Liu Shijin sobre a Guerra Comercial com EUA: “Com a força econômica da China crescendo, as contradições entre os dois países também se agravam”
O subdiretor da comissão econômica do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e ex-vice-presidente do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento do Conselho de Estado, Liu Shijin, disse que uma guerra comercial não resolverá nenhum problema e só gerará como resultado perdas para ambas as partes.
“De uma perspectiva econômica, o argumento de Washington de que as altas às tarifas geram benefícios é completamente falso”, disse o pesquisador em uma entrevista exclusiva à Agência Xinhua.
Liu assinalou ainda que a China e os Estados Unidos representam cerca de 40% da economia mundial e que uma guerra comercial não resolverá nenhum problema. Ao contrário, conduzirá a perdas para ambas as partes e terá um impacto na economia mundial e na globalização econômica.
“A formação e o desenvolvimento das relações comerciais China-EUA têm estado baseados na diferença entre as vantagens comparativas e as vantagens competitivas”, disse Liu, acrescentando que os meios existentes de cooperação econômica, como resultado das condutas comerciais dos produtores e consumidores de ambos os países, são benéficos para as duas partes.
Ele indicou que o Made in China reduziu os custos de produção e os preços dos produtos nos EUA, ajudando a manter os preços estáveis ao consumidor do país e gerar uma ampla gama de benefícios aos consumidores norte-americanos.
“O argumento de que as altas tarifárias só impactam a economia chinesa e não a norte-americana é insustentável”, disse Liu.
Quanto ao uso pelos Estados Unidos das altas das tarifas para escalar as disputas comerciais, Liu prevê uma pressão de curto prazo e influência limitada na economia chinesa.
Em conjunto com os diversos mercados em desenvolvimento, as exportações da China têm se tornado menos dependentes dos Estados Unidos, disse Liu. Os setores de exportação chineses são capazes de enfrentar os choques e desafios das crescentes fricções comerciais.
“Como a força econômica da China segue crescendo, as contradições entre os dois países também se agravam”, disse.
Os EUA estão aproveitando o poder do Estado para frear as companhias chinesas como a Huawei, a fim de reprimir a crescente força tecnológica da China.
Reprimir as companhias chinesas não apenas prejudicará apenas os fornecedores diretos da empresa e outras nas cadeias industriais relevantes, mas também fará com que as companhias americanas saiam perdendo no mercado chinês. Isto danifica os interesses dos consumidores americanos e afeta as companhias americanas de alta tecnologia, que de outra forma poderiam fazer um melhor uso de suas vantagens técnicas, advertiu Liu.
O especialista disse à Xinhua que é normal que a economia chinesa desacelere um pouco. Contanto que a economia se expanda estavelmente, o emprego não será um problema.
Para a China, o mais importante é continuar aprofundando mais a reforma e abertura de seu mercado para fazer frente ao desafio, segundo Liu.
Além disso, pode-se promover novos motores de crescimento, melhorando a eficiência, elevando os ganhos do grupo de renda mais baixa, melhorando o capital humano, atualizando o consumo e a estrutura de manufatura, assim como impulsionando a inovação e o desenvolvimento ecológico.
Fonte: Diário do Povo Online