Negacionismo e falta de vacinas complicam cenário sanitário na Europa
Vários países da União Europeia (UE) estão passando por um cenário adverso de saúde devido à escassez de vacinas para conter a pandemia de Covid-19, mas também devido à relutância de alguns em serem imunizados.
Na Grécia, os meios de comunicação social denunciam, nesta quinta-feira (4), a recusa em tomar a vacina por parte de milhares de cidadãos que, em certos casos, até negam a utilização de meios de proteção, como máscaras.
“Parei de mandar meu filho à escola porque exigem que ele use máscara bucal e faça exame para detectar a doença”, disse à imprensa daquele país um pai que se opõe às ações de prevenção implementadas pelo governo.
Na nação helênica, as imunizações não são aplicadas a crianças com menos de 12 anos de idade, portanto, nos centros educacionais, os bebês usam máscaras de forma obrigatória e os testes rápidos são realizados duas vezes por semana.
Esse exame procura a presença do coronavírus SARS CoV-2, que causa a doença, em algumas de suas variantes.
Na segunda-feira passada (1/10), a Grécia registrou 5.400 infectados, o maior número desde o início da pandemia, enquanto as autoridades de saúde contabilizaram mais de 16.000 mortes pela doença desde março de 2020.
Observadores apontam que o chamado movimento antivacinas é mais forte no Norte, enquanto menos da metade dos 3,1 milhões de pessoas que vivem naquela área são vacinadas, proporção abaixo da média nacional.
Por outro lado, nos últimos meses, várias manifestações contra as restrições ocorreram em Atenas e Salônica, onde foram registrados confrontos com a política antimotim.
Nesse cenário, Antonios Gardikiotis, professor adjunto de psicologia social e mídia da Universidade Aristóteles de Salônica, destacou que uma sobrecarga de informações sobre a pandemia gera “negatividade”, e as frequentes referências na imprensa a notícias falsas para negá-las podem ter o efeito oposto.
Outras nações como Alemanha, Croácia e Eslovênia registram nesta quinta-feira (4) novos recordes de infecções desde o início da epidemia, enquanto especialistas alertam para um possível colapso do sistema de saúde nas próximas semanas.
A causa da explosão de infecções nessas nações é o baixo nível de vacinação, perto de 50%, segundo autoridades sanitárias.
Associações médicas croatas alertaram sobre o colapso iminente do sistema hospitalar devido à falta de pessoal nas unidades de saúde, onde 1.680 pacientes com a doença permanecem internados, incluindo 219 em estado crítico.
O número real de infectados é certamente maior, já que o percentual de testes positivos é muito alto, mas o maior problema é a capacidade limitada do sistema, disse à imprensa o professor de Medicina Ozren Polasek.
Entretanto, na Eslovénia, país com apenas dois milhões de habitantes, também foi ultrapassado o número máximo de infectados por dia, com 4.511 casos notificados nas últimas 24 horas e 735 doentes internados em hospitais; incluindo 169 em terapia intensiva, além de nove mortes.
O Ministério da Saúde daquele país expressou temor de um possível colapso do sistema por falta de pessoal especializado.
As organizações de saúde da UE alertaram várias vezes para a distribuição desigual de vacinas, fato que juntamente com a escassez de médicos, a relutância em alguns casos à vacinação e mesmo a fraca aplicação de testes rápidos para detectar a doença, complicam o panorama da saúde no região.
Fonte: Prensa Latina