PCdoB saúda o centenário do Partido Comunista Português (PCP)
Em um caloroso texto, assinado pela presidenta nacional, Luciana Santos e por Walter Sorrentino, vice-presidente e Secretário de Relações Internacionais, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), saudou os 100 anos de fundação do PCP, comemorados no próximo sábado (6). Leia, abaixo, a íntegra da mensagem enviada ao PCP.
Brasília, 03 de março de 2021
Aos camaradas Jerónimo de Souza e Pedro Guerreiro
Estimados camaradas,
O Partido Comunista do Brasil, PCdoB, transmite, a todo o coletivo do Partido Comunista Português, a nossa mais vibrante saudação pelo transcurso dos 100 anos de gloriosa existência de vosso partido.
Os inimigos dos trabalhadores têm, em Portugal, sem dúvida, uma tarefa difícil: encontrar argumentos para desacreditar uma organização que pautou sua história pela constante combatividade e pelo inarredável compromisso com a democracia, a soberania nacional e o socialismo.
O PCP, desde sua fundação, identificou o perigo fascista, ainda nascente. Durante todas as longas décadas de ditadura salazarista, enquanto outras organizações de esquerda se dissolviam e abandonavam a luta, foi o PCP o único partido que, com um ingente sacrifício e incomparável heroísmo, manteve plena atividade e funcionamento, inclusive com a divulgação regular de seu organismo central, o Avante!.
Durante os mais de 40 anos de salazarismo, torrentes intermináveis de calúnias anticomunistas, aliadas a uma brutal repressão, buscavam calar a voz altiva do PCP. Mas o ódio doentio dos fascistas redobrava diante da inquebrantável postura dos comunistas portugueses que, sem recuar um centímetro dos princípios revolucionários, encontravam formas criativas de se ligar às massas, desenvolvendo suas atividades em estreita conexão com a luta concreta dos trabalhadores.
Para os comunistas brasileiros, um aspecto que valorizamos como uma grande contribuição do PCP à causa comunista, foi sua capacidade de compreender, nesta fase histórica, a importância da questão nacional, sem jamais renunciar ao mais ativo internacionalismo, como confirma a resolução do recente 21° Congresso:
“A evolução da situação internacional coloca em evidência a importância da questão nacional e a sua interligação com a questão de classe, confirmando o marco nacional como campo determinante de luta e o exercício e afirmação da soberania nacional como condição para a defesa e conquista de direitos, para promover o desenvolvimento econômico e social, para o avanço de processos transformadores”.
Assim, o PCP, nas duras condições de clandestinidade, ao mesmo tempo em que se afirmava como partido patriótico, lutava ao lado dos povos vítimas do colonialismo português, e não é sem emoção que recordamos o famoso dístico lançado pelo PCP, inspirando-se em Engels: “não pode ser livre um povo que oprime outros povos”. Angola, Moçambique, Goa… é grande a lista de países e regiões que contaram com permanente atividade do PCP em sua luta pela independência.
Desta forma, o PCP foi cada vez mais crescendo na estima dos trabalhadores portugueses e granjeando incontestável autoridade na luta revolucionária internacional.
Quando irrompe o imortal Abril de 1974, do qual o PCP foi um dos principais artífices, o partido já era então uma organização de massa solidamente enraizada no povo e na cultura portuguesa.
Em 1976 surge a Festa do Avante!, realização impressionante que atualmente ainda surpreende pela dimensão e capacidade de organização dos comunistas, com especial destaque para a JCP.
A queda dos países socialistas do Leste Europeu e a dissolução da União Soviética, em fins da década de 1980 e início da década de 1990, impactaram fortemente o movimento comunista internacional, mas o PCP, apesar de também sofrer os efeitos desta hecatombe, manteve firmemente sua identidade comunista e sua vocação revolucionária, não se deixando seduzir pelo canto de sereia de uma burguesia temporariamente vitoriosa, que pregava o “fim da história” e a acomodação ao sistema. Dizia, em 1996, o inesquecível camarada Álvaro Cunhal, a quem o PCdoB teve a honra de recepcionar no Brasil em 1995:
“Combatemos as concepções, campanhas, tendências e teorizações que visam criar a ideia de que o capitalismo é um sistema superior e final, de que a desagregação da URSS mostra o fim de uma utopia e o fracasso e a inviabilidade do socialismo. A realidade é outra. A realidade mundial e a realidade nos países capitalistas está mostrando que o capitalismo, pela sua própria natureza exploradora, opressora e agressiva, não só se mostra incapaz de resolver os mais graves problemas da humanidade como os está a agravar, no quadro das insanáveis contradições que se aprofundam na crise geral do sistema”.
Palavras que a realidade confirmou de forma insofismável. Hoje, quando o PCP, ao realizar seu 21° Congresso, reafirma sua proposta para Portugal, expressa em uma “saída patriótica e de esquerda”, encontramos em realidade o PCP atento ao seu tempo, portador avançado do que é realmente novo no mundo sendo, simultaneamente, um digno herdeiro de todos os heróis e mártires que construíram sua belíssima história.
O Partido Comunista do Brasil e o Partido Comunista Português estão unidos por tradicionais laços de amizade fraterna e mútua solidariedade.
O PCdoB, orgulhoso de poder chamar o PCP de partido irmão, parabeniza o centenário desta imprescindível organização, que desde 6 de março de 1921 espalha por Portugal as sementes do futuro socialista. E as sementes certamente irão brotar, como cravos em Abril!
Viva o PCP!
Viva o Socialismo!
Luciana Santos
Presidenta Nacional do Partido Comunista do Brasil
Walter Sorrentino
Vice-presidente nacional e Secretário de Relações Internacionais