Venezuela pede ajuda à ONU para acabar com conflito na fronteira com Colômbia
Em duas semanas, 17 pessoas morreram e mais de 3,5 mil foram desalojadas.
Por Michele de Mello
A Venezuela enviou uma carta ao secretário geral da Organização das Nações Unidas, ao encarregado de negócios no país e ao presidente do Conselho de Segurança pedindo que o organismo intervenha no conflito armado na fronteira com a Colômbia.
Desde o dia 20 de março, a Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) enfrenta uma invasão de grupos armados irregulares colombianos no estado de Apure, ao sul do território venezuelano.
Até o momento, o confronto gerou 17 mortos (nove colombianos e oito militares venezuelanos), 39 feridos e 33 processados por um tribunal militar venezuelano.
Além disso, segundo o ministério de Relações Exteriores da Colômbia e autoridades venezuelanas cerca de 3,5 mil venezuelanos foram obrigados a cruzar o rio Arauca.
Desde o último domingo (4), a Fanb dispõe de barcos humanitários para viabilizar o retorno das famílias que estão albergadas no município de Araquita (Colômbia) para La Victoria (Venezuela).
O prefeito do município fronteiriço venezuelano, José Romero, afirma que autoridades colombianas impedem os cidadãos venezuelanos de deixar os abrigos, sob justificativa de que devem cumprir quarentena.
“É contraditório como começam a criar meios para manter a população em Arauquita. Esperamos que as pessoas não se deixem ser usadas para esse show midiático, comandando pelo governo de Iván Duque“, declarou.
Planos conjuntos
“Colômbia decidiu retomar a guerra”, declarou o embaixador venezuelano Samuel Moncada em carta dirigida a António Guterres, secretário geral do organismo.
O confronto teria sido provocado por dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP): a frente de combate 10 e o grupo a mando de “Gentil Duarte” seriam os dois grupos que medem forças para controlar a zona do departamento de Arauca, que compartilha fronteira com o estado venezuelano de Apure.
Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (5), o vice-presidente de segurança e ministro de Defesa, General Vladimir Padrino López afirmou tratar-se de uma estratégia de guerra terceirizada pela Colômbia.
“Depois que os Acordos de Paz foram rompidos por falta de políticas públicas do governo, houve muitas cisões nos grupos armados colombianos. Não é falta de aptidão. É um interesse de que o conflito permaneça para manter o acesso a recursos e tecnologia militar oferecida pelo imperialismo”, denuncia.
Ainda segundo o ministro, foram descobertos seis acampamentos de grupos irregulares colombianos em território venezuelano, desativadas sete minas e identificadas outras seis minas explosivas.
Em 2013, a Venezuela foi considerada um país livre de minas terrestres pelas Nações Unidas. Do outro lado da fronteira, a situação é bem distinta. Entre janeiro e março deste ano, 104 colombianos foram vítimas de minas explosivas, segundo relatório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Desde a semana passada, os venezuelanos pedem ajuda das Nações Unidas para desarmar as minas terrestres.
Do lado colombiano, o presidente Iván Duque assegurou que enviaria 2 mil soldados para reforçar a presença oficial na fronteira. Segundo a Fanb, o exército colombiano protege os paramilitares que conseguem fugir da Venezuela.
O presidente Nicolás Maduro, quem também é o comandante-chefe das Forças Armadas, ordenou a criação de uma zona operativa especial temporária para a qual serão enviadas 94 tropas especiais de todo o país. “Estou seguro de que vamos ganhar essa batalha em todas as frentes“, afirmou Padrino López.
Também foram determinadas restrições à mobilidade e toque de recolher em outros três municípios da região do alto Apure: Paez, Romulo Gallegos e Muñoz.
Fonte: Brasil de Fato