Solidariedade

Amor em tempo de pandemias

Crianças cubanas aprendem a se prevenir da Covid-19.

O jornal Folha de S. Paulo publicou, nesta segunda-feira (21), um artigo de opinião do Cônsul Geral de Cuba, Pedro Monzón, onde o diplomata defende o reforço da solidariedade entre os povos para enfrentar os desafios que ameaçam a humanidade, como a pandemia de Covid-19. Monzón citou o exemplo da Brigada de saúde Henry Reeve, que ao longo dos últimos 15 anos vem atendendo a milhares de pessoas, em geral pobres, ao redor do mundo, em emergências humanitárias, e graças a esta atuação a Brigada foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz 2021, campanha movida por centenas de personalidades, partidos e entidades da sociedade civil de inúmeros países. Leia, abaixo, a íntegra do texto.

Solidariedade entre os povos poderá salvar a nossa espécie de calamidades

Por Pedro Monzón, Cônsul-geral de Cuba em São Paulo

Amor solidário entre pessoas e países é o único remédio efetivo contra a Covid-19 —e também contra outras pandemias que nos ameaçam permanentemente, como as guerras, a miséria, o consumismo em excesso e as mudanças climáticas, que derretem polos e tragam territórios, provocando destruição gradual de espécies e de nossa sublime natureza.

A solidariedade, em cumplicidade inevitável com a razão, é a única garantia de sobrevivência humana em um estado de paz e felicidade plena. Deveríamos estar convencidos de que, mesmo conscientes de que o mercado e a geopolítica são parte inevitável da nossa realidade, essa quimera há de ser o motor da busca permanente de toda ação humana em qualquer terreno, sem a interferência prejudicial de ideologias e políticas.

Hoje, a Covid-19, uma agressão microscópica incontrolável, pôs em xeque a nossa espécie. É um alerta ante o qual todos devemos reagir.

Mesmo quando sabemos que sozinhos não somos capazes de deter tais tragédias, nossa pequena ilha do Caribe, apesar das dificuldades econômicas geradas pela combinação do bloqueio e da pandemia, se une a alguns protagonistas sensatos no planeta para fazer tudo o que está ao alcance com seus profissionais de saúde. Durante décadas Cuba auxiliou muitos países, sobretudo do hemisfério Sul e, com o avanço da pandemia, somou a este trabalho mais de 3.700 especialistas no combate de epidemias graves e de doenças derivadas de desastres naturais.

Esses especialistas estiveram presentes em 46 nações e territórios autônomos que, neste momento, incluem países desenvolvidos, como Itália e Andorra. Trata-se das brigadas Henry Reeve, que reúnem no total mais de 7.000 especialistas voluntários, treinados em muitas missões desde a sua criação, em 2005 —que inclui, entre outras, o perigoso combate ao ebola na África.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a OPS (Organização Pan-Americana da Saúde), seguramente com a intenção de unir esforços internacionais e estimular projetos similares, reconheceu a importância desses gestos de Cuba, e a organização mundial InterAcademy Partnership (IAP) criou a IAP Covid-19 Expert Group, com oito especialistas cubanos de um total de 20 membros selecionados.

Seu propósito é enfrentar a pandemia sobre a base de um conceito científico que inclui o estudo de suas consequências sobre a saúde, a sociedade e o ambiente. Reconhece-se que os especialistas da ilha, entre outros talentosos peritos de todo o planeta, podem contribuir muito graças à ampla e intensa experiência no enfrentamento de fenômenos desse tipo —além dos resultados exitosos que obtiveram em seu país no controle nacional da pandemia, devido à aplicação de protocolos integrais e à utilização de medicamentos novos e eficazes que, muito em breve, incluirão uma vacina profilática.

Trata-se de que nos unamos mais, que possamos dar o que cada um de nós for capaz para salvar a nossa espécie das calamidades que agora parecem remotas, mas que contém graves perigos potenciais. A Covid-19 já nos surpreendeu, pegou-nos desprevenidos. Para esse nobre empenho, sempre se pode contar com Cuba!

Fonte: Folha de S. Paulo

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