Visão Global

Manifestações oposicionistas acontecem em várias cidades da Rússia

Manifestações em apoio ao opositor Aleksei Navalny acontecem neste sábado (23) em Moscou e outras grandes cidades por toda a Rússia. As autoridades russas qualificam os protestos de “ações não autorizadas”, pois aglomerações estão proibidas por conta da pandemia, “com as concentrações de pessoas contribuindo para a disseminação do novo coronavírus”, e só podem ser feitas seguindo regras estritas.

No mesmo dia 23, o Secretário-Geral do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), Gennady Zyuganov, declarou: “Os mestres das finanças mundiais decidiram claramente deslocar V. Putin de acordo com o método da ‘revolução colorida’ (…) A posição do Partido Comunista é bem conhecida: substituir os liberais moderados no governo por seus companheiros extremistas não tirará a Rússia da crise, mas apenas agravará a situação. A consequência deste cenário seria a introdução do controle direto da Rússia pelo capital global, mantendo os atributos externos de um Estado”.

A mobilização tem como ponto forte a internet. Fez sucesso nas redes um vídeo divulgado por Navalny onde o opositor acusa o líder da Rússia de ter um palácio luxuoso em Gelendzhik, às margens do Mar Negro, no valor de US$ 1,37 bilhão (cerca de R$ 7,2 bilhões) e que teria sido comprado “com o maior suborno da história”.

Abaixo, reproduzimos as informações da Agência Sputnik News:

Foram realizadas detenções em uma manifestação não autorizada na Praça Pushkin em Moscou, que reuniu cerca de 4.000 pessoas, segundo o Ministério do Interior. Algumas das pessoas carregavam cartazes e escondiam completamente seus rostos com capuzes, cachecóis e máscaras ao mesmo tempo. No local também estava presente um grande número de jornalistas. A mulher do opositor, Yulia Navalnaya, também participou do protesto ilegal e informou em uma rede social que foi temporariamente detida.

Manifestantes se deslocam pelas ruas no centro da capital da Rússia, impedindo o movimento de transportes públicos. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo 39 policiais e uma correspondente da Sputnik. Fotos nas redes sociais mostram pessoas sangrando.

Além disso, estão decorrendo manifestações semelhantes em São Petersburgo, Novossibirsk, Khabarovsk, Vladivostok, Ekaterinburgo e outras cidades.

As autoridades da Rússia têm expressado preocupação com os apelos que soaram na Internet conclamando à participação nos protestos.

O Ministério do Interior da Rússia e a Procuradoria-Geral do país advertiram repetidamente sobre a responsabilidade criminal, tanto dos organizadores quanto dos participantes comuns, dos protestos não planejados em Moscou e outras cidades, considerados como provocações e ameaça à ordem pública, e que serão “imediatamente suprimidos”.

Oposicionista russo

Aleksei Navalny adoeceu a bordo de um voo doméstico russo em 20 de agosto de 2020, tendo sido tratado inicialmente na cidade siberiana de Omsk após o avião realizar uma aterrissagem de emergência. Os médicos locais disseram que ele sofria de um distúrbio metabólico, e que não foram encontrados vestígios de veneno no seu corpo.

Em 22 de agosto, o oposicionista foi levado para tratamento à Alemanha, recebendo alta no hospital Charité de Berlim em 22 de setembro. Países no Ocidente acusaram Moscou de o envenenar com a substância tóxica Novichok, entretanto, não foram entregues à Rússia documentos oficiais sobre os resultados da análise. O ativista não compareceu a tempo ao departamento de liberdade condicional para regressar à Rússia.

No domingo (17), Navalny foi preso em Moscou após regressar de avião desde a Alemanha, sendo acusado de violar condições de pena suspensa de prisão. Aliados do opositor convocaram protestos no sábado (23), depois que ele foi colocado sob custódia de 30 dias.

 

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