Visão Global

Pedro Castillo destituído, Dina Bolouarte assume presidência

A República do Peru viveu nesta quarta-feira (7) momentos culminantes de uma grave crise política que se arrasta há anos. Na parte da manhã o presidente Pedro Castillo anunciou a dissolução do parlamento, que ignorou o decreto presidencial e votou pela vacância do cargo, afastando Castillo em votação que já estava prevista anteriormente.

Durante todo o dia, a reação à suposta dissolução do parlamento e à instalação de um governo de emergência, com sucessivas renúncias de ministros e declarações enfurecidas de autoridades, relevaram um Pedro Castillo isolado.

Logo após a votação da moção que retirou Castillo da presidência, ele foi preso. Assumiu o mandato presidencial a vice-presidenta Dina Boluarte, primeira mulher a exercer o cargo. O mandato da nova mandatária vai até 2026.

Desde que assumiu, em julho de 2021, Pedro Castillo, eleito pelo partido de esquerda Patria Libre, ficou sob constante assédio do parlamento dominado pela direita.

Sem jamais conseguir estancar a crise política, Pedro Castillo acumulou índice de rejeição de 70%, enquanto o parlamento é rejeitado por 86%.

Para o Partido Comunista do Peru – “Patria Roja”, a raiz da crise política está “nas bases do ultrapassado modelo institucional neoliberal” e a solução passa por novas eleições com a realização de um referendo constitucional. O PCP-PR considera que a tentativa de dissolução do Congresso foi uma manobra “irresponsável, provocativa, isolada dos setores populares” e qualifica o governo Castillo como “continuísta, medíocre e corrupto (que) não fez mais do que fortalecer as forças reacionárias e conservadoras que se instalaram no Congresso da República e nas instituições judiciais“. (leia a íntegra da nota ao final da matéria)

Já o Partido Comunista Peruano, que havia convocado para esta quarta-feira uma marcha intitulada “Em Defesa da Democracia – O Golpe não Passará!” (em função da votação da vacância no Congresso), denunciou que a crise política vivida pelo país desde 2017 se agudizou com a vitória de Pedro Castillo no segundo turno de 2021 “devido a sua origem de classe, seu programa de governo identificado com os interesses dos trabalhadores, assim como os agricultores e setores vulneráveis, derrotando as forças fascistas da ultradireita empenhadas em capturar a presidência da república“. Os comunistas do PCP, no entanto, dizem que a dissolução do Congresso tentada por Pedro Castillo era inconstitucional e “golpe de estado”, o que abriu caminho para seu afastamento “facilitando uma vitória tática da ultradireita“. O PCP cobra da nova presidenta compromisso com o “programa de mudanças” da chapa pela qual foi eleita e diz que seguirá a mobilização por uma nova Constituição (depois da nota do “Patria Roja” veja a nota do PCP, em espanhol).

Matéria atualizada às 18hs do dia 08/12 com a publicação do posicionamento do Partido Comunista Peruano.

Nota do PC do Peru – “Patria Roja”:           

Novas eleições com referendo constitucional

O ex-presidente da República, Pedro Castillo, em medida irresponsável, provocativa, isolada dos setores populares, declarou ilegal e oportunisticamente o fechamento do Congresso. O Parlamento procedeu à sua vacância e caberá à vice-presidente, Dina Boluarte, assumir o cargo.

O breve governo continuísta, medíocre e corrupto de Castillo não fez mais do que fortalecer as forças reacionárias e conservadoras que se instalaram no Congresso da República e nas instituições judiciais.

Rejeitamos as tentativas de golpe de ambos os lados, ambos amplamente deslegitimados perante o povo.

A raiz da crise é mais profunda, está nas bases do ultrapassado modelo institucional neoliberal. Perante isto, e perante qualquer saída autoritária, propomos a convocação imediata de eleições gerais e a organização de um referendo para convocar uma Assembleia Constituinte.

A direção do Partido declara-se em permanente reunião e comunicação constante com as estruturas partidárias.

Quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Bureau Político do Comitê Central

 

 

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