Sua missão é descrita como o avanço de “capacidades de resposta rápida, colaboração de nações parceiras e cooperação regional dentro da nossa Área de Responsabilidade, para apoiar os objetivos de segurança nacional estadunidenses, defender os acessos sul aos Estados Unidos (grifo nosso) e promover segurança e estabilidade regional”, para isso monitorando uma miríade de temas sensíveis no tocante à soberania das nações da região, como evidenciou a aparição de Faller no Senado estadunidense e as “preocupações” plasmadas no plano apresentado por ele.
Ao Senado, Faller abordou o aprofundamento das parcerias com Brasil, Colômbia e Chile, falou da Argentina (co-anfitriã da conferência anual da defesa sul-americana) e do Peru e Equador (com quem os EUA “reiniciaram cooperação securitária”) e dos avanços por parcerias entre as forças armadas. Também mencionou parcerias na América Central e Caribe (El Salvador, Panamá, Honduras, Guatemala, Trinidad e Tobago, Jamaica).
Segundo o site da Embaixada dos EUA no Brasil, Faller está no Brasil para visita de 10 a 13/2 “para discutir cooperação bilateral em segurança” e parcerias na área de defesa. Em 11/2 visitou em Brasília Ernesto Araújo e o tenente-brigadeiro Raul Botelho (Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas), o almirante Ilques Barbosa Júnior (comandante da Marinha) e o tenente-brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez (comandante da FAB) e visitou também o COMAE (Comando de Operações Aeroespaciais). No RJ, de acordo com a agenda, ia se reunir com o novo comandante do Exército general Edson Leal Pujol, visitar a Vila Militar, a base de submarinos de Itaguaí e o navio Atlântico (porta-helicópteros multipropósito). Um tour completo.
Lembrando que em 5/2 o secretário de estado dos EUA Mike Pompeo recebeu Araújo em Washington e o então secretário de Defesa James Mattis visitou o Brasil em agosto de 2018.
Por Moara Crivelente para o i21