O que está por detrás das “tarifas retaliatórias” da China?
A China decidiu impor tarifas de 25%, 20% e 10% em determinados produtos dos EUA, com início a 1º de junho, segundo anunciou a Comissão de Tarifas Alfandegárias ao Conselho de Estado em um comunicado emitido na segunda-feira (14).
As tarifas terão como alvo bens estadunidenses no valor de 60 bilhões de dólares, segundo o comunicado, acrescentando que os produtos abaixo do limite tarifário de 5% não seriam afetados por esta ronda taxativa.
A parte chinesa desde há muito reconheceu que a introdução de tarifas por parte dos EUA é, de fato, uma espécie de estratégia de apostas. Trata-se de uma medida contrária à tendência corrente, contrária à opinião pública, e que, no final, será em vão.
“A China opõe-se à cobrança de mais tarifas, as quais não podem ajudar a resolver a questão comercial ou beneficiar ambas as partes ou mundo”, disse Liu He, vice-primeiro-ministro chinês e líder da delegação chinesa participante nas negociações com os EUA, após a mais recente ronda de consultas realizada em Washington. Ele expressou também confiança na capacidade da economia chinesa resistir à pressão imposta pelas tensões comerciais.
“A posição chinesa tem sido sempre clara e consistente, ou seja, oposição firme a tarifas unilaterais adicionais”, disse Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio da China. “Não existem vencedores em uma guerra comercial. Tal não é condizente com os interesses de ambas as partes ou do mundo”, destacou Gao.
A China não pretende uma guerra comercial, mas não teme uma, de acordo com um comunicado emitido pela embaixada chinesa nos EUA.
Em um editorial publicado a 10 de maio, após Washington ter decretado o aumento de tarifas em 200 bilhões de dólares em produtos chineses, o New York Times qualificou as tarifas como “um novo imposto para os americanos”, dado que as tarifas extra irão, ao fim e ao cabo, ser pagas pelo tecido empresarial americano ou pelos consumidores do país.
Larry Kudlow, líder do Conselho Econômico Nacional dos EUA, admite que os EUA irão sofrer com as tarifas, durante uma entrevista a 13 de maio, contradizendo os argumentos do presidente Trump, que defende que as tarifas representam uma receita multibilionária de sentido único da China para o tesouro americano.
Jon Taylor, um professor de ciência política da Universidade de St.Thomas em Houston, afirma que a atitude chinesa para com a implementação de tarifas significa que a China não irá tolerar nada que não se traduza na equidade na relação negocial.
O único caminho a seguir, considera Taylor, é a cooperação e a consulta com base no respeito pelas preocupações essenciais de ambas as partes.
Davie Stephens, presidente da Associação de Soja Americana, disse em um comunicado que os produtores de soja americanos se encontram na mira das medidas retaliatórias chinesas, e que uma batalha prolongada será ainda mais danosa.
As ações americanas registraram uma queda na segunda-feira, em meio às tensões comerciais EUA-China, com o Dow Jones a cair em 700 pontos, o S&P 500 com quedas de 2,72% e o Nasdaq com 3,53, respetivamente.
O índice S&P 500 sofreu a maior queda desde 3 de janeiro às 11:38, hora de Nova Iorque, a Boeing registrava perdas de 3,7%, a Caterpillar Inc. 4,8% e a Apple 5,1%, respetivamente.
Fonte: Diário do Povo Online