Portugal: Marcelo Rebelo reeleito Presidente da República
Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo centro político, foi reeleito presidente da República Portuguesa em primeiro turno, com 60,7% dos votos válidos. A segunda candidatura mais votada foi a de Ana Gomes (PS – 12,97%), seguindo-se André Ventura (Chega – 11,9%), João Ferreira (PCP – 4,32%), Marisa Matias (Bloco de Esquerda – 3,95%), Tiago Mayan (Iniciativa Liberal – 3,22%) e Vitorino Silva (RIR – Reagir, Incluir, Reciclar – 2,94%).
Em comparação com as eleições anteriores, Marcelo Rebelo de Sousa cresceu percentualmente quase tanto quanto a descida de Marisa Matias que em 2016 havia alcançado 10,1% dos votos válidos. Quanto a João Ferreira, a sua votação foi, em percentagem, ligeiramente superior à que a candidatura comunista obteve em 2016, o que deita por terra a tese de que o crescimento do candidato da extrema-direita (André Ventura) se teria feito à custa dos comunistas.
Para a reeleição do atual Presidente da República certamente contribuiu o tratamento enviesado por parte da comunicação social, que ao longo do tempo veio colocando o candidato numa espécie de primeira divisão, em detrimento de quase todos os restantes. A mesma comunicação social que, de forma desproporcionada e sensacionalista, colocou outras candidaturas com resultados que, afinal, não se vieram a confirmar.
Num contexto em que grande parte da campanha, em virtude das restrições impostas pelo surto da Covid-19, chegou aos portugueses através da mídia, o impacto do tratamento dado às eleições, aliado a problemas reais que cresceram nos tempos mais recentes, teve consequências nos resultados apurados.
As questões centrais que estavam em disputa foram secundarizadas, tendo prevalecido, além da apologia do medo, o realce do acessório e do sensacionalismo, e a simplificação de problemas que têm na sua gênese opções políticas erradas ao longo das últimas décadas. Os resultados destas eleições, que certamente serão esmiuçados nos próximos tempos, não podem deixar de considerar estas variáveis.
Fonte: abrilabril.pt